tribuna socialista

domingo, dezembro 02, 2007

A CGTP TAMBÉM TEM TRABALHADORES A RECIBOS VERDES ...

A praga dos falsos recibos verdes também invade o próprio movimento sindical que fala "contra a precariedade" ... a edição de ontem do EXPRESSO dava conta disso numa Escola profissional ligada à CGTP.

O movimento FERVE (Fartos/as d'estes Recibos Verdes) cita a notícia do EXPRESSO: "Dez dos doze professores de um estabelecimento de ensino criado em 1990 por protocolo entre o Ministério da Educação e a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses-Intersindical Nacional (CGTP-IN) têm vínculo precário. "Em casa de ferreiro, espeto de pau" - o comentário é de um funcionário da Escola Profissional Bento de Jesus Caraça em Pedome, uma freguesia do concelho de Vila Nova de Famalicão, e ajusta-se bem à situação laboral da maioria dos trabalhadores daquele estabelecimento de ensino criado na sequência da celebração de um contrato-programa entre o Ministério da Educação e a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses-Intersindical Nacional (CGTP-IN) em 1990. Dez dos doze professores, têm os mesmos deveres que os do quadro mas têm vínculo precário e por isso não têm subsídio de Natal e pagam a Segurança Social do seu bolso. Maria Emília Leite, directora-geral da Escola Profissional Bento de Jesus Caraça, admite que o pólo de Pedome, por "ter estado para fechar há dois anos", é aquele que "merece mais atenção". Esclarece, todavia, que o estabelecimento "respeita integralmente as regras do ensino particular e cooperativo", estando ainda subordinado ao Ministério da Educação e ao PRODEP III, que financiam os cursos. "(In Expresso).

Será que este exemplo é só exclusivo da CGTP ? O que se passará com a UGT ? Ou com o o chamado movimento dos sindicatos "independentes"? E o que se passará no interior dos partidos políticos, quaisquer que eles sejam e onde quer que se situem?

Em causa parece estar um modelo de organização de defesa dos trabalhadores ... com capacidade para organizar manifestações, com capacidade para intervir junto de trabalhadores do sector público, com capacidade para chegar até aos governos ... mas com uma muito reduzida capacidade para intervir junto dos trabalhadores do sector privado e com uma total falta de sensibilidade para chegar até ao crescente número de trabalhadores aprisionados na teia dos falsos recibos verdes.

O que faz o movimento sindical - todo ele! - para organizar e defender os trabalhadores sujeitos aos falsos recibos verdes? O que fazem os partidos representados na Assembleia da Republica? O que faz o Presidente da Republica, o governo e o primeiro-ministro? Será que consideram os recibos verdes, falsos ou não, como uma inevitabilidade dos sacrificios que pedem aos portugueses e/ou uma forma de iludirem estatísticas sobre o desemprego e a criação de postos de trabalho?

Há também o lado do chamado empresariado que se diz "atento" à chamada "inserção social" ... como contratam os trabalhadores nas suas empresas: com contratos e com direitos ou com falsos recibos verdes e totalmente descartáveis?

Este é, sem dúvida, uma das consequências da dita "economia de mercado" em ambiente de globalização liberal, em que os deveres são citados porque favorecem as mais-valias, mas os direitos (de quem trabalha) são considerados um impecilho ao ... progresso neo-liberal!

Para quando a capacidade do movimento sindical organizar uma acção contra a proliferação dos falsos recibos verdes? Ou será que essa capacidade terá de pertencer exclusivamente aos mil-e-um movimentos e grupos que já existem contra essa monstruosidade violenta?

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