tribuna socialista

domingo, agosto 30, 2009

Professores na rua durante a campanha eleitoral ...

Anuncia-se aqui que os professores voltarão à luta durante a campanha eleitoral, "contra o PS de Sócrates" ...

A iniciativa pertence a associações independentes de professores e revelam contra quem estarão, mas não a favor de quem estarão ...

Os professores têm razão na luta que travaram contra o governo de José Sócrates. No entanto, correm o risco de a perder se enveredarem por objectivos como aquele que parece estar a ser definido pelas "associações independentes".

Será que tudo o que for contra José Sócrates serve, só porque é contra o actual primeiro-ministro?

sábado, agosto 29, 2009

A OUTRA ESQUERDA ... opinião de Nuno Cardoso da Silva

O Nuno Cardoso da Silva enviou o texto que se publica, no qual defende o PCTP/MRPP. Nuno Silva não é militante deste partido, mas defende-o fortemente!

TRIBUNA SOCIALISTA edita-o, numa perspectiva de provocar debate.

Fica, no entanto, claro que a opinião do TRIBUNA SOCIALISTA é radicalmente diferente das posições defendidas por aquele partido. Não somos "marxistas-leninistas", somos anti-estalinistas, somos libertários, temos uma concepção de socialismo que está nos antipodas da concepção que o MRPP ainda parece defender ... pelo menos, não temos conhecimento de nenhuma (auto) critica relativamente ao modelo chinês, não só o actual, mas também o que vigorou com Mao Tse-Tung.

João Pedro Freire

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A OUTRA ESQUERDA: O PCTP/MRPP (*)

Numa sociedade em crise, num clima de exclusão social e de pobreza crescentes, só a esquerda manifesta preocupação e vontade de corrigir esses desvios. A direita é essencialmente darwinista, glorifica o confronto e o sucesso dos mais fortes, despreza todos aqueles que parecem nada ter a contribuir do ponto de vista estritamente produtivo.

Só que esquerdas há muitas. Ou, pelo menos, há muitos que se dizem de esquerda, defendendo as coisas mais díspares. Optar pela “esquerda” é assim mais difícil do que parece. A esquerda é o Partido Socialista? É o Bloco de Esquerda? É o Partido Comunista Português? Ou será talvez um PCTP/MRPP, do qual as pessoas gostam de fazer troça, baseada em opções em tempos feitas?

O PCTP/MRPP classifica-se a si próprio de marxista-leninista, e há no seu seio ainda quem venere Estaline e Mao, embora em número cada vez menor. O MRPP teve uma influência significativa imediatamente após o 25 de Abril, altura em que nele militavam pessoas como Durão Barroso, Ana Gomes, Saldanha Sanches, Fernando Rosas, e tantos outros que depois foram aterrar noutros partidos. A postura fortemente crítica do MRPP relativamente ao PCP – ao qual apelidavam de “social-fascista” – esteve certamente na origem da proibição do MRPP concorrer às eleições, o que levou ao seu declínio a prazo. Com efeito, num clima ainda pré-democrático, com um eleitorado ainda não fixado em opções partidárias, impedir o MRPP de concorrer às eleições era obrigar a maioria dos que nele iriam votar a fazer outras opções que, com o tempo, se foram consolidando. Ao fim de alguns anos, o eleitorado potencial do MRPP tinha-se fixado noutras opções, e o MRPP deixou de ser uma ameaça aos partidos situacionistas (os que tinham sido aprovados pelo MFA).

No entanto o MRPP sobreviveu, adoptou o nome de Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP) e, sem perder o seu cariz marxista-leninista, foi aceitando o princípio do pluralismo democrático, tornou-se mais tolerante das opiniões diversas, e tornou-se num partido respeitador dos princípios democráticos, sem no entanto abandonar completamente o vocabulário mais revolucionário. A ditadura do proletariado já só é figura de retórica, e pouco se distingue do princípio geralmente aceite do governo da maioria.

Havendo tantas alternativas de esquerda, então porquê votar num PCTP/MRPP que ainda não conseguiu eleger um só deputado, embora o número crescente de votos que tem vindo a conquistar anunciem um próximo sucesso, talvez já em Setembro, em Lisboa?

A falência clara do sistema capitalista – apesar das tentativas para nos fazer acreditar que a actual crise não é estrutural, mas conjuntural -, aconselha a que se abandone esse sistema perverso e se opte por um sistema realmente socialista, embora bem distante do centralismo soviético. As próximas eleições deveriam dar um sinal claro nesse sentido. O problema está em que os partidos ditos de esquerda, com assento parlamentar, se foram habituando a conviver com o modelo capitalista, que já não põem em causa, e que apenas querem humanizar. Erro táctico capital. O capitalismo não pode ser humanizado, porque ele se baseia numa concorrência feroz que só beneficia os mais fortes. A sacrossanta eficiência produtiva é construída à custa da exploração de quem trabalha, e isso é inaceitável. A justiça social exige alguma perda de eficiência produtiva, no sentido de que não pode ser construída à custa da redução dos salários reais. E esta é, no entanto, um dos principais instrumentos do capitalismo agonizante.

