tribuna socialista

quinta-feira, agosto 16, 2007

COERÊNCIAS ...

Caro A.Pacheco, (* o comentário está mais abaixo, nesta posta)

Em Fevereiro de 2005 apelei ao voto PS CONTRA um governo de direita. Nunca tive muitas ilusões com o José Sócrates. Mas confesso que tive algumas com o PS e com os seus militantes que sempre quiseram políticas bem diferentes daquelas que agora o actual governo implementa.

Relativamente ao Bloco de Esquerda, do qual sou militante, não me esquivo de manifestar críticas ao que penso estar errado.

Como é o caso do Acordo para a vereação da CML. E estou em desacordo tendo em conta a actual orientação neo-liberal do PS, tendo em conta as políticas governamentais (António Costa era o nr.2 do governo)e, sobretudo, o facto desse acordo NUNCA ter sido discutido internamente no BE e até ter sido recusado no decurso da última Convenção do Bloco.

No entanto, defendo que a tal alternativa socialista (de que passo a vida a falar !...) precisa do Bloco, como precisa dos militantes socialistas do PS, como precisa até de militantes comunistas e de militantes anarco-sindicalistas e pessoas independentes que não querem a sociedade que o liberalismo/capitalismo nos impõe.

Mas o que a alternativa socialista NÃO PODE SER é uma espécie de resultado aritmético das lógicas parlamentares ou o congeminar das direcções partidárias. Na minha opinião, é possível organizar as pessoas, para além dos partidos (sem se ser contra eles!), na base de um programa com políticas discutidas por elas, alternativas ao liberalismo/capitalismo e a qualquer forma de totalitarismo.A minha coerência não é medida por métrica partidária, mas por posicionamento no quadro de uma militância que sempre foi de esquerda socialista. Admitindo que possa estar agora mais atento e sensível a posições libertárias.

Obrigado pelo seu comentário,

João Freire

* o comentário de A.Pacheco:

Em Fevereiro de 2005 o amigo apelava ao voto no PS , e dizia que o Socrates é que era o tal...Agora até o Bloco não lhe dá garantias, por causa de um acordo , para a Camara de Lisboa.Tão grande reviravolta, denota uma grande coerencia, mas enfim....Para alternativa socialista não está nada mal....

A. Pacheco

10 comentários:

Anónimo disse...

Caro João Freire só uma pequena rectificação , como é que queria que o acordo assinado entre Sá Fernandes e Antonio Costa, que tem como unico objectivo, tentar tirar a cidade de Lisboa do caos em que a direita a deixou, fosse discutido na ultima Convençao do Bloco....

Só se os militantes fossem bruxos e advinhos, é que a convenção realizou-se quase dois meses antes do dito acordo....

Assim e a não ser que a dita fosse uma reedição do filme Regresso ao Futuro, os militantes não iriam discutir algo que ainda nem sequer existia....

Anoto que o amigo se diz apoiante do Bloco, apesar de ter votado Socrates.....

A. Pacheco

João Pedro Freire disse...

Caro A. Pacheco,
O que se discutiu na Convenção do BE (estive lá como delegado!) foi a política de alianças do BE, a nível nacional e nas autarquias. E uma aliança PS/BE, como uma BE/PC, foi sempre RECUSADA!

As eleições para a CML TIRARAM a direita da conduta do executivo da Camara. O que está em causa no acordo PS/BE não é o objectivo de se consolidar a derrota da direita, mas um acordo que é mais PS/Sá Fernandes do que PS/BE, já que a direcção nacional do BE (ex.: a Mesa nacional que reunião em Julho) ficou à margem dessa discussão. Para não falar dos militantes ...

Caro Pacheco,

Por falar em luta contra a direita, foi esse objectivo que me levou a votar PS nas últimas eleições para a AR ...

Neste momento, sou militante do BE, sou membro da Mesa Nacional para a qual fui eleito pela corrente da Esquerda Nova. Continuo militante socialista!!!!

Continue a comentar ... é benvindo!
João Freire

NO CARVÃO (ou talvez não...) disse...

Pois é, a sua alternativa socialista cheira mais a encosto tacitista.Você apela ao voto no PS, diz-se militante do Bloco, vagamente simpatizante libertário...

Convenhamos que a alternativa se apresenta cocha e mal amanhada, devendo haver por aí uma espécie de confusão congénita.

Mas, enfim, você tem direito a ter a alternativa que quiser. Mas não fica nenhum espaço para a coerência!

A. Pinho

João Pedro Freire disse...

Caro A.Pinho,

Obrigado pelo seu comentário.

A "coerência" a que se refere não se mede por questões de cor partidária. Sou socialista "vagamente"(!) libertário lutando ou no PS ou no BE ... primeiro sou socialista, depois sou deste ou daquele partido ... à esquerda, bem entendido!

