tribuna socialista

sexta-feira, setembro 17, 2010

AÍ ESTÁ ... AS PICARETAS FALANTES DA DIREITA APROVEITAM O "PEC" CUBANO ...

Vasco Pulido Valente
Era de esperar que os comentaristas e trauliteiros da direita vissem, naquilo que acontece em Cuba, uma oportunidade para desenvolverem, ainda mais, o seu discurso anti-socialista e anti-comunista.

Vasco Pulido Valente, na edição de hoje do Público, ocupa o seu espaço de "Opinião" com uma peça intitulada "A morte de Fidel".

Para Pulido Valente, aquilo que ele entende por "socialismo" reduz-se ao que mais lhe convém para criticar e denegrir. O seu "socialismo" é o "fidelismo" e o "chavismo", como poderia ser o "estalinismo", o "marxismo", o que se passa na Coreia do Norte ou na China e tudo o que lhe cheire a "esquerda" ...

Pulido Valente aproveita a ajuda do "PEC" cubano, para atacar as esquerdas portuguesas e o próprio "Estado Social" português (ou o que resta dele, pela acção dos governos do "bloco central" ...). O seu discurso bebe argumentação (!?) no de Passos Coelho e nas suas pretensões para tornar a Constituição Portuguesa num modelo constitucional liberalizante.

Os ímpetos anti-socialistas de Pulido Valente são também alimentados por uma realidade que lhe acaba por dar razão. De facto, como ele escreve, "A entrevista à Atlantic de Fidel Castro não mereceram uma linha aos comentadores de esquerda". É claro que os tais "comentadores de esquerda" existentes na nossa praça bebem muito do discurso oficial das esquerdas parlamentares que continuam muito reféns de referenciais como a "revolução cubana". A Cuba dos nossos dias nada tem a ver com a "revolução cubana", é mais uma réplica da União Soviética do tempo de Estaline e de Brejnev.

A necessidade urgente de uma alternativa socialista internacional, obriga, para o século da globalização capitalista, a uma profunda reflexão sobre o Socialismo. O Socialismo não é "estatização", não é monopartidarismo, não é o reino de polícias políticas, não é uma qualquer aldeia do Astérix cercada pelo resto do Planeta hostil ...

Ideias originais de um socialismo libertário, como a emancipação dos trabalhadores é obra dos próprios trabalhadores, como o socialismo precisa de democracia como o corpo humano precisa de oxigénio, como a liberdade é sobretudo a liberdade de quem pensa de modo diferente, como a socialização e a planificação democrática da economia, precisam de voltar a ser partes integrantes do socialismo como alternativa global ao capitalismo e às suas variantes como o liberalismo e a dita "economia de mercado".

As esquerdas precisam de debater e de saber debater livremente entre si. Precisam de trazer esse debate do e pelo socialismo a todos os trabalhadores e a todos os cidadãos. Dessa forma enterrarão também, de vez, fantasmas e calarão as picaretas falantes da direita.

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