Só o PCTP/MRPP demonstrou que não pactua com um sistema intrinsecamente injusto. O PCTP/MRPP não se satisfaz com um capitalismo de rosto humano, quer um socialismo construído na socialização dos meios de produção, mas sem centralismo estatal, sem constrangimento da liberdade de produzir, sem violação dos princípios democráticos. É evidente que uma transformação deste tipo exigiria uma ruptura com o actual sistema, mas sempre apoiada na vontade maioritária do povo português.
Eleger um deputado do PCTP/MRPP não vai permitir essa ruptura a curto prazo, mas permitiria uma intervenção política ao mesmo tempo crítica e pedagógica, que tornasse mais difícil ao próximo governo continuar a enganar os portugueses, e os fosse esclarecendo quanto às alternativas ao actual sistema de injustiça e exploração.

(*) Nuno Cardoso da Silva

PSD: a mesma tralha com mais do mesmo de sempre!

Conhecidas as intenções do PSD, depois de também já terem sido conhecidas as do PS, em matéria de propostas para políticas governativas, ficamos apreensivos, já que as diferenças, sendo de pormenor, possibilitam a criação prática da expressão política do "centrão", o chamado "bloco central"!

Ao mais do mesmo do PS, juntou-se agora mais do mesmo do PSD ... Manuela Ferrera Leite conseguiu "renovar" voltando a chamar toda a tralha cavaquista e barrosista que andava, como que sem emprego político, há alguns anos.
Não será que está na hora de tentar outras alternativas ?

quarta-feira, agosto 26, 2009

FRANCISCO LOUÇÃ: ENTREVISTA A LER NO JORNAL DE NEGÓCIOS DE HOJE!

A entrevista de Francisco Louçã, inserida na edição de hoje do JORNAL DE NEGÓCIOS é uma excelente peça para se compreender melhor as ideias e as propostas do Bloco de Esquerda.

Eis algumas ideias que selecionamos:


O APOIO ÀS PMEs


"Pergunta: E como combatia a crise que afecta as pequenas e médias empresas?

Resposta: O que as pequenas e médias empresas precisam é do acesso ao crédito. Temos de trasnformar o sistema de crédito. A proposta que fiz foi que os quatro mil milhões de euros, destinados à capitalização dos bancos e que não foram usados, fossem utilizados para um aumento de capital da CGD. Para o banco público promover o suporte da economia, cobrando o crédito à taxa que lhe permita remunerar o capital e pagar os seus custos"


O BPP E O BPN E O SECTOR FINANCEIRO


"Pergunta: O que faria de diferente no BPP e BPN?

Resposta: O Banco Privado Português devia ter encerrado as portas. Devia ter pago as suas garantias e dívidas e devia ter-se levado aos seus accionistas a responsabilidade, no âmbito legal, pelo buraco que está criado. Esta situação de suspender os pagamentos significa incapacidade de de decisão. E perante uma crise no sistema financeiro, a incapacidade de decisão é o pior dos pecados possíveis. A nacionalização do Banco Português de Negócios trasnformou-se numa imensa contaminação das contas públicas. Ainda não chegou lá porque é, para já, a CGD que está a financiar o banco. Mas acho extraodinário que, quando se colocava a opção de nacionalizar ou não a Sociedade Lusa de Negócios ou só o BPN, a escolha do Governo foi "vamos nacionalizar o prejuízo". Quando devia ter sido sobre o conjunto do grupo"

"Pergunta: Com o discurso que tem assusta os grandes capitalistas e isso pode prejudicar ainda mais a economia ...

Resposta: Não me venha com isso. Eles é que estão a assustar o País. Os melhores capitalistas, que eram homens com cursos de cristandade e da Opus Dey, assaltaram o seu banco, o BCP. Não me venham dizer que assusto por falar do que eles receberam. Jardim Gonçalves tem 40 guarda-costas pagos pelo BCP, para a vida inteira. Depois de ter sido corrido por ter as contas falsificadas."

NACIONALIZAÇÃO DAS ENERGIAS

Pergunta: E a nacionalização da Galp e da EDP não destruía a bolsa ?

Resposta: É inaceitável pensar em nacionalizar ou privatizar qualquer empresa por causa dos seus efeitos no mercado financeiro. Com essa lógica tinha de se privatizar toda a segurança social.


Pergunta: Esta "desprivatização" da Galp e EDP seria um confisco ou uma compra ?

Resposta: Há várias formas possíveis. De Gaulle nacionalizou sem indemnização"


"Pergunta: Uma política coerente à esquerda não faria cair a bolsa, fugir os capitais ...

