tribuna socialista

segunda-feira, junho 14, 2004

MANIFESTO AOS SOCIALISTAS DO DISTRITO DO PORTO

COLOCAR O PS À ESQUERDA,
COLOCAR O PS NOS MOVIMENTOS SOCIAIS, DAR A PALAVRA AOS MILITANTES,
ACABAR COM OS FULANISMOS E COM OS CACIQUES!



O que se tem passado no Partido Socialista do Distrito do Porto é o resultado de anos e anos em que a estrutura partidária foi dominada por dirigentes que se tornaram autênticos caciques ignorando a realidade social e a palavra e a vontade dos militantes.

O debate sobre o que deveria interessar à intervenção social e política do PS foi substituído por discussões que se tornaram gritos e ruídos entre dirigentes para quem o mediatismo sempre foi o grande objectivo pessoal. Os militantes foram reduzidos a entidades que deveriam optar entre autênticos exércitos dirigidos por burocratas!

O Partido Socialista é um partido de alternativa, é um partido com responsabilidades de transformação social e política e, como tal, não pode ser reduzido a uma arena de confronto entre fulanos à espreita de promoção pessoal.

A vitória nas eleições europeias de 13 de Junho último, espelha claramente o que as mulheres e os homens que sofrem directamente as consequências de políticas neo-liberais do governo de direita, querem do PS: querem que o Partido Socialista se assuma como alternativa de governo e de políticas!

Por respeito à vontade dessas mulheres e homens, é urgente que, no distrito do Porto, o PS se coloque à esquerda, se coloque do lado dos movimentos sociais e, sobretudo, dê de si mesmo uma imagem que corresponda a uma prática democrática onde a vontade dos militantes é sempre mais forte que o arrivismo, o fulanismo e o burocratismo.

Francisco Assis ao convocar novas eleições para os órgãos directivos da Federação Distrital do Porto, esteve bem e revelou coragem e objectividade no seu propósito de acabar com aquilo a que chamou e bem de “pantano” que tem dominado o PS do Porto. De igual modo, em Matosinhos, Manuel Seabra tomou uma posição correcta ao demitir-se dos cargos autárquicos que ocupava. Ambos revelaram que não é possível falar-se em renovação e contemporizar-se com o caciquismo interno do PS.

O passo seguinte tem de ser a retirada da confiança política do PS ao ainda Presidente da Câmara de Matosinhos, Narciso Miranda, que se tem revelado como um dos principais aliados daqueles que querem ver o Partido Socialista derrotado em Matosinhos nas próximas eleições autárquicas. Narciso Miranda e os seus aliados no executivo camarário de Matosinhos deixaram à muito de representar quem os elegeu. Passaram, isso sim, a representar-se a si mesmos e a utilizar a Câmara de Matosinhos como bunker para uma guerra contra a Concelhia de Matosinhos democraticamente eleita pelos militantes matosinhenses e contra a própria Federação Distrital do Porto na pessoa do seu Presidente Francisco Assis.

Narciso Miranda foi um bom militante do PS. Mas hoje comporta-se como alguém para quem a democracia e o respeito da vontade democrática é uma grande massada!

O Partido Socialista tem de voltar a uma militância junto do que é concreto, junto dos trabalhadores e dos jovens. Tem de sair das secções e dos núcleos. Tem de intervir junto dos movimentos sociais. Tem de se afirmar claramente como partido comprometido com a transformação democrática e socialista de uma sociedade na qual mulheres e homens não podem ter perspectiva futura dentro do actual liberalismo e com as actuais políticas neo-liberais.

Intervindo, fazendo dos seus militantes actores activos e não passivos, redescobrindo as vantagens da democracia interna partidária, o Partido Socialista estará a dar passos importantes para acabar com o burocratismo, o clientelismo e o fulanismo e tornar-se, ainda mais, no Partido chave para uma alternativa de esquerda à direcção camarária de Rui Rio e ao governo de coligação da direita com a extrema-direita!

João Pedro Freire
Militante nr.3760

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