tribuna socialista

sábado, março 25, 2006

AMIGO MAIOR QUE O PENSAMENTO ...


Mail recebido da ASSOCIAÇÃO JOSÉ AFONSO em 25 de Março:

A AJA cumpre o doloroso dever de comunicar o súbito falecimento da sua
Presidente, Natércia Campos.

"Amigo maior que o pensamento" cantou, José Afonso, um dia. Hoje dizemo-lo
nós, sobre a amiga e companheira de árduas e longas batalhas.

O funeral realizar-se-á no Domingo dia 26, pelas 12H00, para o Cemitério dos
Olivais, partindo pelas 11H00 das instalaçõeses do Teatro O Bando, em Palmela,
onde o corpo se encontrará a partir das 12H00 de Sábado, dia 25.

"Outra voz outra garganta
Outra mão que se estende à que tombara
Uma fagulha num palheiro acesa
Ó meus irmãos a luta já não pára
"

de José Afonso, escrito na prisão de Caxias.

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Uma imagem que chega de New Orleans (EUA) ... Posted by Picasa

segunda-feira, março 20, 2006

NÃO AO NUCLEAR! ... E o Sol, o Vento, o Mar e os Rios???


Paulatinamente os partidários do Nuclear vão avançando. Nos principais media, os pró-nuclear já parece terem um lobby capitaneado por um Patrick Monteiro de Barros.

Como qualquer lobby defensor do liberalismo, também este busca argumentos baseados em numa óptica de custos. Seria barato e com proveitos rápidos ... ainda por cima totalmente privado!!...

Camuflam esses argumentos, com dissertações sobre a "segurança" da opção nuclear. Afirmam a "quase" inexistência de riscos ... E falam nisto e assim, porquê? Precisamente porque no século XXI, o nível de informação sobre a insegurança e os riscos do nuclear já não é exclusivo de uma minoria de informados! Todos os pequenos e grandes acidentes que o nuclear registou, estão na memória de milhões deste Planeta.

Por cá, não se esqueçam do Sol, do vento, do mar, dos rios que existem! Opções "caras" para os que preferem o "barato" (!) nuclear ... mas opções seguras! E, a propósito, não se esqueçam de consultar as populações ... falando claro sem linguagens que só os técnicos percebem! Posted by Picasa

domingo, março 19, 2006


Não à guerra! Não iraquizem o povo do Irão! Posted by Picasa

JOBS FOR THER BOYS: duas visões ... coexistentes!


Descubram na imprensa a composição da Casa Civil do novo Presidente da Republica. Depois verifiquem a área política a que cada um membro da Casa Civil pertence ... Podem então concluir quais as diferenças (será mesmo que existem?) entre os "jobs for the boys" dos dois lados da (mesma) moeda chamada "alternância política" .

Também se poderia dizer que há "coexistência" política entre os orgãos de soberania "Presidente da Republica" e "Governo" ... Posted by Picasa

NOTICIAS DA LUTA CONTRA O TRABALHO PRECÁRIO...

(in, Jornal de Notícias, 19.03.06)
Enquanto em Portugal, as OPAs e contra-OPAs vão semeando lucros para os patrões financeiros e incertezas e desemprego para os trabalhadores envolvidos, de França chegam notícias de luta contra o trabalho precário, de luta contra a dominação neo-liberal.

Um milhão e meio de estudantes, de trabalhadores, de cidadãos fartos das políticas liberais, sairam às ruas de diversas cidades francesas para se oporem às políticas liberais do governo de direita, em particular, ao pacote de leis que precariza, ainda mais, o primeiro emprego dos jovens.

O governo francês é de direita. Todas as esquerdas parlamentares e sindicais apoiam as movimentações sociais. Há um ambiente de unidade para a acção entre os que se opõem às políticas do governo Villepin/Sarkozy. É bom que assim seja!

Mas o que aconteceria se a oposição se esgotasse no Parlamento? Como acontece por cá? Será que todas as esquerdas convergirião numa acção de oposição tão clara?

O que se passa em Portugal, parece indiciar que o excessivo parlamentarismo, tende a entupir a iniciativa popular. Muito por culpa das direcções dos partidos das esquerdas parlamentares que parece olharem primeiro para as bancadas parlamentares e só depois para as ruas.