Resposta: O que o Bloco defende são políticas sensatas. Não se vê nelas nenhuma que prejudique que não os interesses dos que vivem do saque económico ou do não pagamento de impostos. O levantamento do segredo bancário provoca a fuga de capitais? Desde quando? Temos de ter um controlo sobre as trasnferências de capitais. Porque é que, se compro um carro, tenho de o registar e alguém que aplica um milhão de euros pode fazê-lo secretamente?"

BLOCO DE ESQUERDA E PCP: AS DIFERENÇAS ....

"Pergunta: O que diferencia o Bloco do PCP?

Resposta: O projecto. Para o Bloco, o socialismo é o anti-capitalismo, é o combate à exploração social, é uma política de justiça, transparência e democracia económica. E é ao mesmo tempo de rejeição do modelo da China ou da União Soviética. O socialismo não é compatível com uma polícia secreta ou com a censura ou com a proibição de sindicatos. O socialismo é uma forma de democracia e só pode ser democrático"

NÃO A ALIANÇAS PÓS-ELEITORAIS

"Pergunta: Coloca a hipotese de fazer parte de um Governo de José Sócrates?

Resposta: Já disse que não. Sou opositor à política deste Governo que considero de irresponsabilidade económica, ingovernabilidade e instabilidade social.


Pergunta: Pode haver maioria absoluta nas próximas eleições?

Resposta: Não há nenhuma hipotese.


Pergunta: Um governo minoritário significará instabilidade política?

Resposta: Não. Instabilidade temos agora."

COMENTÁRIO TRIBUNA SOCIALISTA:


De uma forma geral, as posições de Francisco Louçã são muito claras e objectivas relativamente ao sentido das políticas propostas pelo Bloco de Esquerda. São claras e propiciam condições de um debate sério não só à esquerda , mas também no plano nacional.

Um único comentário mais critico, voltamos a fazer no que diz respeito aos cenários pós-eleições.

É hoje um dado, mais ou menos, aceite por todos os quadrantes que as próximas eleições legislativas não darão uma maioria absoluta ao PS nem a nenhum outro partido.

Partilhamos também a oposição a qualquer aliança com o PS de José Sócrates, o responsável pelo estendal de políticas neo-liberais e de submissão aos lobbies económico-financeiros desenvolvidas nos últimos quatro anos.

Mas numa perspectiva de esquerda, o Bloco, na nossa opinião, deveria assumir uma posição clara de defesa de uma alternativa de governo de esquerda, apelando à convergência entre socialistas, comunistas e todos os que querem outras políticas. Não se trata de um mero somatório de deputados da nova Assembleia da Republica para uma "maioria parlamentar de esquerda", mas antes, uma consequência de uma maioria social de esquerda que exige outras políticas de sentido inequivoco democrático e socialista.

Há uma imensidão de pessoas que têm sofrido os efeitos da crise e que não compreendem porque é que a direita se une e as esquerdas passam a vida a falar cada uma para seu lado, cada qual, falando numa "alternativa" que ninguém vê explicada, nem que tem qualquer tradução em políticas que combatam eficazmente o desemprego, a precariedade e que qualifiquem a democracia e os serviços públicos.

TED KENNEDY : MORREU UM DEMOCRATA !

Edward Kennedy faleceu ontem. Desapareceu um democrata norte-americano que deixará a sua vida liga a algumas acções legislativas importantes com alcance cívico e democrático.
Ted Kennedy - irmão dos assassinados Presidente John e candidato a Presidente Bob - representava uma certa "ala esquerda" do sistema norte-americano. Uma certa "esquerda" permitida pelo sistema, mas associado a algumas causas - emigração, saúde, trabalho - que o farão perdurar como uma referência cívica e democrática.
Ted Kennedy apoiou Obama e a sua batalha actual estava centrada na criação de um sistema de saúde universal nos EUA.

segunda-feira, agosto 24, 2009

QUAL A ALTERNATIVA À ESQUERDA ?

Não! PS e PSD, separados ou juntos, como alguns agora defendem, não merecem governar mais! Chega de centrão! Chega de mais do mesmo!
Mas o que é que defende o Bloco de Esquerda como alternativa?
A pergunta é pertinente, muito pertinente, num momento em que, constatando quase todos, que não haverá maioria absoluta de ninguém, o que é que, numa perspectiva de esquerda se poderá defender?
A questão do governo é muito importante. Para os desempregados, para os precários, para todos os que sofrem as consequências da crise, não é indiferente que exista um qualquer governo.
É sempre preferível que exista um governo com políticas com sensibilidade social, com sensilidade democrática e com sensibilidade de justiça social, do que uma oposição com essas sensibilidades todas ... para a mudança da vida das pessoas o que conta são as políticas que são determinantes e não os protestos que se conseguem contra esta ou aquela política! Políticas que sejam parte de um programa global !
Um desempregado quer políticas que gerem empregos. E empregos com direitos. Empregos duráveis. Um desempregado não vive, nem alimenta o seu futuro com protestos eternos!
Por isto, é que é importante saber QUAL A ALTERNATIVA À ESQUERDA para se acabar com tantos e tantos anos de várias faces do mesmo centrão!

quarta-feira, agosto 19, 2009

ESTABILIDADE: UM EXEMPLO DO QUE É CAPAZ O CENTRÃO!

