tribuna socialista

domingo, dezembro 03, 2006

ESCOLHAS POPULARES COM RESULTADOS CONTRADITÓRIOS...

A reeleição de Hugo Chavez, tal como a eleição de Evo Morales ou a de Daniel Ortega, revelam que na América Latina há uma enorme vontade popular de mudança. De por fim a anos e anos de controlo imperialista por parte das várias administrações norte-americanas.

Há também uma mesma vontade popular de criar democracia, de fazer aplicar a vontade de cada povo. Ter direito ao exercício da sua própria vontade independentemente do poder norte-americano. Independentemente do poder dos ditadores locais, colocados e mantidos pela força imperial das administrações norte-americanas.

Mas a vontade popular sul-americana tem esbarrado com uma outra realidade: será que o voto popular tem apontado para as melhores soluções? Ou, será que tem existido alguma alternativa genuinamente popular e socialista?

Será que a alternativa se esgota no "modelo" cubano? Será que a alternativa tem de passar pela gestão de Estados caducos e corruptos vestidos com roupagens "socialistas" e populistas? Será que a alternativa tem de passar pela "emissão" de cheques em branco por parte dos trabalhadores a homens "providenciais" que têm como programa um qualquer discurso "anti-imperialista" totalmente despidos de qualquer ideia de democracia directa e de exercicio do poder pelos trabalhadores, pelos cidadãos, pelas pessoas?

Há ainda um outro drama (a palavra é esta exactamente): parece que, tal como no tempo da chamada guerra fria, alguns sectores das esquerdas deixaram de pensar de forma autonoma. Tal como noutros tempos a escolha de alguma esquerda era pelo lado soviético, por oposição ao imperialismo norte-americano, agora parece que a opção é feita com base na ilusão de que ter um discurso anti-americano e/ou anti-globalização será logo sinónimo de "revolução social"!...

Parece que muitos sectores das esquerdas, não sómente aqueles que suportam as heranças estalinistas, mas agora também alguns que surgem de percursos trotskistas, deixaram de ter como critério de análise, a luta de classes e a opção por projectos de democracia socialista. Há como que um súbito (será?!) deslumbramento pela tomada do aparelho de Estado por homens a quem só se lhes conhece anti-americanismo, algum verbalismo "socialista", mas que continuam a manter uma enorme distancia relativamente às massas que dizem representar ... mas só isso!

Da parte dos novos dirigentes do Brasil, da Nicarágua, da Bolívia, ... , e dos velhos dirigentes de Cuba, parece que se mantém o mesmo critério nacionalista que os impede, por exemplo, de aprenderem alguma coisa com a experiência dos povos de Oaxaca, no México!

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