tribuna socialista

domingo, junho 10, 2007

Andreu Nin y Camillo Berneri: MANIFESTO


MANIFESTO DE 16 DE JUNHO DE 2007

(Promovido pela Fundació Andreu Nin da Catalunha. Enviar as adesões para
poum@fundanin.org)

As diversas entidades sociais, políticas e culturais, assim como as pessoas que dão o seu apoio a este acto que pretende recordar ainda que seja tardiamente o patético significado dos assassinatos de Andreu Nin y Camillo Berneri, os mais conhecidos de entre os muitos que acompanharam as jornadas de Maio de 1937 em Barcelona e outras cidades da Catalunha, assassinados todos eles en nome da República e inclusivamente do socialismo.

É precisamente pela República pelo socialismo que julgamos ser necessário levar a cabo um gesto que já deveria ter sido levado a cabo em 1937 ou em 1938 e que poderia ter-se realizado em qualquer outra data como expressão de uma defesa necessária da memória contra la calúnia y o esquecimento, como expressão de um drama histórico sobre o que queremos projectar o sentimento emancipador que lhe corresponde.

Certamente que já passou muito tempo, muitas vidas, mas a persistência da memoria adquire todo o seu sentido desde o momento em que tanto a de Berneri como a de Nin são duas biografias que condensam em grande parte as virtudes más excelsas do pensamento livre e do movimento operário, duas figuras de projecção universal que más além deste ou daquele debate ou divergência pontual e sempre legitima, deram glória a seu tempo y reforçaram os critérios da convergência e da unidade entre marxistas abertos e anarquistas anti-dogmáticos.

Ainda que seja muito sucintamente, queremos recordar alguns traços históricos que não são tão conhecidos como deveriam se-lo.

Andreu Nin (El Vendrell, 1892-Alcalá de Henares, 1937), professor de profissão, militante abnegado cuja trajectória militante remonta à Semana trágica, que se destacou como republicano federal e logo como socialista internacionalista durante a Grande Guerra, que foi secretário geral da CNT nos anos do pistolerismo patronal, co-fundador do Partido Comunista, secretário da Internacional Sindical Vermelha, comunista anti-estalinista desde mediados dos anos vinte, amigo e tradutor de León Trotsky, co-fundador e líder do POUM com Joaquín Maurín, conselheiro da Justiça da Generalitat, reconhecido tradutor do russo para o castelhano e para o catalão, autor de obras da importancia de Els movimients d´emancipació nacional e Las dictadures del nostre temps. A sua morte insere-se no mesmo episódio da velha guarda bolchevique e foi em boa parte obra dos mesmos que assassinaram Trotsky.

Um pouco mais jovem, Camillo Berneri (Lodi, Italia, 1897-1937) provinha de uma família de intelectuais de esquerda. O seu avô foi companheiro de Garibaldi, sua mãe uma notável escritora feminista (Camillo escreverá também um livro sobre a emancipação da mulher). Sua filha Maria Luisa será a autora de El futuro: viaje a través de la utopía. Camillo militou nas Juventudes Socialistas até à Grande Guerra. Depois tornar-se-á um anarquista "revisionista" muito aberto (Salvemini dirá a seu respeito: "...interessava-se por tudo com uma avidez insaciável. Enquanto que muitos anarquistas são como uma casa cujas janelas para a rua estão tapadas... ele tinha abertas todas as janelas"). Discípulo de Luigi Fabbri, Camillo sacrificará a sua vocação de vida intelectual pela más urgente da acção directa. No exílio, Berneri tornou-se num dos inimigos más activos do fascismo e o ditador nunca lhe perdoou o seu labor de denúncia.

Quando começou a guerra civil mudou-se imediatamente para Espanha e lutou na frente de Huesca. Nomeado comissário da coluna italiana da CNT, publicou em Barcelona a sua revista Guerra de Classe, na qual afirmava que aquela era una guerra internacional, "e portanto são decisivos os factores exteriores e a política internacional», e também una guerra de classes. Este libertário "conselhista" ou "sovietista", que glosa com emoção a recoredação de Gramsci e que defende a honra revolucionaria do POUM, será assassinado na noite de 5 para 6 de Maio juntamente com o seu camarada Barbieri.

Quem o matou? Sabe-se que foi detido por uma patrulha que se identificou com as siglas de da UGT e que sua morte foi celebrada pelo estalinismo.

Sendo assim, com esta homenagem pretende-se realçar através de duas personagens tão nossas e tão especialmente emblemáticos, mais pelas suas vidas do que pelas suas mortes, a vigência dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade que compreendem –inequivocamente - os da natural pluralidade nos métodos e as vias para avançar por este caminho, de proclamar bem alto um "NUNCA MAIS" a métodos que foram tanto más ignominiosos quanto que foram perpetrados em nome da República e do socialismo.

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