Já repararam que aqueles que mais enchem a boca com a "estabilidade governativa" e se apresentam como os simbolos da "democrática" alternancia, são os mesmos que estão, neste momento, envolvidos nessa anedota de Verão que é a guerrinha entre o PS/Governo, a Presidência da Republica e o PSD ?

segunda-feira, agosto 17, 2009

COMO REAGIR, À ESQUERDA, A UM CENÁRIO PÓS-ELEITORAL SEM MAIORIA ABSOLUTA ?

As sucessivas intervenções públicas de dirigentes das esquerdas do PS, propondo "soluções governativas" para um cenário pós-eleitoral sem maioria absoluta merecem uma reflexão mais cuidada que aquela que tem sido feita, reactivamente, pelas direcções do BE e do PCP.

Antes de mais, essas intervenções de dirigentes do PS, são mais um sintoma de que já nem o PS acredita na reedição de uma maioria absoluta.

Ora um cenário de triunfo do PS sem maioria absoluta num quadro parlamentar e social de maioria das esquerdas, obriga TODAS as esquerdas a reflectir sobre qual a melhor solução. Porque, desta forma, a actual direcção sócratica não estará em condições de repetir as políticas neo-liberais e de direita dos últimos quatro anos, a não ser que surjam alianças pontuais ou duradouras com o PSD e o CDS ou só com um ou com outro. Não andaremos muito longe da verdade, se concluirmos também que a maioria da base militante do PS não apoiaria mais quatro anos de políticas governamentais de direita.

É compreensível e até correcto que tanto o Bloco como o PCP, rejeitem qualquer aliança com o PS tendo em conta as políticas que foram desenvolvidas pelo governo Sócrates. Essas políticas são e serão insustentáveis numa perspectiva de um governo que queiram dar uma outra dinâmica ao País. Uma dinâmica mais democrática, mais socialista e radicalmente anti-neo-liberal.

Mas o PS é muito mais que a sua direcção Sócrates. É sintomática e até relevante, que as esquerdas do PS se movimentem, cada vez, com mais ruído e visibilidade. Ignorar este dado, continuando a emitir posições como as que têm sido dadas pelo BE e pelo PCP, é contribuir para que o PS seja novamente lançado para os braços da direita - política e dos interesses económicos - isolando as suas correntes de esquerda.

A rejeição de políticas de direita não pode significar a rejeição, pura e simples, de um diálogo, sob condições, com o PS. O PS não deve ser encarado como uma coutada de Sócrates e da sua direcção. O PS tem uma base social e militante que são imprescindiveis e incontornáveis para uma alternativa de esquerda para que se consiga outra governação.

O diálogo entre as esquerdas não tem de ser programado e até agendado. Há temas que podem ser lançados para discussão pública, como a questão da nacionalização dos sectores estratégicos da economia, como a necessária e urgente revisão do Código de Trabalho do governo Sócrates, como a redefinição de novas políticas de investimento público, como a reforma da segurança social, como a crescente precarização do trabalho, como a defesa da escola pública e do serviço nacional de saúde , etc, etc. As esquerdas podem ter entre si e estabelecer entre si, na sua base social e militante, espaços de discussão e de reflexão, sem que se caia na obrigatoriedade de um debate formal entre direcções partidárias. O debate que muitas vezes se consegue na blogosfera, é um bom exemplo, já que é, quase sempre, transversal, aberto e livre.

As esquerdas não podem chegar às eleições com a eterna imagem de, ao contrário da direita, nunca conseguirem dialogar para a definição de um governo de esquerda e só conseguirem, cada partido de esquerda, apresentar programas "muito bons", mas que nunca passam disso!

Havendo uma maioria social de esquerda, não há razão para que as direcções dos partidos de esquerda continuem a comportar-se, entre si, como autistas!

Uma alternativa de esquerda não se pode resumir ao mero somatório de deputados parlamentares para dar um resultado maioritário. Essa alternativa precisa de saber e conseguir discutir claramente programas e politicas governamentais. Essa é uma discussão prévia e não posterior!

Imaginem qual seria a repercussão política na Europa, de um governo das esquerdas em Portugal com um programa e políticas de sentido democrático e socialista e que contrariasse os últimos anos de politicas de direita e neo-liberais? Decerto que ainda se lembram do efeito que os "Não" franceses e holandeses tiveram em toda a Europa ...

sábado, agosto 15, 2009

OU NÓS OU O CAOS ... SERÁ ASSIM ?

