tribuna socialista

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

A PROPÓSITO DOS DOZE ANOS DO BLOCO DE ESQUERDA ...

Retenham sempre, nunca esqueçam, reforcem sempre essa ideia de um partido que também é movimento e que teve, tem e deveria sempre ter a ousadia de correr por fora ... trazer os movimentos sociais, as lutas sociais, o sentir das pessoas, que são trabalhadores, desempregados, precários, para a agenda que é preciso recuperar: a vontade popular não se esgota, nem é o parlamento, nem os partidos que lá estão!
Relembrem também que o Bloco de Esquerda concretizou como possível a convergência entre percursos diferentes à esquerda. Correntes, partidos, activistas convergiram na base de uma democracia interna que funcionou como motor de unidade. Essa democracia interna, doze anos depois, precisa de ser revigorada com o reconhecimento de novas pluralidades, de mais minorias, de mais correntes identificadas com tendências organizadas, … , afinal não é uma maioria, por mais avassaladora que seja, que é o fundamento do exercício da democracia interna!



O partido-movimento que é o Bloco de Esquerda é plural porque plural é o movimento social. Porque no curso das lutas sociais essa pluralidade consegue convergências decisivas. A pluralidade do Bloco de Esquerda é também o espelho das discussões necessárias, importantes e decisivas para um socialismo como alternativa de democracia, de liberdades e de exercício do poder por uma maioria social capaz de introduzir justiça e equidade nas políticas. Na discussão por uma alternativa ao capitalismo, a pluralidade acrescenta, não diminui, não subtrai!

O tempo que vivemos não é para “vanguardas”. É um tempo em que as respostas sociais e populares ao capitalismo e às injustiças precisam de novas formas de organização, a partir da iniciativa espontânea dos movimentos e das lutas sociais. A espontaneidade é sinónimo de combatividade acrescida, é sinónimo de transversalidades para convergências que ficam! O Bloco de Esquerda, como partido-movimento pode compreender e intervir nos movimentos sociais muito melhor, na quantidade e na qualidade.



Doze anos depois, o Bloco de Esquerda deve enfrentar um desafio decisivo: ter ambição de contribuir de uma forma decisiva para a definição e criação de uma alternativa de poder com sentido democrático, socialista e anti-capitalista. Uma alternativa política para uma maioria social que quer ter protagonismo na definição e execução de novos programas para novas políticas. Como força política e social da esquerda socialista, o Bloco de Esquerda pode e deve criar espaços de discussão para a afirmação dessa alternativa de governo. Uma alternativa que exige capacidade de convergências sociais e políticas em toda a área das esquerdas, mas também conseguindo agregar vontades provenientes de áreas mais à direita, como consequência da presente crise capitalista.



12 anos depois, o Bloco de Esquerda tem ainda um longo caminho a percorrer na busca de novas pluralidades convergentes num socialismo alternativo a todas as formas de totalitarismo e a todas as formas de dominação capitalista!

João Pedro Freire

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