O desemprego, provocado pelas deslocalizações ou camuflado nas OPAs entre grandes empresas, não tem merecido grande atenção por parte das esquerdas e mesmo por parte do (algo adormecido) movimento sindical. E tudo acontece, por cá, perante o governo mais liberal desde o 25 de Abril, não obstante ser suportado por um partido que se declara "socialista" e aplaude a sucessão de OPAs como "prova" (!) de "dinamismo" da economia nacional!

A iniciativa popular precisa de ser acordada, dinamizada e organizada. Como consumidores, como trabalhadores, como estudantes, como contribuintes, é preciso e possível fazer ouvir a voz de um vigoroso "BASTA" ao desvario liberal. E a capacidade de auto-iniciativa e de auto-organização não pode estar dependente dos timings parlamentares ou dos ditados pelos lobbies financeiros!

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sábado, março 18, 2006

MAIS UM CONGRESSO DO OUTRO LADO DA CHAMADA ALTERNÂNCIA...

Começou mais um Congresso do PSD. Ou do PPD? Parece que é o 28º ... tantos!

Tantos ... mas quais têm sido os resultados históricos para tanto Congresso?

O PSD é o outro lado da moeda da chamada "alternância democrática" ... Do outro lado da moeda está o PS!

Quando um está na oposição, ficamos a saber o que faria se fosse governo, se repararmos nas políticas de quem estiver, nesse momento no governo. Ou seja, hoje em dia, o PS exibe políticas que seriam repetidas pelo PSD se fosse governo. Aliás, o PS no governo limita-se a dar continuidade a políticas já definidas pelos anteriores governos do PSD ... isto é a alternância!

Tem a ver com jogos parlamentares, jogos de poder, jogos de lobbies ... mas não tem a ver com democracia, nem com qualquer vontade popular!

A alternância tem-se limitado a alimentar o abstencionismo e a impedir qualquer afirmação e iniciativa popular e cidadã! Posted by Picasa

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

2005 / 2006 : MAIS UM ANO DE POLÍITCAS LIBERAIS ...

Já passou um ano desde que o PS conquistou a sua primeira maioria absoluta. Conquistada com o voto dos que queriam uma mudança, depois de governos de direita, esta maioria absoluta tem sido uma enorme desilusão para muitos dos que tinham votado na mudança.

Um ano depois, a direcção de Sócrates no PS e no Governo, têm tornado tudo o que deveria ser mudança, em algo muito parecido com aquilo que foram os governos de Barroso, Portas & Santana.

José Sócrates e os seus amigos, no governo e na direcção do PS, estão, aos poucos, a tornar, tudo em que tocam, em caminhos largos para o neo-liberalismo triunfar ...

A oposição do PS aos governos de direita foi, afinal, um pretexto para chegarem ao poder e depois fazerem tudo muito semelhante àquilo a que (só!) formalmente se opunham!

Sócrates é um liberal, não é um socialista. E, como tal, terá de ser combatido social e políticamente!

Várias vezes, durante a vigência dos governos de direita, defendemos a necessidade de uma alternativa convergente das esquerdas. Essa alternativa continua hoje na ordem do dia! Com socialistas, com comunistas, com jovens, mulheres e homens que rejeitem o liberalismo, as políticas liberais e as suas consequências sociais e políticas! Contra a direita, mas também contra a direcção liberal do PS e o seu governo. Posted by Picasa

domingo, fevereiro 19, 2006

SOMOS UMA REPUBLICA LAICA???

Seis (6) canais de televisão, diversas rádios, um sem número de jornais nacionais e locais, ... , tudo faz hoje alarde da trasladação de Lúcia de Jesus, também conhecida por Irmã Lúcia, para muitos também vidente de Fátima, de Coimbra para Fátima.

Tudo isto acontece num momento em que um sem número de vozes se levantam contra o fundamentalismo islâmico. Mas ... isto que se passa em Portugal, o que é?

Imaginem hoje uma caricatura de Lúcia publicada num orgão de comunicação social português? Publicada em nome da liberdade de expressão ...

O que será isto que concilia (será fanatismo?) ópio religioso com mercado?

sábado, fevereiro 18, 2006

SINAIS DA RETOMA DO GOVERNO SÓCRATES...

A Segurança Social, diz o Governo (e outros anteriores também já o diziam), "não tem dinheiro", "corre risco de falência"...

As finanças públicas são sujeitas a "rigorosas" medidas de controlo e de contenção ...

O desemprego atinge níveis que são recordes ...

Dizem-nos que está em curso medidas de combate à evasão fiscal ... embora o que se nota é que são os assalariados os mais imediatamente penalizados ...

As escolas "com poucos alunos" fecham ...

As privatizações continuam ... os negócios bolsistas fazem sorrir o governo Sócrates que vê aí "motivos" de "retoma" ...

Mas enquanto a crise massacra os mesmos de sempre, as marcas automóvel topo de gama aumentam as vendas de ano para ano!

Na cópia que editamos do Expresso de hoje, pode-se ler na legenda fotografia: "O Ferrari 612 Scaglieti F1 custa Eur 268 mil, ou seja, 694 salários mínimos" ...

São estes os sinais da retoma do governo liberal de Sócrates ... Posted by Picasa

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

RECORDE NO DESEMPREGO EM PORTUGAL: ECONOMIA DE MERCADO É A CULPADA!...

8% de desempregados "oficiais" em Portugal, está a ser motivo para acusações mútuas entre os partidos do "centrão" e daquilo a que poderiamos chamar "arco parlamentar".

A divulgação da taxa recorde de desemprego é feita num momento em que se assiste a mais um "grande negócio": o da promessa de aquisição da PT pela SONAE!

Esse grande negócio demonstra para patrões e altos dirigentes do PS e do Governo, um sinal de "vitalidade" da economia portuguesa. Enquanto estas entidades se dedicam a especular sobre qual o "real" valor de cada acção (em Bolsa) da PT e da Sonae, o SINTTAV (sindicato dos trabalhadores das telecomunicações) anuncia que a prometida OPA da Sonae pode por em risco 3.500 postos de trabalho na PT!

Este exemplo, exibe o que realmente tem contribuido para o aumento do desemprego em Portugal: a economia de mercado, ou então, uma economia baseada num liberalismo crescente e simultaneamente selvagem!

Para os políticos e os partidos que defendem a chamada "economia de mercado", o que parece contar é o aparecimento de "grandes negócios", de grandes operações em Bolsa, sendo que o desemprego é sempre apresentado como uma "inevitabilidade"!

Já temos dito e mantemos: é incompatível a realização de reformas sociais profundas no quadro de uma economia que aposta na especulação, nas deslocalizações, na desregulamentação, nas privatizações indiscriminadas e no controlo e pressão crescentes dos grandes grupos económico-financeiros sobre o poder político!

Em Fevereiro de 2005, Portugal é dominado por grandes grupos económicos e financeiros que são incrivelmente apaparicados por um governo dito socialista, eleito com maioria absoluta por quem se queria livrar das consequências sociais e políticas das políticas dos anteriores governos de direita.

É sintomático que, no dia em que era divulgada a taxa de desempregados, um dirigente do PS vangloriava-se, em crónica na TSF, com o "dinamismo" da economia portuguesa e aplaudia os "empresários com raça"... É, de facto, sintomático!!

Os governos do "centrão" - PSD e CDS ou PSD ou PS ou PS com qualquer companhia de direita - têm desenvolvido, sem grandes dissemelhanças, políticas que, ano após ano, desvalorizam o factor trabalho na economia e promovem o poder dos grupos económico-financeiros. As consequências destas políticas não são só sociais. São também políticas: tem crescido o afunilamento da participação cidadã, tem aumentado a parlamentarização da democracia. A democracia promovida pelos que definem políticas pró-liberiais é, crescentemente, uma democracia igual aquela que vigora nas empresas privadas: poder de quem manda, mutismo (imposto) de quem só deve trabalhar e produzir por objectivos superiormente definidos! ...