EM RESPOSTA À POSTA "A coligação das parcas" DO BLOGUE "O Grande Zoo":


Aqui está uma posição algo na linha do "ou nós ou o caos"!

Já hoje quando li a entrevista de Ferro Rodrigues no Expresso, fiquei com a sensação de estar perante uma posição do género: "é preciso tentar tudo, para que o PS não fique na oposição". A posição de Ferro Rodrigues e a de Rui Namorado não são iguais, mas desaguam no mesmo: manter o PS no Governo, custe o que custar!

E o mais sintomático (tem a ver com a aridez de políticas socialistas ao longo dos últimos 4 anos de socratismo) é que ambas as posições esquecem de abordar a questão das políticas que um governo PS deveria desenvolver, numa perspectiva de esquerda e socialista.

Ferro Rodrigues e Rui Namorado, representam, cada qual, uma certa esquerda do PS e, estas posições, a entrevista e a posta, são preocupantes. Preocupantes porque parece que até a esquerda do PS está embalada/adormecida com as "justificações" dadas por Sócrates ao longo dos últimos 4 anos para as políticas que desenvolveram.

E se essas políticas não são a causa da crise que se vive, em nada contribuiram para que essa crise pudesse ser atacada e barrada com políticas onde as prioridades sociais e o esforço de voltar a dar protagonismo político aos trabalhadores fossem uma evidencia. Ao longo de quatro anos, a direcção sócratica repetiu políticas que a direita não teria coragem de aplicar se fosse governo ... o exemplo do Código de Trabalho é disso uma evidência.

Esta coisa de que, quando há crise económica, as soluções para a combater serem como que abstractas e "comuns" à direita e à esquerda, é algo que tem atrasado a definição de uma alternativa de poder de esquerda e acentuado a predominância da chamada "economia de mercado", como se não houvesse outro tipo de economia!

Pessoalmente considero que a solução "PS com maioria absoluta" não resolve nem contribui para a resolução dos problemas existentes, numa perspectiva de esquerda. Porquê? Porque parece que a(s) própria(s) esquerda(s) do PS ficam embaladas pelo discurso da sua direcção partidária ... por isso, defendo que seria importante que o PS fosse "obrigado" a dialogar À ESQUERDA para a definição de uma alternativa plural e maioritária COM políticas de esquerda, democráticas e socialistas!

Isto seria uma forma de recolocar TODO o PS à esquerda e sensivel para políticas onde os trabalhadores voltem a ter protagonismo político e social!

João Pedro Freire

sábado, agosto 08, 2009

RAUL SOLNADO: FAZIA PARTE DA FAMILIA DE TODOS NÓS ...

A falta que este Homem vai fazer ...

Raul Solnado era como se fosse membro de cada uma das nossas famílias ... de todas!

Gostava mesmo muito do Solnado e de tudo o que ele fazia ...

sexta-feira, agosto 07, 2009

ALTERNATIVA ... PRECISA-SE! ... MAS É PRECISO EXPLICAR MELHOR ... (UMA RESPOSTA A UM COMENTÁRIO)

Em jeito de resposta a um comentário do Nuno Cardoso da Silva na posta ALTERNATIVA ... PRECISA-SE! ... MAS É PRECISO EXPLICAR MELHOR ... , Paulo F. Silva, bloquista e membro da sua Mesa Nacional, avança com a sua opinião pessoal. Opinião que se edita como forma de se proporcionar debate !



Meu caro João Pedro Freire,

Ainda que com algum atraso, em relação ao que eu próprio me tinha proposto, aqui vai o que se me oferece escrever a propósito da questão colocada há dias pelo Nuno Cardoso da Silva.

Antes de mais um pequeno esclarecimento. Este texto não é a resposta de um mesário bloquista, apenas de um militante da Esquerda Socialista que, não por mero acaso, é aderente do Bloco de Esquerda e que, circunstancialmente, é membro da sua Mesa Nacional. Nada mais.

Propriamente sobre a “pergunta essencial” do Nuno Cardoso da Silva, confesso que, à partida, me pareceu uma provocação amiga. Provocação porque é descontextualizada, face à posta em causa, e simultaneamente amiga porque não é ofensiva. Desconheço se assim é, ou não, mas a minha opinião aqui fica, e à qual darás o destino que muito bem entenderes.

