tribuna socialista

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

RECORDE NO DESEMPREGO EM PORTUGAL: ECONOMIA DE MERCADO É A CULPADA!...

8% de desempregados "oficiais" em Portugal, está a ser motivo para acusações mútuas entre os partidos do "centrão" e daquilo a que poderiamos chamar "arco parlamentar".

A divulgação da taxa recorde de desemprego é feita num momento em que se assiste a mais um "grande negócio": o da promessa de aquisição da PT pela SONAE!

Esse grande negócio demonstra para patrões e altos dirigentes do PS e do Governo, um sinal de "vitalidade" da economia portuguesa. Enquanto estas entidades se dedicam a especular sobre qual o "real" valor de cada acção (em Bolsa) da PT e da Sonae, o SINTTAV (sindicato dos trabalhadores das telecomunicações) anuncia que a prometida OPA da Sonae pode por em risco 3.500 postos de trabalho na PT!

Este exemplo, exibe o que realmente tem contribuido para o aumento do desemprego em Portugal: a economia de mercado, ou então, uma economia baseada num liberalismo crescente e simultaneamente selvagem!

Para os políticos e os partidos que defendem a chamada "economia de mercado", o que parece contar é o aparecimento de "grandes negócios", de grandes operações em Bolsa, sendo que o desemprego é sempre apresentado como uma "inevitabilidade"!

Já temos dito e mantemos: é incompatível a realização de reformas sociais profundas no quadro de uma economia que aposta na especulação, nas deslocalizações, na desregulamentação, nas privatizações indiscriminadas e no controlo e pressão crescentes dos grandes grupos económico-financeiros sobre o poder político!

Em Fevereiro de 2005, Portugal é dominado por grandes grupos económicos e financeiros que são incrivelmente apaparicados por um governo dito socialista, eleito com maioria absoluta por quem se queria livrar das consequências sociais e políticas das políticas dos anteriores governos de direita.

É sintomático que, no dia em que era divulgada a taxa de desempregados, um dirigente do PS vangloriava-se, em crónica na TSF, com o "dinamismo" da economia portuguesa e aplaudia os "empresários com raça"... É, de facto, sintomático!!

Os governos do "centrão" - PSD e CDS ou PSD ou PS ou PS com qualquer companhia de direita - têm desenvolvido, sem grandes dissemelhanças, políticas que, ano após ano, desvalorizam o factor trabalho na economia e promovem o poder dos grupos económico-financeiros. As consequências destas políticas não são só sociais. São também políticas: tem crescido o afunilamento da participação cidadã, tem aumentado a parlamentarização da democracia. A democracia promovida pelos que definem políticas pró-liberiais é, crescentemente, uma democracia igual aquela que vigora nas empresas privadas: poder de quem manda, mutismo (imposto) de quem só deve trabalhar e produzir por objectivos superiormente definidos! ...

A continuação destas políticas por mais anos, criará inevitavelmente situações sociais explosivas, até porque do lado da economia a crise acentuar-se-á: é impensável pretender que "grandes negócios" especulativos com consequências negativas no desemprego, consigam, ano após ano, assegurar um nível de vida condigno aos que ficarão no desemprego (crescentemente estrutural) ou em situação precária ou atirados para a criação de cafés ou prontos-a-comer de esquina ...

A "economia de mercado" , à semelhança do que já semeou noutras latitudes, está ao rubro em Portugal ...

Sem comentários: