tribuna socialista

quarta-feira, setembro 23, 2009

DIA 27 DE SETEMBRO, DOMINGO: VOTAR BLOCO DE ESQUERDA PARA REFORÇO DAS ESQUERDAS, PARA OUTRAS POLÍTICAS DEMOCRÁTICAS E SOCIALISTAS!



O grande objectivo para as eleições de Domingo, 27 de Setembro, é conseguir retirar a maioria absoluta ao PS, mantendo uma sólida maioria dos partidos de esquerda representados na Assembleia da Republica.
Os últimos quatro anos de governo PS foram caracterizados por políticas que nada têm a ver com as próprias promessas do PS, feitas há quatro anos. O governo Sócrates governou mais vezes para os lobbies económicos e financeiros do que para quem o tinha eleito. Com maioria absoluta, a direcção do PS e o governo Sócrates não precisaram de explicar o que quer que fosse e a quem quer que fosse. Não precisaram, nem o tentaram, apesar da encenação da deslocação mensal do primeiro-ministro ao Parlamento. Encenação porque Sócrates falou sempre para o seu próprio grupo parlamentar e fez sempre o que quis, guardado, como estava, pela maioria absoluta do PS.
O PS sem maioria absoluta, obriga a sua direcção e o seu grupo parlamentar a falar préviamente com outros partidos. O PS sem maioria absoluta, depois de quatro anos de políticas à direita, terá de reorientar o seu diálogo para a esquerda.
É aqui que entra, como muito importante, os reforços da votação no Bloco de Esquerda e da sua representação parlamentar. No quadro de uma clara maioria parlamentar de esquerda!
O Bloco de Esquerda é, desde há dez anos, um exemplo de reorganização à esquerda, um exemplo de convergência de experiências politico-ideológicas muito diversas que aceitaram repensar o socialismo incorporando as liberdades, o pluralismo, a democracia, os novos direitos sociais e ambientais. O reforço no Bloco de Esquerda é o reforço decisivo de um contributo para que a esquerda socialista reforce a exigência de políticas socialistas no quadro das esquerdas parlamentares.
O reforço do Bloco de Esquerda é também um voto para que, à esquerda, o sistema económico e financeiro não esteja refém de um pensamento único neo-liberal que não consegue ver mais do que a chamada "economia de mercado". O Bloco de Esquerda propõe um sistema onde a justiça seja parte integrante da economia, e, essa proposta, é decisiva nestes tempos de crise e de insegurança para as pessoas e de bloqueio financeiro e fiscal para o esforço das empresas de menor dimensão !
O reforço do Bloco de Esquerda, juntamente com o reforço de partidos europeus similares, como o Die Linke (A Esquerda, na Alemanha), a votos também em 27 de Setembro, representa um passo importante para que a esquerda socialista comece a ter peso político e peso social numa outra visão para uma outra Europa.
O voto que propomos para o Bloco de Esquerda, é também um voto que deve exigir à direcção bloquista capacidade de diálogo à esquerda, na base de programas e políticas muito claras e de sentido democrático e socialista. A direcção do Bloco não pode, nem deve ceder à formação de alianças, coligações ou governos baseados sómente na mera contagem de votos e de deputados para a constituição de maiorias aritméticas. O grande desafio é dar expresão política à maioria social de esquerda MAS com programas e políticas democráticas e socialistas, que cortem, de uma vez por todas, com a destruição neo-liberal !
Dia 27 de Setembro, Domingo, vamos votar Bloco de Esquerda para o reforço das esquerdas no Parlamento, para a possibilidade de afirmação e execução de políticas democráticas e socialistas!

5 comentários:

xatoo disse...

"uma sólida maioria dos partidos de esquerda?"
o erro, e não é coisa pouca, está em considerar-se que o partido dito "socialista" é de esquerda.
A forma como a social democracia primeiro, e o neoliberalismo depois trabalharam para usurpar a direcção do P"S" daria pano para um longo debate. Mas seria nele, nesse debate inexistente, que residiria a compreensão da situação

João Pedro Freire disse...