A “pergunta essencial” parte do princípio, a meu ver errado, de que tudo gira em torno da economia, tudo o que acontece é assim, ou assado, porque o dinheiro assim o dita. Há imensos anos que discordo desta ideia. O dinheiro, a economia, é importante, mais ainda mais relevantes são as movimentações sociais. A História está aí para nos mostrar que todos os momentos em que o mundo pulou e avançou aconteceram porque as pessoas se agregaram em torno de uma ideia, mesmo quando a ideia não ia muito além da simples satisfação da básica necessidade de sobrevivência. Assim sendo, e porque toda a posta do João Pedro é construída, e bem, em torno da ideia de que a Esquerda Socialista é pólo motor de “uma nova alternativa de Governo com políticas democráticas e socialistas”, percebo as dúvidas e as perplexidades que se lhe colocam na perspectiva do processo evolutivo das dinâmicas sociais inerentes à referida alternativa. Em nenhum momento se diz, nesta posta e em todos os outros escritos do João Pedro Freire, que o caminho é fácil e linear. É óbvio que não! Mas ele está atento, e na expectativa do que pode, eventualmente, vir a acontecer…

Por isso questiona-se sobre o que pode acontecer num eventual cenário pós-eleitoral sem maioria absoluta. Por isso recorda que o Bloco de Esquerda já recusou, de diversas formas e através de vários dos seus protagonistas, quaisquer alianças com um PS com maioria relativa. Por isso evoca ele a possibilidade dos “limites” da Esquerda Socialista serem suplantados pelas dinâmicas dos movimentos sociais, dos trabalhadores, e dos novos movimentos de cidadania.

Daí também que eu pense que a “pergunta essencial” – “Se o BE tivesse a possibilidade de integrar um governo de coligação de partidos de esquerda, imporia como condição a nacionalização de toda a banca e a transformação da banca em actividade sem fins lucrativos?” – é, em simultâneo, provocatória e amiga. Por um lado, a questão, ainda que hipotética, nem se coloca! Por outro, o Bloco em situação alguma estará em condições de “impor” o que quer que seja!

Tanto quanto sei, em circunstância alguma se colocou, no seio do Bloco de Esquerda, a possibilidade da “nacionalização de toda a banca”. O Bloco (tal como Karl Marx!) não é contra a actividade privada, é pela defesa de princípios em nome do que é público e de todos. O Bloco não é contra a banca privada, é pela defesa de políticas públicas e socialistas, inclusive, neste sector de actividade. E destes princípios é evidente que o Bloco não poderá nunca abdicar! Seja em que cenários for.

É evidente que a banca é um “sector estratégico” e que, portanto, deve ser tendencialmente (a expressão é da minha autoria!) público, porque a sua acção tem implicações directas e objectivas na vida quotidiana dos cidadãos. A Caixa Geral de Depósitos (CGD), enquanto braço comercial do Estado no sector da banca, deveria ser orientada por políticas totalmente divergentes das nossas conhecidas, ou seja, não faz sentido que pratique juros elevados que apenas favorecem o jogo especulativo, prejudicando os cidadãos de uma forma geral. E também não escondo um sorriso ao imaginar o que aconteceria ao BCP, ao BES e por aí fora se existisse uma CGD que aplicasse políticas públicas e, portanto, dirigisse a política de crédito do país…

Mas, então, a banca seria transformada numa espécie de “actividade sem fins lucrativos”? Claro que não!, isso é outro pequeno detalhe provocatório na “pergunta essencial”… A banca deveria ser uma actividade comercial que, como tal, se sujeitaria às condições da oferta e da procura. Em termos muito práticos digo mesmo que se essa banca privada que tanto preocupa o Nuno Cardoso da Silva der prejuízos então que feche a porta. Até porque a filantropia não se pratica por esta área…

Entre dez milhões de cidadãos diariamente prejudicados por políticas orientadas unicamente em função do lucro e meia dúzia de senhores que engordam escandalosamente todos os dias, eu não hesito.

Um abraço,

Paulo F. Silva

quinta-feira, agosto 06, 2009

BLOCO DE ESQUERDA EDITA PROGRAMA DE GOVERNO EM LIVRO

Já aqui aplaudimos a iniciativa do Bloco de Esquerda em redigir um Programa de Governo, com vista às eleições legislativas. É uma iniciativa de afirmação do Bloco como partido-movimento de propostas e não só de protesto.

À esquerda é importante que um partido se afirme simultaneamente como força de proposta e força de protesto. A afirmação por políticas socialistas tem de partir de um protesto claro e de uma recusa inequivoca da ordem capitalista existente, nas suas vertentes política, económica, social e cultural.

Agora o Bloco de Esquerda publicou em livro a sua proposta de programa de governo. É mais um passo com um importante sentido político. Está-se assim a por à disposição das pessoas - ao seu conhecimento, análise e discussão! - o concreto das propostas do Bloco.

O Bloco é o primeiro partido a ter esta iniciativa. Outros, provavelmente, seguirão o exemplo! Mas, para já, esta iniciativa servirá para calar aquelas vozes que só viam nos actos e acções do Bloco, "protesto", "falta de propostas", "só dizer mal", etc, etc ...

quarta-feira, agosto 05, 2009

O EXEMPLO DE MANUEL ALEGRE PELO PRÓPRIO!

A consulta do portal de Manuel Alegre dá mesmo que pensar!

Fixem as duas últimas postas do seu blogue:


e


Ou seja, Manuel Alegre depois de ter sido "elogiado" (todos percebemos o significado hipócrita destes elogios!) por "todas as bancadas", acaba por ser "retaliado politicamente" pelo seu próprio partido!