A continuação destas políticas por mais anos, criará inevitavelmente situações sociais explosivas, até porque do lado da economia a crise acentuar-se-á: é impensável pretender que "grandes negócios" especulativos com consequências negativas no desemprego, consigam, ano após ano, assegurar um nível de vida condigno aos que ficarão no desemprego (crescentemente estrutural) ou em situação precária ou atirados para a criação de cafés ou prontos-a-comer de esquina ...

A "economia de mercado" , à semelhança do que já semeou noutras latitudes, está ao rubro em Portugal ...

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

domingo, fevereiro 12, 2006

JÓSÉ AFONSO EM GUIMARÃES - 24 E 25 DE FEVEREIRO

A Associação José Afonso, a Associação 25 de Abril, o Círculo de Arte e Recreio (Guimarães) recebem, em 24 e 25 do corrente, em Guimarães, os Amigos de José Afonso, dando-lhes guarida, numa homenagem "a um homem maior que o pensamento numa cidade sem muros nem ameias com gente igual por dentro e gente igual por fora".

"No dia 23 de Fevereiro de 1987, de sal de linguagem feita, José Afonso, mais uma vez, levantava voo e partia levando em si os caminhos do sonho e da utopia.
O homem que marchava ouvindo o brado da terra sussurrava a canção do vai ... e vem como se nos espretasse por detrás duma janela.
Com as suas tamanquinhas encaminhou-se para o comboio descendente.
Nolago do breu a noite levava aquele a que o tempo já se habituara.
A dor na planície não chegou para nos embalar.
Mas, de não saber o que nos espera ... não é inevitável ficarmos pela canção do desterro.
Decidimos, por isso, que o que faz falta é ver bem os cantares deste andarilho.
Vindo mais cinco ou trazendo simplesmente um ou outro amigo também, nem que seja numa sala mal iluminada, celebrar José Afonso será cantar o homem novo que virá enquanto houver força.
O Zeca ensinou que não há bandeira sem luta nem luta sem batalha.
Queremos que as águas passadas do rio um sono vazio venham acordar.
E que as águas das fontes não se calem e que as ribeiras não chorem porque ele continua a cantar
."

Algumas acções que constam do Programa desta Iniciativa, a decorrer no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, a 24 e 25 de Fevereiro:

24 de Fevereiro, às 18.30H - Lançamanto do livro "Zeca Sempre" : um livro de depoimentos de autores galegos sobre José Afonso.

24 de Fevereiro, às 21.30H - Concerto, com Manuel Freire, Pedro Barroso, João Loio, "De Outra Margem" (galaico-português), entre outros.

25 de Fevereiro, às 21.30H - Concerto, com Ardentia (Galiza), Amélia Muge, Luanda Cozetti, Francisco Fanhais, José Fanha, Zé Perdigão, Canto Nono, Astedixie, Uxia (Galiza).

Estão também previstos debates, café-concertos com música e pesia de José Afonso, diversos workshops, cinema e animação de rua.

O programa completo pode ser pedido em

homenagemjoseafonso@oficina.pt
circulodearteerecreio@hotmail.com
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sábado, fevereiro 11, 2006

VW : notícias do modelo económico liberal!

A Volkswagen anunciou que vai prosseguir com o seu plano de reestruturação, como forma de poder aumentar (ainda mais) os seus lucros e a sua "eficiência". Em 2005 os lucros (só !) aumentaram 62% ... A VW quer mais!

Como? A receita liberal parece ser sempre a mesma: fechar fábricas e reduzir postos de trabalho. Segundo tem sido anunciado, a reestruturação da VW pode vir a afectar até 20.000 trabalhadores, até 2009!

Parece que a referida reestruturação afectará principalmente as fábricas localizadas na Alemanha. Mas nada se sabe de concreto! A Auto Europa, localizada em Portugal, desde sempre apontada como um "modelo", pode vir também a ser afectada. O acordo laboral recentemente conseguido, não dá garantias de nada!

Os acordos laborais conseguidos, têm sempre obedecido a uma única condição: ou os trabalhadores cedem nos seus direitos ou em parte deles ou então é-lhes acenado o desemprego ou uma qualquer "reestruturação" onde saem (ainda mais!) penalizados. Do lado dos Conselhos de Administração o objectivo é sempre aumentar os lucros! Ou seja, não é evitar qualquer prejuízo. É, isso sim, mais e mais lucros!