Caro "xatoo",

O grande desafio, como é dito na posta, é dar expressão política a uma maioria social de esquerda, que existe e ainda bem que existe. Nessa maioria SOCIAL de esquerda, estão, óbviamente, os militantes do PS que são de esquerda e estão abertos a políticas que interrompam a destruição neo-liberal.
Também não considero, pela demonstração da sua prática, que a direcção do PS seja de esquerda e, muito menos, socialista. É, no entanto, uma direcção eleita pelos militantes do PS. O reconhecimento deste facto (por muito que nos custe!) faz parte do caminho para se conseguir diálogos à esquerda para uma alternativa política que dê expressão à tal maioria social de esquerda. Sou de opinião que esse diálogo pode contribuir para uma reorientação do próprio PS, i.e. impulsionado pelos seus militantes.
Quanto ao debate que propõe, ele vai acontecer já a partir de 2ª Feira, 28 de Setembro ! Pode ter a certeza ... e o TRIBUNA SOCIALISTA estará atento e participante!

João Pedro Freire

Anónimo disse...

A esquerda, o que é isso?
Acaso será anti-capitalista? Não, não creio, pelo menos a que se apresenta a disputar lugares no parlamento. Nenhuma força parlamentar tem um programa para saída do sistema capitalista!
Cada vez mais é uma vaga formação social-democrata, com laivos de social-democracia, mas sem aquela «pureza» da socialdemocracia do tempo do Jean Jaurés que me leveria a simpatizar com ele apesar das divergências políticas!
A esquerda já foi!
Não tem projecto!
Está incapaz de explicar claramente como quer destruir o capitalismo e construir o socialismo.
Pois é: isso não interessa ao eleitor, dirão. Mas é isso mesmo que faria uma força política contemporânea ser de esquerda.

Acordem! Estão num mundo de enganos! Estão a auto-enganar-se!
Manuel Baptista

Nuno Cardoso da Silva disse...

Caro Manuel,

Gente de esquerda há, o problema está na sua organização eficiente. Os libertários - em que me incluo - não conseguem levantar voo, e o PCTP/MRPP ainda parece pensar que o leninismo é coisa que nos sirva para alguma coisa nos nossos dias. E até no BE há gente de esquerda (!!!), mas a sua voz é abafada por um aparelho dominado por quem tem mais ânsia de poder do que vontade de mudar a essência do sistema.

Por mim estou pronto a trabalhar, mas não estou disponível para me limitar a ficar com uns amigos a jogar à bisca...

Um abraço

Nuno Cardoso da Silva

João Pedro Freire disse...

Os partidos não são, na minha opinião, a única forma de organização para a luta pela transformação social. Defendo que a luta social e a luta política devem estar permanentemente interligadas. Nem só uma, nem só outra! O movimento dos trabalhadores e, hoje em dia, o movimento dos que não aceitam o capitalismo e querem o socialismo (seja lá o que isso for!!!), deve ser um movimento com capacidade de intervenção em todos os foruns, em todas as instâncias, em todos os sectores da sociedade.
Por exemplo, fixemos o Bloco de Esquerda. Acham que o crecimento do Bloco é feito na base de propostas "dúbias" e "pouco claras"? A classificação de "Capitalismo é tóxico", ou "Fora da Nato", não levará a que os que aderem tenham ideias claras sobre o que pretendem?
Por exemplo, no Bloco, onde milito, pertenço a uma corrente minoritária chamada "Esquerda Nova" ... acham que não temos liberdade de acção e de expressão? acham que pensamos da mesma maneira que a maioria? Em quatro anos, aumentámos a nossa influência e representação da Mesa Nacional. Acham que não valerá a pena lutar pelas nossas ideias, no seio de uma organização de esquerda com crescente influência social?