Há um comentário que se poderia fazer: o orgão máximo desta democracia parlamentar, fortemente colonizada pelo totalitarismo neo-liberal, reproduz em elogio o que nada representa! Porque este Parlamento só representa quem o elegeu no momento imediatamente a seguir ao da sua eleição ... depois é o que sabemos, quanto a jogos e joguetes nunca escrutinados pelos eleitores! Depois o partido a que pertence Alegre, o partido de Sócrates, acaba também por ser uma reprodução daquele totalitarismo neo-liberal. Ou seja, aparentemente parece existir "democracia interna" e "direito de tendência" - visível no mediatismo dos congressos! - mas, na prática, isso não serve para nada que seja expressão de democracia e do direito à pluralidade ...

O próprio Manuel Alegre parece que também já consegue fazer o que contesta nos outros! ... Veja-se o que terá passado no "seu" MIC aquando do aparecimento do recentemente formado "Movimento da Nova Esquerda" ... Manuel Alegre parece que se terá esquecido de algumas regras democráticas para contestar aquele novo Movimento, continuando o seu interminável discurso do "um milhão de votos" ...

Provavelmente o que se passa nos PSs de todas as matizes e gostos, passar-se-á em todos os partidos habituados (!) aos meandros e às dinâmicas (!) do parlamentarismo da democracia deste neo-liberalismo atrofiante!

Ainda e sempre, fica uma questão: qual será mesmo a melhor forma de representar permanentemente a vontade das pessoas em todas as formas de poder ?

João Pedro Freire

terça-feira, agosto 04, 2009

INTENÇÃO DE VOTO (*)


(*) Agradeço a quem enviou este cartoon. Chegou até aqui, via grazia.tanta@gmail.com .

domingo, agosto 02, 2009

ALTERNATIVA ... PRECISA-SE! ... MAS É PRECISO EXPLICAR MELHOR ...

O Bloco de Esquerda, através de Francisco Louçã, tem recusado - e bem! - alianças com um PS que, nos últimos quatro anos, avançou com políticas desalinhadas com qualquer perspectiva de esquerda e/ou socializante.

O Bloco de Esquerda já apresentou o seu "Programa de Governo" e, faz bem, em diferenciar-se de qualquer tendência neo-liberal, mesmo daquelas que, em períodos eleitorais, assumem uma tonalidade mais esquerdizante.

Louçã também tem referido que o Bloco é um partido de protesto mas também de proposta. O que é importante e afirmante!

Mas perante um possível cenário, pós-eleitoral legislativo, de falta de maioria absoluta (o que se festejará, a acontecer!) o Bloco deveria assumir uma posição mais pró-activa, à esquerda, na definição de uma alternativa de governo!

É importante a diferenciação em relação a um PS colonizado à direita pela direcção sócratica. É importante recusar também "alternativas" que resultem sómente de somas e jogos aritmético-parlamentares, mas que não produzem políticas e dinâmicas sociais diferentes, novas e de mudança. É importante também deixar claro que HÁ DIFERENÇAS entre um governo de direita com políticas de direita e um governo do PS com políticas de direita.

Mas, as pessoas interrogam-se: então qual é a alternativa que o Bloco de Esquerda quer? qual é a alternativa quando Louçã parece dizer que não faz "coligações" e/ou "alianças" com ninguém?

As respostas devem ser claras de modo a que as pessoas se mobilizem por algo novo mas também concreto!

O Bloco de Esquerda, como pólo organizado da esquerda socialista, intervém prioritáriamente nos movimentos sociais, já que é aqui que podem surgir novas dinâmicas alternativas. Dinâmicas alternativas de governo para novas políticas que estanquem o neo-liberalismo e voltem a dar a iniciativa aos trabalhadores, aos cidadãos!

A possível inexistência de uma maioria absoluta parlamentar vai acontecer num quadro de maioria parlamentar das esquerdas e, mais importante, de maioria social das esquerdas. E é aqui que deveria assentar a proactividade do Bloco: intervir mais activamente no movimento social, conseguir criar pontes e acções unitárias com TODO O ESPAÇO DA ESQUERDA SOCIALISTA!

E qual é o espaço da esquerda socialista: a base social e militante do PS, as suas correntes de esquerda, o Bloco de Esquerda, um enorme eleitorado flutuante à esquerda (embora profundamente independente e até volátil!).

A esquerda socialista é o espaço motor e dinamizador de uma nova alternativa de governo com políticas democráticas e socialistas. Mas a intervenção nos movimentos sociais, no movimento dos trabalhadores, nos novos movimentos de cidadania pode e criará dinâmicas sociais que suplantarão os limites dessa esquerda socialista!

É por aqui que seria necessário que o Bloco explicasse melhor quando fala de "alternativa" e diz que não faz coligações ou alianças com ninguém ...