As receitas do liberalismo surgem sempre como o resultado dos que gerem as empresas com o objectivo de conseguirem mais e mais lucros. Dos trabalhadores e das suas organizações pede-se "cinto mais apertado" e nenhuma possibilidade de participação na elaboração da "receita".

O modelo liberal de gestão das empresas, acaba por ser um prolongamento do modelo não-democrático e autoritário que tem vindo a caracterizar as chamadas democracias liberais.

Dramático é que do lado de algumas esquerdas (ou que formalmente se apresentam como tal) esse modelo económico seja aceite como se nada houvesse para além dele. E há. Há um modelo económico onde os trabalhadores se podem assumir como parte activa e não só passiva! Posted by Picasa

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

FRANÇA: a pluralidade das esquerdas procura convergências!

Socialistas, comunistas, verdes, trotskistas e várias associações francesas estiveram reunidas, "durante duas horas" (segundo alguma imprensa de ontem) para debaterem entre si, o que as esquerdas francesas deveriam fazem em convergência, nos próximos tempos.

As esquerdas francesas estão a TENTAR ter respostas COMUNS e CONVERGENTES, não obstante e apesar da diversidade, para responder COMO ALTERNATIVA às politicas e à direita no poder.

Começarão por tentar respostas convergentes e mobilizadoras à chamada "Directiva Bolkestein", que abra portas escancaradas à liberalização dos serviços no espaço europeu.

A reunião realizada, foi uma primeira reunião. Mas já decidiram criar uma estrutura de ligação entre as diversas correntes e partidos das esquerdas para prepararem permanentemente uma resposta comum das esquerdas para acções futuras!

Quando em Portugal, as esquerdas parecem mais entretidas em parlamentarizarem, tanto quanto podem, as suas relações políticas, abdicando de respostas convergentes, estas notícias que chegam de França, são, de facto, muito importantes e merecedoras de reflexão!

No poder ou na oposição, só vale a pena ter uma perspectiva de esquerda e à esquerda, se isso significar vontade de mudança com políticas de mudança. Mudar não pode ser só a substituição de governos, sem mais nada! Essa é a alternancia que nada muda, tudo mantém. Não é alternativa de esquerda e/ou das esquerdas!

As últimas eleições presidenciais mostraram que a pluralidade das esquerdas pode ser uma realidade, mas, em momentos decisivos, não serve para derrotar a direita. Porque não afirma qualquer alternativa política. Porque não mobiliza todas as bases sociais de apoio das diversas esquerdas. Revela, isso sim, incapacidade de diálogos à esquerda, incapacidade de criação de alternativas mobilizadoras e de mudança.

De França, copie-se que é possível por a pluralidade a conversar, a dialogar, à procura de convergências que gerem alternativas políticas. Copie-se! Ou então, reflita-se sobre isso! Posted by Picasa

sábado, fevereiro 04, 2006

A LIBERDADE DE IMPRENSA NÃO SE DEFENDE COM HIPÓCRITAS!

Para os defensores do uso da força militar, como a que se usou no Iraque e querem voltar a usar no Irão, a questão levantada pelos cartoons de Maomé na imprensa dinamarquesa, assenta que nem uma luva! Falam em defesa da "liberdade de imprensa"...

Para os fundamentalistas islâmicos, como aqueles que privam as suas sociedades dos mais elementares direitos, os cartoons dinamarqueses funcionam como uma "boleia" para continuarem a impor lógicas de terror.

Uns e outros são as faces de uma mesma moeda. Diríamos, as duas faces de uma lógica de terror que se tem vindo a implantar en todo o Mundo.

É claro que a defesa da liberdade de imprensa tem de ser universal. Cortes à liberdade de imprensa em nome disto ou em nome daquilo, são a porta aberta para o corte total! São inaceitáveis!

A melhor forma de defender a liberdade de imprensa é . . . aumentar a liberdade de impresa!

