tribuna socialista

terça-feira, junho 14, 2005

ÁLVARO CUNHAL


A homenagem dos socialistas libertários a Álvaro Cunhal é feita lembrando as divergências políticas e ideológicas que sempre existiram. Os socialistas libertários não têm de alinhar no cortejo de hipocrisia que iniciou o desfile logo após a morte do dirigente comunista.

Álvaro Cunhal foi um lutador. Um exemplo de vida e de luta para milhares de anti-fascistas e milhares de comunistas. Em Portugal e no plano internacional.

Mas Álvaro Cunhal ficará ligado à defesa de um "socialismo" que teve sempre mais a ver com totalitarismo e quase nada com a Revolução dos Sovietes. Em momentos cruciais da luta operária e socialista do século XX, como a revolução espanhola, o Maio de 1968 em França, as revoluções checa e húngara, Álvaro Cunhal esteve sempre mais próximo de Estaline de Brejnev do que de Lenine.

As críticas que fizemos e mantemos a Álvaro Cunhal não são confundíveis com as que fazem todos aqueles que, usando fraseologia de "esquerda", há muito que optaram pela defesa da chamada "economia de mercado", mesmo que disfarçada de "social".

Álvaro Cunhal percebeu que os tempos mudaram e manteve-se inabalável na defesa de uma alternativa ao capitalismo. Só que foi uma alternativa que não o era, nem será.

Mário Soares, por exemplo, quaando fala em "mudaram-se os tempos, mudam-se as vontades", também não percebeu que a alternativa ao capitalismo não é nem está no próprio capitalismo, mesmo quando os dirigentes da Internacional Socialista pintam o liberalismo com roupagens "sociais".

A necessidade de uma alternativa socialista, profundamente democrática, anti-capitalista e com dimensão internacional, tem-se debatido dramáticamente com a influência política de correntes que integram Cunhal e Soares. Correntes que falam em "socialismo" mas que, cada uma à sua maneira, se dedicam a adiá-lo ou a afundá-lo.

No momento em que desaprece Álvaro Cunhal, deixamos a nossa homenagem sincera e também deixamos um apelo a todos os comunistas para que bebam no exemplo e na força da vida de Cunhal, alento para se continuar a luta por um socialismo que volte a beber o que de melhor brotou das Revoluções de Outubro, na Russia, e de Abril, em Portugal. Posted by Hello

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