tribuna socialista

sábado, maio 15, 2004

ELEIÇÕES EUROPEIAS: O PS PRECISA DE DEBATE DEMOCRÁTICO, NÃO PRECISA DE UNIDADES FICTÍCIAS!

Parece que alguns dirigentes do Partido Socialista teimam em fazer crer que a "unidade" é mais importante que o debate democrático ou que o debate pode comprometer a unidade dos socialistas e a vitória nas eleições europeias.

Por este andar, só se voltará a discutir problemas concretos, lá para 2006...

O Partido Socialista para demonstrar que tem capacidade para vencer eleições e é a base vital de uma alternativa de esquerda à direita, tem de demonstrar que sabe e pode intervir nos mais variados problemas independentemente da conjuntura, da origem e das consequências que esses problemas levantam.

O Partido Socialista não pode passar ao lado, como se nada estivesse a acontecer, das suspeitas de irregularidades/corrupção ao nível autarquico. E tem de assumir claramente uma posição independentemente de existirem entre os visados, militantes e dirigentes seus. E os primeiros a terem o direito de saber qual a posição do PS, são, uma vez mais, os militantes socialistas.

As eleições europeias não podem ser assumidas como uma espécie de guerra na qual o PS é uma espécie de exército sujeito a uma disciplina militar que identifica o debate como um sinónimo de enfraquecimento perante o inimigo...

O que tem vindo a acontecer de suspeitas sobre irregularidades graves ao nível da gestão camarária, merece que se organize um debate no seio do PS sobre o modelo de poder local democrático que os socialistas querem e, nesse modelo, qual a independencia que se deve manter face a qualquer lobby ao mesmo tempo que se promove uma activa participação cidadã, nomeadamente com o reconhecimento de novas formas de auto-organização democrática.

Os dirigentes do Partido Socialista não podem fazer como a avestruz, ignorando problemas que existem, que acontecem, que merecem comentários de tudo e de todos, como que pedindo que só se intervenha sobre eles depois das eleições europeias e na medida em que qualquer intervenção não venha a prejudicar, depois, a intervenção nas eleições autarquicas...

Dois exemplos: em Gondomar, a direcção distrital do PS, ao contrário do que pensa a concelhia, não toma posição clara sobre a Camara gerida pelo PSD de Valentim Loureiro; em Matosinhos, continua, à revelia da maioria dos militantes socialistas do concelho, uma acção do Presidente socialista da Câmara que só tem um objectivo que é sobrepor-se à concelhia democráticamente eleita para depois assegurar junto da direcção nacional uma posição de força de garanta a re-candidatura à Câmara...

São exemplos que demonstram que, apesar de todos os apelos a unidades algo administrativas e fictícias, fica por fazer uma intervenção clara sobre problemas concretos, incentivando-se a acção dos próprios militantes. É assim que se constroem autenticas unidades para a acção!

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