tribuna socialista

segunda-feira, outubro 10, 2005

Eleições Autarquicas 2005

FAZ OU NÃO FALTA UMA ALTERNATIVA UNITÁRIA DAS ESQUERDAS?


Os mesmos que dificultaram a unidade das esquerdas nos principais centros urbanos, foram os mesmos que agora lamentaram a dispersão dos votos das esquerdas.

O PS (que sempre demonstrou tentações hegemónicas e de tentativas de subordinação doutras correntes às suas políticas liberais), a CDU e o Bloco de Esquerda (ambos em disputas fratricidas), têm responsabilidades no clima que se tem criado no relacionamento entre os partidos das esquerdas. Como temos dito, respira-se e sente-se, entre as esquerdas, um clima de permanente disputa, um clima de permanente crispação entre as direcções daqueles partidos, uma completa incapacidade para o debate político sereno e não sectário.

Ao contrário da direita, as esquerdas revelam não só incapacidade política, mas até receio para dialogarem, receio para tentarem convergências para a concretização de outra realidade política, social e económica.

As autárquicas mostraram, mais uma vez, isso mesmo! As presidenciais (que se seguem!) parece que repetirão o mesmo cenário.

Uma alternativa unitária das esquerdas com um programa democrático e socialista é hoje um enorme desafio em Portugal. Até porque, desde o 25 de Abril, nunca houve nenhuma solução política nacional desse tipo.

Será que a maioria social não aderiria? Será que não seria a melhor forma de combater todos os populismos que vão crescendo à sombra da crise da democracia liberal? Será que não seria uma forma de motivar maior participação popular e cidadã? Não será mais mobilizador uma alternativa unitária das esquerdas que o conformismo do chamado “voto útil”, sem utilidade para nada?

É óbvio que falamos de uma alternativa que não se fique pela mera soma de votos, e com a manutenção das políticas implementadas por quem não se sabe libertar/cortar com os mecanismos da chamada “economia de mercado”, i.e. o liberalismo.

A constituição de uma alternativa com um programa de mudança social, política e económica exige, claro está, capacidade de diálogo, de debate e de conclusão entre as diversas correntes e partidos das esquerdas.

O pluralismo à esquerda não é um problema. É salutar a divergência, o confronto de ideias e projectos. No entanto, tudo se complica quando, à esquerda, a diferença de opiniões é substituída pelo campeonato dos votos, com cada partido a querer ganhar o campeonato!

As esquerdas deveriam ter, antes de mais, uma visão social e a capacidade de uma resposta social aos problemas concretos. O excessivo parlamentarismo à esquerda, tem sido e continuará a ser, se persistir, um sério obstáculo a um melhor relacionamento político das esquerdas.

1 comentário:

Geosapiens disse...

...talvez este cenário se verifique um dia...veremos...está um post muito bem feito...e equilibrado...um abraço...