Os liberais da nossa praça - que vão desde a direita ao próprio PS, a começar pela sua direcção - lembraram-se agora da liberdade de imprensa. Mas a liberdade a que se referem é uma liberdade de um único sentido, ou seja, a liberdade de apontarem o dedo esquecendo-se do que já fizeram (e fazem, sistemáticamente!) de semelhante.

As opções religiosas de cada um merecem respeito. Claro que sim! Mas as opiniões contra essas opções religiosas, quaisquer sejam, também merecem ser respeitadas. A liberdade de opinião (tal como a liberdade de imprensa) tem de coexistir tolerantemente com a diversidade!

A diversidade em liberdade é uma realidade muito pouco ou nada tolerada em sociedades totalitárias, de versão neo-liberal ou de versão religiosa(s). As lógicas securitárias - versão pró-Bush ou versão pró-fundamentalismo islâmico - que tentam dominar o Planeta, tendem para formas de totalitarismo monstruoso!

Os cartoons (que publicamos, retirados do Expresso) são, em si mesmos, inofensivos! O que já não é inofensivo são as ameaças, por causa desses cartoons, avançadas pelos fundamentalistas islâmicos e pelos fundamentalistas europeus!

A liberdade de expressão, todas as liberdades democráticas, uma sociedade de deveres e de direitos, só pode ser defendido com um projecto internacional assente em principios de tolerância, de relacionamento inter-étnico e inter-cultural, liberto dos obstáculos "externos" à afirmação do bem comum, o Estado e o capital. Um projecto de afirmação do socialismo, não como algo externo à vida, mas como a sintese possível de um compromisso que procura o bem comum para o conjunto da humanidade, afirmando simultaneamente o bem próprio e a individualidade de cada um. Posted by Picasa

quarta-feira, janeiro 25, 2006

DEPOIS DAS PRESIDENCIAIS ... TUDO NA MESMA?

Pela primeira vez depois do 25 de Abril de 1974, a direita (unida...) conseguiu colocar o seu candidato no Palácio de Belém à primeira volta.

Fala-se agora em eleição por uma "unha negra" ... mas foi eleito!

E destas eleições fica, das esquerdas, mais um exemplo de incapacidade política para se conseguirem convergências, para se conseguirem estabelecer pontes. Uma parte significativa do chamado povo de esquerda terá ficado em casa ... farto de um cenário de hiper-parlamentarização que se tem vindo a impor na relação entre os diversos partidos e correntes das esquerdas portuguesas!

O discurso de alguns dirigentes do partido de Sócrates, no pós-eleições, só pode ser definido como perfeitamente hilariante! Queixam-se agora da desunião da esquerda, depois de terem tentado impor um candidato que se veio a revelar como políticamente incapaz para unir as esquerdas ou até para se opor consequentemente a Cavaco e ao que ele representa! E o mais caricato e dramático é que Sócrates não só tentou impor o candidato Soares a todas as esquerdas, como o impôs mesmo e anti-democráticamente no interior do seu Partido.

Mário Soares teve uma votação que advém do facto de se ter apresentado, desde o ínicio, como o candidato do governo que vinha "explicar ao povo" as "medidas corajosas" do governo Sócrates. Este Mário Soares esteve em oposição ao Mário Soares participante no Fórum Social Mundial e interveniente activo na luta contra a guerra no Iraque. E ... como resultado, acabou por ter a votação que merecia!

Jerónimo Sousa e Francisco Louçã foram, do principio ao fim, candidaturas de partido. Surgiram para reafirmar e consolidar os seus espaços partidários e (até) conseguiram. Provavelmente se não tivessem surgido estas candidaturas, no quadro de uma esquerda dividida, muitos dos seus votos teriam alimentado a abstenção ou os votos em branco... O PCP e o Bloco de Esquerda continuaram a sua luta ombro-a-ombro para ver quem tem mais votos ... ambos continuaram, cada um à sua maneira, a contribuir para a já referida hiper-parlamentarização das esquerdas...

Manuel Alegre é, se dúvida, a grande novidade política das presidenciais. Não tanto pela sua personalidade, mas sobretudo pelo que significa quanto ao movimento de votantes que acabou por criar. É importante a análise quanto ao que significa de sintomático, politicamente falando.

