tribuna socialista

quinta-feira, novembro 26, 2009

REFORMA AOS 40 ANOS DE TRABALHO: será que não há mesmo um "bloco central" ?

Depois de já se terem juntado quanto à avaliação dos professores, agora, o PS e o PSD, preparam-se para chumbarem o direito à reforma aos 40 anos de trabalho, que Bloco de Esquerda e o PCP defenderão na Assembleia da Republica.

Perante a posição de apelo a que se faça justiça a quem trabalhou 40 anos, os partidos do "bloco central" acenam novamente com um cenário de "ruptura" da Segurança Social "já para o próximo Orçamento do Estado" se o proposto pelo BE e pelo PCP viesse a ser aprovado.

Perante um cenário de reformas miseráveis, o PS e o PSD fazem uso de argumentos baseados em contas que só eles percebem, quanto à sustentabilidade da Segurança Social pública, evitando tomar medidas que introduzam mais justiça na economia.

O único caminho para a sustentabilidade da Segurança Social pública, não é o aumento da idade de reforma. Isto enquanto persiste um cenário real, por todos conhecido e sentido, de reformas milionárias em paralelo com reformas miseráveis. As segundas , as miseráveis, quase sempre para quem trabalhou uma vida inteira!

É curioso que, por exemplo, a peça do Diário de Notícias sobre este tema, tenha o seu desenvolvimento na secção de "Bolsa"! A culpa não é óbviamente do diário. O que acontece é que a própria direcção do PS, em parceria com os partidos do arco neo-liberal (PSD e CDS), têm tratado da sustentabilidade da Segurança Social olhando para os movimentos especulativos da bolsa.

A sustentabilidade de uma Segurança Social pública tem muito a ver com o exercício do direito a um emprego digno. Direito que tem, progressivamente e como resultado da crise financeira neo-liberal, a ser cada vez menos um direito. O desemprego, a precariedade, os despedimentos, também "justificados" como caminho para a "sustentabilidade financeira" das empresas, são também flagelos sociais com consequências desastrosas para uma Segurança Social pública e para todos.

A sustentabilidade da Segurança Social pública precisa de outras políticas governamentais, de outra vontade política, precisaria de um governo que sentisse o que quer a maioria social de esquerda que este País tem!

1 comentário:

Nuno Cardoso da Silva disse...

De uma forma muito mais simples, a sustentabilidade da segurança social passa pelo seu financiamento por via dos impostos. Como qualquer outra despesa pública. Já os complementos de reforma que sejam financiados da maneira que aprouver a cada um, já que dependem da vontade de cada um.

Dito isto, não me oporia a uma subida da idade da reforma, para quem tiver uma saúde normal. A esperança de vida ronda hoje os 75 - 80 anos, pelo que não faz sentido uma pessoa reformar-se aos 65 anos. Eu tenho 67 anos, estou reformado e continuo a ter uma carga horária normal na minha Universidade, porque me sinto física e intelectualmente capaz de o fazer, sem sacrifício. Quantas pessoas não estão na mesma situação?