tribuna socialista

sábado, maio 13, 2006

AS MODERNICES DO DIRECTOR DO DIÁRIO DA SONAE...


Se tiverem oportunidade, leiam a peça escrita por José Manuel Fernandes (JMF) no Editorial da edição de Sábado, 13 de Maio, do Público.

O Editorial tem o título "Ideias vindas do baú" e, mais uma vez, o ex-maoísta, actual ideólogo liberal de serviço e director do diário da Sonae, atira-se contra uma iniciativa legislativa do Bloco de Esquerda que pretende tributar as mais-valias nos grandes negócios das OPAs e contra-OPAs.

JMF classifica as propostas do BE como "permanecendo fieis ao velho anticapitalismo marxista".

Considera também JMF que o mercado de capitais, as Bolsas, servem para "regular a economia de mercado" e que os despedimentos que ocorrem na sequência das OPAs e/ou das fusões de empresas até podem ser "bons". O que conta para JMF não é a segurança e o bem-estar do trabalhador, mas antes, a eficácia da empresas...

JMF sempre conheceu o marxismo pelo lado da caricatura maoísta-estalinista. Daí passou-se para a defesa da versão mais selvática do capitalismo, traduzido nas actuais teorias neo-liberais da desregulamentação do mercado. Pelo caminho vai também assimilando as teorias dos neo-conservadores americanos favoráveis a intervenções militares como aquela que ocorreu no Iraque.

Percebe-se, por este percurso, quais os conceitos de modernidade de JMF... compreende-se, também por isso, o que passa a vida a escrever no Público ...

A iniciativa do BE e a reacção de JMF só demonstram que o capitalismo, na sua versão globalizante e neo-liberal, não é reformável.

Explicamos melhor: não bastam um conjunto de iniciativas legislativas no Parlamento para provocarem alterações substanciais ao nível das consequências políticas e sociais de uma economia capitalista, i.e., a chamada economia de mercado. Mas bastaria vontade política de um governo dito socialista, eleito com maioria absoluta, (como o liderado por Sócrates) para desencadearem acções que provocassem rupturas significativas num sentido democrático e socialista, voltando a dar protagonismo político aos trabalhadores!...


JMF classifica o que se passa em Bolsa como actos de regulação do mercado e quem neles participa de "investidores". Coloca no mesmo saco, pequenos e grandes investidores. Como se os interesses fossem os mesmos e os próprios incentivos fiscais fossem também os mesmos. Não são! As Bolsas têm servido para demonstrar uma única realidade: o capitalismo não é popular, não é democrático e o mercado de capitais não evita o afundanço , sem remédio, por parte dos chamados "pequenos investidores" quando a crise aperta!

JMF não precisa de ter acções da Sonae e/ou do BPI para continuar a defender a versão mais selvática e arrogante do liberalismo, tal como defendeu, noutros tempos, uma das caricaturas mais dramáticas do marxismo, o estalinismo-maoísmo. JMF parece, em cada um destes tempos, o mordomo dedicado ao seu patrão do momento ...

JMF não consegue ver as consequências da economia de mercado que defende:

  • as tentativas de destruição do Serviço Nacional de Saúde;
  • a privatização da Segurança Social a partir da criação de uma estratégia de tensão quanto ao perigo da sua falência;
  • a privatização de todos os sectores de actividade;
  • as deslocalizações de empresas de todas as dimensões;
  • uma dita reforma fiscal que atinge, em primeiro lugar, os assalariados;
  • jogos de OPAs e contra-OPAs em Bolsa sem qualquer impacto positivo na economia;
  • lucros e mais lucros das grandes empresas e prejuízos nas pequenas empresas e no nível de vida dos trabalhadores.

Mas, em tudo, uma realidade que tudo condiciona: a participação dos trabalhadores e dos cidadãos em todos os níveis da sociedade está CRESCENTEMENTE condicionada! Quanto a isto, o que se passa nas empresas, privadas ou públicas (nestas, os modelos de gestão são passados a papel químico do que se passa nas privadas, sendo geridas por quem nunca acreditou no público...) reflecte o que se passa no actual modelo de sociedade classista, liberal, hiper-parlamentarizada e estratificada!

O socialismo é uma alternativa que surgiu a esta sociedade liberal e capitalista. Uma sociedade que paradoxalmente tem vindo a prescindir de algumas conquistas sociais e democráticas que incorporou em tempos de vacas gordas, para se voltar a aproximar dos tempos de exploração selvática não sómente nacional mas agora planetária e com direcção global!

JMF, o ex-maoísta e actual ideólogo neo-liberal, que nunca conseguiu ser moderno, continua a sua caminhada militante na tribuna do diário da Sonae pretendendo apresentar como moderno o que parece retornar aos tempos da revolução industrial ...







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