tribuna socialista

segunda-feira, setembro 28, 2009

COMEÇA UM NOVO DIA PARA A ESQUERDA PORTUGUESA: NADA SERÁ COMO DANTES" Francisco Louçã. citado pelo Público

O PS perdeu a maioria absoluta e cerca de quinhentos mil votos, as esquerdas continuam com maioria parlamentar e até aumentaram (BE e CDU) o número de deputados, mas ... mas o PS pode constituir uma maioria absoluta com os deputados do partido mais próximo do ideal limiano, o CDS. Partido que conseguiu subir de forma expressiva!...

Na noite das eleições, às vezes, até parece que somos levados a concluir que essa história da realidade, é algo que existe na cabeça de cada um ... não há uma "realidade", mas tantas quantas as cabeças pensantes!
O resultados eleitorais de ontem trazem consigo uma realidade muito preocupante para o eleitorado que vota à esquerda: há uma maioria parlamentar das esquerdas, mas a probabilidade (tendo em conta a experiência com as diversas direcções do PS, e, esta até é pior que as outras!) é que a tal governabilidade do País volte a ser encontrada junto dos "herdeiros" do queijo limiano! E uma "solução" deste tipo é a continuação do que já tivemos durante os últimos quatro anos! .,. provavelmente para pior!
Outra questão importante é: será que os militantes do PS aceitam novamente o seu partido ligado à direita?
A importância desta questão reside numa resposta que depende TAMBÉM da capacidade das esquerdas, em especial o Bloco de Esquerda (partido-movimento que se reinvidica da esquerda socialista), dialogarem com os socialistas.
Seria importante que não se confundisse PS com a sua actual direcção. Seria importante também que se reconhecesse que a mudança do PS depende dos seus militantes e não da realidade que esta ou aquela direcção de outro partido à esquerda gostasse que já existisse ...
No fundo, trata-se de transportar para o político o que já existe na luta social: ninguém pergunta ao companheiro do lado, em luta, qual o partido a que pertence!
As esquerdas devem incluir o PS! Apesar de não incluir a sua actual direcção, responsável pelas políticas governamentais dos últimos quatro anos. Não obstante, essa mesma direcção ter a confiança dos militantes socialistas ... confuso? É , mas é importante saber ganhar sentido no meio desta realidade confusa!
Está aqui o caminho para a descoberta do tal "novo dia" de que fala Louçã, para que, à esquerda, nada fique como dantes!
Os militantes do PS aprendem com os erros das direcções que elegeram. Mas precisam que, à esquerda, encontrem compreensão e não sectarismo: os militantes do PS não são Sócrates!
Não é só o PS que tem de se explicar quanto às suas políticas. Políticas de direita vestidas com roupagens de esquerda! À esquerda, há também muita coisa que precisa de ser explicada e bem. Nunca se pense que basta falar, para todos acreditarem que é assim, só porque veio das esquerdas ... O esclarecimento precisa de clareza, de paciência, de tolerância e de muita capacidade de unidade em cada luta que se trava!
Ontem, Domingo, iniciou-se uma nova e decisiva etapa para as esquerdas e para a capacidade das esquerdas traduzirem a sua maioria social em alternativa política! Nisto têm também de estar presentes o PS e os seus militantes!
João Pedro Freire

4 comentários:

Nuno Cardoso da Silva disse...

Já agora, e por muito insignificante que pareça, o PCTP/MRPP cresceu 10%, obteve mais 5 mil votos, e passou pela primeira vez a barreira dos 50 mil votos (quase 53 mil), pelo que beneficiará do subsídio previsto na lei de financiamento dos partidos. Isso permitir-lhe-á escapar um pouco à ditadura bloqueante da comunicação social, tornar-se mais visível, e talvez entrar na AR dentro de dois anos, quando o próximo governo entrar em colapso e a AR for dissolvida. É mais um bocado de esquerda que poderá contribuir para que, de futuro, haja uma verdadeira política de esquerda em Portugal.

