tribuna socialista

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

AINDA A MOÇÃO DE CENSURA !

Para que fique claro, eu defendo a Moção de Censura ao governo Sócrates.



Defendo a Moção de Censura anunciada pelo Bloco de Esquerda, como defenderia qualquer Moção de Censura, no pressuposto que o seu objectivo é devolver a palavra democrática aos Portugueses para a escolha de um novo governo.

A exigência de uma Moção de Censura não advém de jogos de aritmética parlamentar. A sua exigência advém dos inumeros dados objectivos sobre a crise e sobre a vida das pessoas que vão sendo diáriamente divulgados: desemprego, precariedade, cortes nos salários, cortes nas prestações sociais ...

E há factos incontornáveis que reforçam a exigência de uma Moção de Censura: a vida das pessoas não espera pela autorização dos comentadores de serviço para a sua apresentação, a deterioração da vida das pessoas não está dependente do resultado de sondagens à espera que deem luz verde para o governo mais desejado ...

As jogadas parlamentares dos que passam a vida a dizer que são oposição, para depois não o serem quando há oportunidades para isso, contribuem decisivamente para a desacreditação de todo o acto político.

Uma Moção de Censura também não se orienta pela disposição dos chamados mercados. Tal como os mercados também se estão borrfando para os resultados eleitorais, quaisquer que eles sejam ... veja-se como reajiram à eleições presidenciais!

Eu defendo a Moção de Censura do Bloco de Esquerda, como defenderia qualquer outra Moção de Censura que queira devolver a palavra democrática aos portugueses.



Há, no entanto, outras questões a outro nível, a propósito da Moção de Censura do Bloco de Esquerda:

■continua a ser confrangedor a falta de diálogo entre os partidos da esquerda parlamentar;
■a direcção política do Bloco, com o seu "Líder" à cabeça, parece que ignoraram as movimentações sociais que ocorrerão em Março, uma promovida pela CGTP, outra promovida pelos professores e outra pela chamada "geração à rasca";
■a direcção política do Bloco, com o seu Líder à cabeça, voltaram a ignorar a realidade plural interna do BE, não promoveram um debate prévio com todos os aderentes ... tudo como já tinha acontecido com as Presidenciais, com os resultados que se conhecem.
■o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda revelou uma completa azelhice política, anunciando uma Moção de Censura com pressupostos que nunca possibilitariam a obtenção de um consenso parlamentar para a sua aprovação ...

NOTA FINAL: mais uma vez, declaro que escrevo este comentário como militante do Bloco de Esquerda. E faço-o, porque os assuntos que interessam à esquerda não se confinam a espartilhos partidários. Mas também porque, se os dirigentes do Bloco falam à imprensa enquanto tal, porque é que um militante de bas também não o poderá fazer? E mais, o que não é menos importante, há uma liberdade e uma democracia internas que o Bloco adoptou, desde a sua fundação, e que devem ser defendidas com a sua aplicação em casos concretos ...


João Pedro Freire
(militante do Bloco de Esquerda)

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