tribuna socialista

sábado, maio 05, 2012

DISCUTIR À ESQUERDA NOS MOVIMENTOS SOCIAIS ...

O seguinte texto está incluído na Moção que apresentei à última Convenção Nacional do Bloco de Esquerda. 
É um texto destinado ao debate numa organização partidária. Claro que sim! 


No entanto, tenho, para mim e para a minha luta, que o debate à esquerda interessa para além das fronteiras partidárias. 
À esquerda discutimos ALTERNATIVAS DE SOCIEDADE e o MODO PARA CHEGARMOS LÁ ... ou seja, é uma discussão que interessa a muita gente para além do partido e/ou do grupo. 





O texto que apresentei está, neste momento, como que, digamos, em obras ... porque no plano social, no plano da luta de classes, tudo se sucede a um ritmo que o parlamentarismo ignora, mas que o social tem de incorporar, assimilar para provocar mudança ... a sério!
Provavelmente, como tem acontecido algumas vezes, ficarei a falar sozinho ... até porque não sou mediaticamente conhecido, falta-me apetite (!) para o parlamento cinzentão e bafiento, também não aspiro - e digo-o tão publicamente quanto este facebook permite ... - a ser dirigente de coisíssima nenhuma.
Estou apaixonado, isso mesmo, por um modelo onde vi gente como eu, outros(a) muito mais activistas que eu, a desenvolver no Es.COL.A, da Fontinha, no Porto. 






Sem chefes, sem dirigismos, sem protagonismos (ás vezes, é dificil, também vi ...), em assembleia como deve ser ...
Uma vez defendi que Marx e Bakunine deveriam voltar a sentar-se à mesma mesa para ENFRENTARMOS o século XXI ... é verdade, o Es.COL.A aguçou-me esse apetite, essa vontade! 





Hoje que passa mais um ano sobre o nascimento de Marx, eu, activista, militante de espaços, correntes e vontades, renovo essa vontade por mudanças substantivas e duradouras!
Fica parte de um texto que está a ser aperfeiçoado, melhorado, ...

(...)
2 – O BLOCO DE ESQUERDA COMO INSTRUMENTO POLÍTICO PARA UMA ALTERNATIVA
O Bloco de Esquerda não pode tornar-se um partido igual aos que já existem. No seu seio e na intervenção social e política, o Bloco de Esquerda deve afirmar-se mais como movimento (i.e. organização com estrutura horizontal) e menos como partido (i.e. organização com estrutura vertical, dominada pelo centralismo, pelo dirigismo e pelo hiper-representativismo).
Na linha da sua mensagem fundacional, o Bloco de Esquerda deve privilegiar o social em detrimento do político. Isto é, deve estar nos movimentos sociais (e não só “com”), deve aceitar no seu seio a integração de movimentos e grupos sociais (que aceitem sem condições os seus Estatutos), e, deve partir destas convergências sociais para a afirmação de uma alternativa política de governo.
Nos dias de hoje no plano nacional, a questão da definição de uma alternativa de governo é crucial e inadiável. A esquerda nasce do protesto, mas tem de saber passar à afirmação de alternativas que mobilizem. Daí que não basta ser-se anti-capitalista, é preciso saber acrescentar liberdade, democracia e socialismo!
Uma alternativa democrática e socialista de governo, não deve resultar da negociação entre as direcções partidárias. Em plena crise capitalista, essa alternativa tem de passar pela iniciativa dos movimentos sociais, através de novas formas de organização que expressem a vontade e o sentir desses movimentos. Essas formas de organização não se substituem aos partidos. Mas os partidos também não devem ter qualquer supremacia em relação a todas as formas de organização dos movimentos sociais. Há uma maioria social que rejeita as formas de dominação do capitalismo e qualquer outra forma de dominação totalitária. Essa maioria social, só por si, não tem sujeito político. Embora esse sujeito possa decorrer de formas de organização completamente novas.
Essa maioria social é transversal a todo o espectro partidário português. As consequências sociais da crise têm feito convergir essa transversalidade social numa crítica às políticas neo-liberais identificadas com a crise. Essa critica às políticas da crise, deve ser o ponto de partida para se definir uma alternativa democrática e socialista de governo.
É uma alternativa que precisa, em primeiro lugar, do contributo das bases sociais do PS, do PCP, do Bloco de Esquerda, falando só em partidos com representação parlamentar. Mas que não pode ficar só por aí. Daí a necessidade vital de se ter de perceber muito bem, sem paternalismos, nem esquemas arcaicos, os movimentos sociais, como o da chamada “geração à rasca”.






O Bloco de Esquerda precisa pois de tornar mais horizontal e democrática toda a sua organização. O Bloco de Esquerda precisa de se tornar muito mais permeável aos movimentos sociais. E o primeiro passo é não desconfiar desses movimentos sociais. Um segundo passo, é permitir que qualquer movimento ou grupo social que o queira, possa participar também na vida interna do Bloco de Esquerda.
Deste modo, estaremos a dar passos firmes para uma alternativa de governo, com sentido democrático e socialista, que precisa de todas e de todos que já não suportam os dias de uma economia predadora, que já não suportam uma democracia afunilada e rodando sempre entre os mesmos. (...)"

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