Neste momento sou assumidamente militante do Bloco de Esquerda. Nele sou socialista e aberto ao diálogo com todos os que, à esquerda, querem uma alternativa de liberdade, de democracia, de socialismo!

Por falar em esquerda, a actual direcção do PS, coloca-o numa área que tem muito pouco a ver com qualquer projecto socialista, tal a conotação neo-liberal das politicas governamentais. "Salvam-se" (!) os milhares de militantes do PS que continuam a ter o socialismo como referência ...

A tal alternativa socialista a que me costumo referir tem sobretudo a ver com uma área que rejeita o neo-liberalismo, rejeita o capitalismo como algo reformável e continua a entender o socialismo como uma alternativa!

Aceito que para quem só se deve saber movimentar nas referências clubistas dos partidos parlamentares, é um pouco dificl perceber o que escrevo!

Mas continue a comentar que é sempre benvindo ...

João Freire

NO CARVÃO (ou talvez não...) disse...

Caro João Freire,

Ao contrário da sua dedução, não me movo, nem nunca movi, nas "referências clubistas dos partidos parlamentares". Bem pelo contrário, a sua "alternativa" é que se move nessa área (PS/BE). E por isso é que, para si, "é um pouco dificl perceber o que escrevo".

Acredito que a alternativa está precisamente num contexto de ruptura com os partidos parlamentares e, mais ainda, na procura de caminhos fora deste regime de democracia formal e burguesa, onde você procura encontrar (ainda!?) a sua "alternativa socialista".

Ou seja, qualquer caminho novo tem de se fazer à margem do formalismo democrático e do suposto "Estado de direito"!

Um Abraço!

A. Pinho

João Pedro Freire disse...

Caro A.Pinho,

Estamos de acordo com o que escreveu "Acredito que a alternativa está precisamente num contexto de ruptura com os partidos parlamentares e, mais ainda, na procura de caminhos fora deste regime de democracia formal e burguesa, onde você procura encontrar (ainda!?) a sua "alternativa socialista"."

Nunca escrevi nem disse que a alternativa socialista é algo que se reduza a uma fórmula "PS/BE". Não sabe, mas fica a saber, que internamente no BE manifestei-me contra o acordo lisboeta entre o PS e o BE.

O que digo é que HÁ um espaço social constituido NÃO SÓ por pessoas que votam com sentido de esquerda no BE, no PS e até no PC que se revêm numa alternativa socialista que rejeita o neo-liberalismo mas também monstruosidades totalitárias, mas também, por pessoas que JÁ NÃO VOTAM mas que continuam a ter voz activa em movimentos que vão surgindo À MARGEM de um sistema político que está, de facto, ESCLEROSADO.

O neo-liberalismo tem-se também encaregado que empurrar para a sua oposição social, trabalhadores, consumidores, contribuintes, ..., que até já votaram ou votam à direita.

O grande DESAFIO é COMO DAR EXPRESSÃO SOB A FORMA DE ALTERNATIVA SOCIAL E POLÍTICA a um sentido de oposição ao neo-liberalismo que tem cada vez mais tanto de expressivo quanto de indefenido.

E nesse desafio está a capacidade de dar um sentido de MUDANÇA SOCIALISTA LIBERTÁRIA e não só um sentido para consumo eleitoral ...

João Freire

NO CARVÃO (ou talvez não...) disse...

Caro João Freire

O problema é este: quando você apela ao voto, ora no PS, ora no BE, está a contribuir para o amealhar de ilusões no formalismo democrático e nas "soluções" sistémicas. Quando o que importa é a construção de uma alternativa de ruptura com o sistema e, já agora, com o regime democrático burguês e capitalista!

Mas isso é uma coisa que você (ainda) não pode perceber. O seu método de análise das contradições sociais irá desenvolver-se (assim o espero) da linha reformista que o domina para a ruptura revolucionária que é necessária. E isso só se processa regeitando a social-democracia de direita e de "esquerda", de que o PS e o BE, respectivamente, são depositários.

A. Pinho

Anónimo disse...

Este PS tem cada vez menos de socialista e muito menos de democrata.

João Pedro Freire disse...

Caro Alte Pinho,

Se quiser e no sentido de abrirmos, ainda mais, este nossa (boa) discussão, sugiro-lhe que me envie para jpmfreire@sapo.pt um texto seu, desenvolvendo as suas últimas ideias, para o publicar como posta no blogue.

Aceita a sugestão?
João Freire

NO CARVÃO (ou talvez não...) disse...

Caro João Freire,

Terei muito gosto. Dê-me só algum tempo, porque as minhas actividades de "escrevinhador" no activo exigem algumas preocupações editoriais nos próximos dias.

Um Abraço!

Alte Pinho