tribuna socialista

sexta-feira, novembro 11, 2005

MANUEL ALEGRE E O ORÇAMENTO DO ESTADO 2006

Manuel Alegre não esteve presente na votação que hoje decorreu na Assembleia da Republica sobre o Orçamento do Estado para 2006. Não esteve, mas declarou que votaria a favor. Falou em "solidariedade" com o grupo parlamentar (do PS) a que pertence.

Na entrevista à TVI, na 2ª Feira passada, não quis dizer o que faria. Agora faltou, mas declarou que votaria a favor.

Este comportamento de Manuel Alegre - que gosta sempre de se refugiar em "questões de consciência", quando parece não ter mais argumentos políticos ... - levanta-nos muitas dúvidas. Porque também manifestámos o nosso apoio a uma candidatura que definimos como potenciadora de transversalidades à esquerda, de pontes para a uma unidade das esquerdas!

Dúvidas quanto à independência de Manuel Alegre face ao governo Sócrates e às suas políticas. Porque, mesmo no plano das políticas financeiras, não existem políticas abstractas. Como se existisse sempre o mesmo "remédio" para se equilibrar as finanças públicas, seja a "receita" avançada pela esquerda, seja a "receita" avançada pela direita.

As políticas económicas e financeiras de Sócrates têm tido um denominador comum: a obsessão pelo deficite a dominar toda a estratégia! Esta obsessão não é melhor que aquela a que assistimos com Durão & Santana & Ferreira Leite & Bagão, só porque agora vem de Sócrates.

Os atingidos pelas consequências sociais dessas políticas e dessa obsessão, são os mesmos. Os mesmos que se manifestam novamente, como já tinham feito num passado recente!

Perante isto, não pode haver "meias-tintas" ou o culto pelas ditas soluções "inevitáveis"!

Manuel Alegre parece não compreender, com a sua declaração de apoio ao OE 2006, que deu hoje um sinal de dependência face ao governo Sócrates. Uma dependência política que, se já fosse Presidente, comprometeria a sua aposta numa Presidência voltada para o social e para o aprofundamento da democracia.

São pertinentes as seguintes questões a Manuel Alegre:
  • Afinal em que se distingue políticamente da candidatura de Mário Soares? Existirá sómente um diferendo pessoal?
  • Como é possível um deputado candidato a Presidente empenhado nas questões sociais, faltar a um momento tão importante como a votação parlamentar de um documento que condicionará todas as políticas económicas e financeiras em 2006 e consequentemente todo o panorama social?
  • O que será que pensa Manuel Alegre do sentido dos apoios que tem recebido das cidadãs e dos cidadãos provenientes dos mais variados sectores das esquerdas?

Os apoios cidadãos a Manuel Alegre candidato não surgem pelas suas declarações ambíguas ou dependentes políticamente da linha oficial do PS e Governo de Sócrates. A simpatia que suscita, advém da sua capacidade de crítica e de independência, enquanto socialista, a políticas que esquecem o social, o aprofundamento da democracia ou que não se libertam da acção dos grupos de interesses instalados e/ou dos lobbies.

Manuel Alegre para continuar a ser uma candidatura de esperança, não pode esquecer a dinâmica política e social que a sua candidatura deve permanente e sem equívocos implementar!

2 comentários:

Arrebenta disse...

Nestas eleições presidenciais, apenas dois candidatos se apresentam no tempo próprio:
Jerónimo e Louçã,
já que apenas lá vão para medir forças, e saber o seu posicionamento numérico, no espectro eleitoral.

Quanto a Cavaco, penetramos imediatamente nas más razões:

Aníbal não passa do duplo derrotado, que não se contentou com o juízo da História.

Fruto desta teimosia, subverteu o normal percurso da sociedade, a quem competiria colocar rostos mais jovens na construção das nossas veredas do Tempo, e tentou empurrar-nos brutalmente na direcção do Passado.

Tudo o resto é mera consequência, o velho Leão Soares que se vê forçado a avançar, para fazer frente a este espantoso ressurgir, e é triste verificar que, em dez anos de percurso político e em trinta anos de restauração de Democracia, o Lugar das Coisas Português não se mostrou capaz de arranjar uma vanguarda político-intelectual que fizesse frente ao ressuscitar do Vampiro.

De entre todos os seus defeitos, tem Soares uma inegável qualidade, ao contrário de Cavaco, acredita na Democracia;
ao contrário de Cavaco,
não foge das adversidades;
ao contrário de Cavaco, não coloca assim o seu eu de cidadão privado octogenário à frente dos deveres cívicos de ter de avançar.

Já teríamos aqui,
então,
algo de profundamente espantoso:
um homem muitas vezes jubilado interna, e externamente,
o Pai Mundial da Democracia Portuguesa,
a ver-se obrigado a vir a campo,
mais uma vez,
por INCOMPETÊNCIA da sociedade civil a quem deu o pontapé de arranque,
fazer frente à maré de indescritíveis revanchismos e obscenas vagas de reescritura da História:

se Cavaco fosse uma "matrioshka", a miniatura do seu mais íntimo âmago não passaria de uma inconfundível efígie de Salazar.

E quando este cenário de desastre já parecia suficiente, eis que surge em cena a Cereja,
o Penetra,
o Convidado Indesejado,
outro que acreditava em que estar no silêncio, e envelhecer, era suficiente para chegar ao topo da pirâmide.
Quando penso em Manuel Alegre, penso em Columbano, e numa mesa de homens etilizados, caídos para o lado,
penso nas facadas da Severa,
penso na voz desengonçada de Natália de Andrade
http://www.homophonecd.com/Natalia.wma
e
acima de tudo,
num indesculpável ressentimento e vaidade,
que tanto o tornam,
à Esquerda,
semelhante ao Homem da Bomba de Boliqueime.

http://great-portuguese-disaster.blogspot.com/

Geosapiens disse...

...essa foi uma parvoice...que o Jerónimo de Sousa falou...e que os órgãos de comunicação social potenciaram...pois a campanha faz-se de outras coisas...um abraço...