Manuel Alegre é dirigente do PS, é vice-presidente da AR, afirmou que até votaria ao lado do governo Sócrates quanto ao Orçamento Geral do Estado. Mas o seu discurso e o seu posicionamento político ao longo da campanha eleitoral foi-se moldando à quantidade e à qualidade política do apoio popular que conseguia reunir num sentido claramente transversal, crítico da falta de participação democrática e cidadã, critico do afunilamento da democracia crescentemente partidarizada.

20% ou um milhão de votos em Manuel Alegre - enquanto candidato que pede o "poder dos cidadãos" e à margem de qualquer grande aparelho partidário - é um facto que merece ser tido em linha de conta, reflectindo-se sériamente sobre o seu significado.

A eleição de Cavaco Silva e a derrota de Mário Soares, marcarão nos próximos anos o triunfo do chamado "bloco central" a ocupar a Presidencia da Republica e o governo. Este domínio do bloco central será a continuação do afunilamento da democracia, a continuação da hiper-parlamentarização da vida política. Perante isto e a perspectiva de agravamento da situação económica e social, a votação em Manuel Alegre é um claro sinal de esperança quanto à capacidade de mobilização popular contra as políticas liberais do governo Sócrates e pela afirmação de um movimento que pugne por mais e melhor democracia, que consiga recolocar como alternativa um programa socialista de transformações sociais e políticas.

Não temos muitas ilusões naquilo que Manuel Alegre fará. Até porque no interior do PS, também não fez grande coisa depois das últimas directas para secretário-geral. Mas entre os seus apoiantes e eleitores é possível que surja algo que possa surpreender. Não necessáriamente para a repetição de qualquer modelo partidário, mas através de alguma outra forma organizativa que intervenha sobre problemas concretos. Afinal o Forum Social Mundial não é um partido, nem tem de o ser, mas não deixa, por causa disso, de ter intervenção política e social ...

A agudização da situação económica e social nos próximos 3 anos, condicionará a estabilidade desta legislatura. Condicionará também as relações entre o novo Presidente da Republica e o governo Sócrates. Mas o mais importante, serão as consequências no plano da afirmação política de novas realidades. Essas nova realidades começaram já com as eleições presidenciais e, na nossa opinião, terão influência, no futuro próximo, na (re) organização política das esquerdas portuguesas.

E, além do mais, é desejável que assim seja ...

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sábado, janeiro 14, 2006

Amanhã, a socialista chilena Michelle Bachelet pode ser eleita como Presidente do Chile. Se for eleita, Bachelet conseguiu reunir os votos das esquerdas chilenas (e também da democracia-cristã) . Mas o mais importante, é, sem qualquer dúvida, o significado político da eleição de uma Mulher de esquerda que ainda tem a memória (bem gravada: o seu pai foi assassinado pela ditadura de Pinochet) do exemplo de Salvador Allende.

O Chile é o Chile e Portugal é Portugal. Mas os exemplos concretos da capacidade social e política de levar de vencida a direita e o que ela significa, devem ser citados, discutidos e salientados. O que pensarão os candidatos presidenciais portugueses do que se passa no Chile?

Salvador Allende devia continuar a ser um exemplo à esquerda. Uma forma de aproveitar a memória para se discutirem e reavaliarem, se preciso for, os caminhos que a luta socialista deve trilhar neste novo século. Por exemplo, uma ideia a reter para ser discutida: pode uma eleição presidencial (num regime presidencial ou semi-presidencial!) influenciar o curso político dos acontecimentos?

Daqui por uma semana, Portugal terá também as suas eleições presidenciais. Não tivemos um Salvador Allende, mas tivemos um 25 de Abril. Com tudo o que significou/significa e possibilitou/possibilita de enormes avanços!

Cinco (5) candidatos à esquerda e um (1) candidato à direita ... o cenário poderia ter sido outro! Mas o cenário que existe, é também ele, uma expressão do que se passou nestes trinta anos depois de Abril de 1974: uma direita sedenta de reconquista do seu poder, as esquerdas vivendo - nem sempre da melhor maneira!... - o seu viver plural e democrático! ...

Domingo, 22 de Janeiro, bastará que as esquerdas saibam e consigam mobilizar a sua base social para que a direita seja obrigada a uma 2ª volta.