Entretanto o meu desejo é que o PS, o BE e o PCP formem uma coligação e governem, com um Primeiro-Ministro que não seja o Sócrates.

xatoo disse...

esqueçam.
Pode-se "continuar a lutar" (na via do reformismo imposto pelo pensamento único) mas no actual quadro nada será susceptivel de alteração. A vitória do partido populista na prática ofusca a subida do BE. Foram ambos votos de protesto adquiridos via televisão pelas massas ignaras, uns protestando para um lado, outros para outro.
Nada sairá deste "novo parlamento" diferente do Bloco Central.
Por mim, e aceitando a sugestão do comentador anterios NCS vou tentar ajudar a levar o dr. Garcia Pereira a deputado.
Aliás, vai-se falando por aí na possibilidade de adesão do MRPP ao Bloco; sobre isto gostaria de saber a vossa opinião

João Pedro Freire disse...

Não me cabe a mim decidir da entrada ou não do MRPP para o Bloco. No entanto, dou a minha opinião. Pareceu-me nesta campanha eleitoral que o MRPP apresentou-se sem os tiques estalino-maoistas, o que representa uma evolução, nomeadamente quanto a uma possível maior abertura à discussão, sem sectarismos nem vanguardismos, para uma solução unitária no quadro do Bloco, enquanto partido-movimento da esquerda socialista.
NO entanto, quer-me parecer que a bola estará do lado do Garcia Pereira.
João Pedro Freire

Manuel Monteiro disse...

1) A Historia demonstra que as barreiras ideologicas dos partidos politicos de maior peso, tem vindo a desaparecer e, com isto tem sido esquecido o motivo pelo qual foram fundados.

Durante a anterior crise economica mundial (na decada de 30), surgiu o bem intencionado Keynes, que defendia a ideia de que os governos deviam gastar o necessário, para manter a economia em pleno emprego, mesmo que fosse necessário provocar um deficit orçamental nas contas publicas. Situando-nos no tempo, sabemos que esta medida foi aceite no ocidente devido ao perigo das classes trabalhadores se revoltarem e instaurarem um governo do tipo Soviético.

Com a queda dos regimes comunistas, esse medo desapareceu. Os partidos (mesmos algums ditos de esquerda) pura e simplesmente arrumaram com os ideais que estiveram na origem da sua fundação, pois o perigo comunista já não existe e as classes trabalhadores terão maior dificuldade em se revoltarem. Mantiveram no entanto, a noção de poderem gastar os recursos do estado (mesmo criando deficites), no sentido de manterem o poder a qualquer custo e não no sentido de servir melhor o povo que governam.

Infelizmente para a nossa democracia e na minha opinião, o PS seguiu o caminho acima descrito. O PS utiliza os recursos do estado para proporcionar um meio de sustento para muitos dos seus filiados. Enquanto que o seu lider lhes proporcionar esse meio de sustento, eles irão sempre apoiar a sua Direcção. Isto não é ser de esquerda. Isto faz lembrar os tachos do Estado Novo. O que mais me irrita no PS é irem para a televisão defender os pobres e oprimidos, mas depois, irem jantar a uma qualquer marisqueira (com o dinheiro dos contribuintes), esquecendo aqueles que supostamente defendem, ou ainda, calarem o noticiario da TVI (e outros), esquecendo que muitos militantes mais velhos do PS morreram em defesa do direito de livre expressão. Se conheces o livro "Triunfo dos Porcos" escrito por George Orwell,, poderas ver a semelhança incrivel com o que se passou no nosso país, com o PS, durante os ultimos 30 anos. Este exemplo não me sai do pensamento.

Claro que existem militantes socialistas sinceros quanto aos seus ideais (como existem noutros partidos), mas existe uma camada dominante bem instalada, que não vai abdicar das suas regalias. Enquanto o seu lider lhes proporcionar poder (economico e social), a Direcção não será questionada.

Para mim, não devem de modo algum deixar confundir o que o Bloco defende com o PS. Quando isso acontecer, o Bloco desaparece.

2) O que está em causa neste momento da nossa Historia, não é ser de esquerda ou de direita. O que está em causa é a liberdade e a justiça!

Penso que o Bloco tem conseguido colocar a nu e transmitir, muitos aspectos até hoje camulfados pelos outros partidos. É por aqui que penso que o Bloco pode crescer, captando pessoas que nunca se considerariam de esquerda. Esqueçamos os rotulos e vamos para as ideias e praticas.