tribuna socialista

sábado, março 22, 2008

O TIBETE E O DIREITO À AUTODETERMINAÇÃO DOS POVOS ... citando Lenine!

Em Janeiro de 1918, a Assembleia Constituinte da então Federação das Republicas Soviéticas aprovava, sob proposta de Lenine, a Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado, na qual se incluia:


"Ao expressar sua determinação inquebrantável de arrancar a humanidade das garras do capital financeiro e do imperialismo, que inundaram a terra de sangue na guerra atual, a mais criminosa de todas, a Assembleia Constituinte se solidariza totalmente com a política aplicada pelo Poder dos Sovietes, consistente em romper os tratados secretos, em organizar a mais extensa confraternização com os operários e camponeses dos exércitos atualmente em guerra e em obter, custe o que custar, por meio de procedimentos revolucionários, uma paz democrática entre os povos, sem anexações nem contribuições, sobre a base da livre autodeterminação das nações."

Também se incluia o seguinte principio:

"A República Soviética da Rússia é organizada, sobre a base da união voluntária de nações livres, como Federação de Repúblicas Soviéticas Nacionais"

É claro que com a imposição das concepções estalinistas, estes principios foram dando lugar a outra visão mais centralista, mais burocrática e mais totalitária. A URSS de Estaline & Brejnev e a China de Mao Zedong nada têm a ver com a Declaração de Lenine a que se faz referência.

O que hoje se passa no Tibete, enquanto nação ocupada pela China, é o resultado das concepções estalinistas sobre o direito à autodeterminação dos povos, impregnada na burocracia dirigente chinesa. Paradoxalmente uma burocracia que procura estar simultâneamente equidistante (!) do estalinismo, do neo-liberalismo e de concepções totalitárias assentes em práticas militaristas e policiais ...

Da parte das chamadas democracias liberais ocidentais verifica-se também um autentico desnorte: uns procuram assobiar para o lado, como se nada estivesse a acontecer, outros reduzem a sua "solidariedade" a declarações (formais) de apoio ao Dalai Lama. No entanto, nenhum governo parece preocupado com a realidade da revolta do povo tibetano: quem representa essa revolta, o que pretendem e será que o chamado "governo tibetano no exílio" representa alguma coisa?

A regular esta confusão dos governos ocidentais, estão os investimentos que grandes interesses fazem nos e para os Jogos Olimpicos de Pequim (Beijing) ... um pouco, segundo os critérios que ditaram a invasão do Iraque ... só que agora, onde se lia "petróleo", deve ler-se "jogos olimpicos"!

Na nossa opinião, a realização dos jogos olimpicos deveria estar estreitamente ligada às condições políticas existentes na China: existem ou não liberdades e democracia política, libertação dos presos políticos, direito de greve, ...

Fica Lenine:
"Em todo o nacionalismo burguês de uma nação oprimida existe um conteúdo
democrático geral dirigido contra a opressão; e é este conteúdo que nós
apoiamos sem restrições"

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