É possível manter a direita fora de Belém! Até porque é também preciso um Presidente que influencie o governo do PS num sentido de esquerda, anti-liberal e socialmente voltado para os trabalhadores! Posted by Picasa

domingo, janeiro 08, 2006

PRESIDENCIAIS 2006: uma campanha para mobilizar o povo de esquerda!!

Acaba a chamada pré-campanha, vai começar oficialmente a campanha eleitoral para a eleição do novo Presidente da República.

Provavelmente o aparecimento de um único candidato à esquerda, teria colocado tudo muito diferente do que temos hoje. Mas a proliferação de candidaturas à esquerda é a realidade que temos. Uma realidade que confirma a crónica incapacidade das esquerdas portuguesas para dialogarem entre si estabelecendo plataformas políticas convergentes.

As responsabilidades históricas da incapacidade de convergências à esquerda, pertencem a todos os intervenientes à esquerda. Para a presente eleição presidencial a principal responsabilidade pela divisão das esquerdas vai, por inteiro, para a actual direcção do PS que não só não quis, na prática, qualquer convergência à esquerda, como foi responsável por um processo no interior do PS que acabou por dividir irremediávemente os militantes e eleitores socialistas.

As candidaturas que foram surgindo à esquerda, começaram por seguir um processo de afirmação política excessivamente fixado na contestação a uma candidatura que ainda não o era e que depois de o ser, conseguiu afirmar-se, à direita, como candidatura única e convergente de um espaço social e político que vê nesta eleição a primeira oportunidade para colocar alguém seu em Belém.

Na nossa opinião, as candidaturas de esquerda deveriam aproveitar a campanha eleitoral para afirmar os seus projectos, mobilizando mais eficazmente os seus apoiantes.

A canpanha eleitoral, numa perspectiva de esquerda socialista, deverá ser uma oportunidade para vincar a necessidade de afirmação de uma democracia onde os direitos de cidadania e dos trabalhadores sejam garantidos e aprofundados nos planos político e social. Um Presidente com uma perspectiva de esquerda não pode, óbviamente, ficar indiferente a políticas e a processos que contribuem objectivamente para a degradação e afunilamento da democracia.

Um Presidente não é um primeiro-ministro, mas também não pode ser alguém sem projecto político claro, no quadro de uma Constituição que ainda mantém a influência política de tempos em que os cidadãos e os trabalhadores eram mais importantes que a actual força dos lobbies financeiros e das empresas.

Aos candidatos das esquerdas basta a afirmação política do que são para mobilizarem o povo de esquerda. Isso será o bastante para continuar a colocar a direita fora de Belém! Posted by Picasa

sábado, janeiro 07, 2006

DUAS FOTOGRAFIAS QUE FALAM POR SI!!!

A edição de hoje do Público inclui duas fotografias que falam por si: uma com Mário Soares e Valentim Loureiro e outra com Cavaco Silva e Alberto João Jardim!

Não se pense que as fotografias exibem posições de critica dos candidatos em relação ao Presidente da Camara de Gondomar e ao Presidente do Governo Regional da Madeira. Muito longe disso, como é fácil verificar...

Cavaco Silva e Mário lá vão fazendo declarações sobre a necessidade de se melhorar a qualidade da nossa democracia, mas estas imagens exibem que os candidatos estão mais próximos daquele dizer: olha para o que digo, não olhes para o que faço ...

Cavaco Silva fez questão de ir à Madeira e visitar Alberto João Jardim. Mário Soares fez questão de ir a Gondomar e visitar Valentim Loureiro!

É um sinal MUITO CLARO do tipo de presidência que os referidos candidatos pretendem exercer se vierem a ser eleitos...

De Cavaco Silva não ficamos muito admirados com tal comportamento. De Mário Soares, do tal candidato que já falou de valores da esquerda, do direito à indignação, de mais e melhor acesso dos cidadãos à justiça ... desse candidato já nos vamos esquecendo, porque o que fica é o candidato representante do mesmo governo com um chefe que também abraça Valentim ...

Estes candidatos NÃO INTERESSAMPosted by Picasa