tribuna socialista

sexta-feira, maio 04, 2007

FRANÇA e PORTUGAL: ALGUMAS REFLEXÕES!

A campanha em França merece algumas reflexões que interessam a Portugal. O que se passa em França também se passa em Portugal.

Acontece uma realidade que condiciona qualquer perspectiva de mudança: os partidos parlamentares são tendencialmente clones uns dos outros; o discurso dos que emergem das tricas parlamentares são tendencialmente sem diferença; as oposições são diferentes na oposição, mas iguais(issimas!) no governo (seja qual o governo, seja qual a sua composição)!

As democracias liberais parlamentares, tal como as conhecemos na Europa, estão crescentemente desfasadas da expressão da vontade popular que dizem representar. As próprias eleições gerais/parlamentares são antecidadas de períodos de campanha eleitoral onde qualquer tipo de "esclarecimento" é substituído ou sufocado pelas novas formas de dominação, chamem-se elas de sondagens, pressão dos ditos "opinion-makers" (sempre os mesmos) nas colunas de "opinião" nos media (jornais, rádio e televisão), criação de estratégias de tensão na opinião pública para a fazer aceitar a eternização de políticas securitárias, ...

As esquerdas parlamentares estão, cada vez mais, presas a compromissos parlamentares que as impede de desenvolver qualquer acção social ou descer ao nível da intervenção social, fomentando-a, incentivando-a ...

As esquerdas parlamentares adoptam no relacionamento entre si, acções tipícamente clubísticas, de cazulo. Descobrem (qual prolongamento das tricas parlamentares) diferenças onde não existem porque semelhanças ou convergências só para consumo eleitoral!

No plano social - das empresas (públicas e privadas!), das escolas, dos locais de residência, das ruas ... - se não forem os militantes ou activistas, os representantes das direcções partidárias comportam-se como filiados em clubes de futebol rivais!!...

As democracias liberais parlamentares e o tipo de sociedade em que assentam estão PODRES de representação e de securitismos que IMPEDEM qualquer participação directa, popular e cidadã!

É óbvio que existem alternativas para esta situação pantanosa! O arco parlamentar das representações parlamentares terá sempre a tendência de apelidar de "utópicas", "radicais", ... , as alternativas que possam escapar ao seu controlo! Mas no desenvolvimento das iniciativas das pessoas, trabalhadores, precários, imigrantes e emigrantes, jovens e menos jovens, mulheres e homens, contribuintes e consumidores, ... , alternativas que merecem ser desenvolvidas pelos próprios e pela sua capacidade de criação de redes livres e sem controleirismos de qualquer espécie.

As alianças partidárias à esquerda e/ou à direita não têm capacidade de influênciar e incentivar o movimento popular. São efemeras, localizadas no tempo e nas conveniências conjunturais! Há muito que as alianças à esquerda deixaram de falar em socialismo (explicando-o!), abdicaram da criação de formas de auto-organização das pessoas onde elas estão, atrapalham-se quando falam de luta contra a corrupção, baralham-se quando falam ou não falam de reformas no monstro Estado, ...

É urgente descobrir e dar forma e capacidade de intervenção ao que vai brotando do movimento social e da iniciativa das pessoas.

Em França como em Portugal as alternativas à esquerda são de conveniência, são localizadas no tempo ... porque no pós-eleições a podridão parlamentar soterrará a iniciativa popular! É pois consequência disto que a direita e os guardiões do liberalismo continuarão a dominar!

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