ZECA AFONSO ... TERIA 80 ANOS!

Hoje o Zeca faria 80 anos!
Mas o Zeca continua PRESENTE com tudo o que nos deixou ...
Esta ... VAMPIROS ... como continua bem actual !

quinta-feira, julho 30, 2009

AS "NOVIDADES" DO PS versão eleitoral ...

Programa e listas do PS, reflectem o que tem sido o percurso político de José Sócrates nos últimos anos. Qualquer coisa como ser "de esquerda" nos momentos eleitorais, para depois, por causa das "heranças" dos governos anteriores ou por causa da "crise" se voltar a esquecer o que prometeu ... quer no momento das promessas, quer no momento em que esquece as promessas, o ar é sempre como se tivesse sido aquilo que sempre disse ...

Diriamos que a composição das listas do PS não reflectem em nada, aquilo que continua a ser uma base partidária de esquerda. A direcção sócratica do PS pincelou "à esquerda" com uns quantos nomes, mas ignorou as correntes que, no seio do PS, se reinvidicam de esquerda, como a "corrente de esquerda socialista" e a "corrente de opinião socialista". As listas acabam assim por estar dominadas por toda a tralha aparelhistica que, nos últimos anos de governação de maioria absoluta, teve o efeito eucalipto na vida interna do partido, secando debate e afastando militantes mais criticos.

Aconselha-se a leitura desta posta extraída do blogue "O Grande Zoo".

segunda-feira, julho 27, 2009

MIGUEL VALE E ALMEIDA NO PS: CONSEGUIRÁ ?

Diz Miguel Vale de Almeida, no seu blog:

"Nestes 3 anos critiquei ferozmente o PS em várias circunstâncias (dois exemplos: a reforma universitária e o casamento entre pessoas do mesmo sexo). Critiquei atitudes, discursos, políticas, sobretudo em torno da universidade ou em torno das questões LGBT e outras. (Como critiquei - mas essas críticas esquecem-nas os citadores compulsivos - os pressupostos, crenças e tiques de muito pensamento e acção da esquerda à esquerda da social-democracia). Mantenho essas críticas, como se mantem o contexto em que foram feitas. Fi-las por achar que o PS deve ser mais explicitamente de esquerda e rever os erros da terceira via e da cedência a uma suposta inevitabilidade neo-liberal no mundo de hoje. Fiz essas críticas ao mesmo tempo que fui afirmando a minha opção política por uma social-democracia a sério e o meu desejo de que a ruptura histórica entre a área do PS e a área do BE fosse (seja) ultrapassada graças ao contributo daqueles e daquelas que se revêm numa esquerda social-democrata. Continuarei a fazer críticas com estes pressupostos."

Não me parece que Miguel Vale de Almeida tenha cedido políticamente às políticas de José Sócrates, pelo facto de ter aceitado ser candidato a deputado pelo PS.

Miguel Vale de Almeida, pelo que escreve, mantém uma posição de independência face às políticas neo-liberais que caracterizaram a governação e a prática do PS nos últimos quatro anos. Miguel Vale de Almeida é um activista do movimento gay que se sente melhor numa posição de independência e que considera que será mais proveitoso (para os seus compromissos políticos e sociais) se conseguir ser eleito deputado.

Falta saber se Sócrates e a direcção do PS cumprirão o que agora prometem quanto a medidas como, por exemplo, o reconhecimento do casamento gay. E se não as cumprir como agirá Miguel Vale de Almeida.

Pessoalmente tenho todas as dúvidas do mundo sobre a roupagem de esquerda que Sócrates volta a vestir para consumo eleitoral. Já aqui se disse que "VAI ABRIR A TEMPORADA "DE ESQUERDA" DA DIRECÇÃO DO PS ...", mas não critico quem procura entrar no PS com propósitos de esquerda.

É preciso é que continuem a ter os meus propósitos no pós-eleições e saibam dialogar e estabelecer pontes com outras esquerdas ...
João Pedro Freire

domingo, julho 26, 2009

RUÍDO & ALGAZARRA ...

Quando as preocupações imediatas dos que se dizem "à esquerda" se reduzem
à discussão de lugares em listas ou a tentativas de contratação do tipo futebolistico, isso quer dizer que "à esquerda" o parlamentarismo também começa a ser mais importante que a discussão de políticas e de programas e a luta de classes é algo a que já não se liga muito.
Antes de mais, convém reafirmar que debates sérios entre correntes de esquerda em Portugal, não tem existido. Mesmo entre os que se dizem da esquerda socialista - espaço que corta transversalmente a esquerda do PS, o BE, a Renovação Comunista e muitos e muitos sem partido - o debate está muito reduzido ao grupo de cada um e nunca se viu algo a que pudessemos chamar de debate inter-grupo/inter-correntes ou qualquer coisa do género.
Os militantes de cada partido, grupo ou movimento parece que pertencem a cada direcção, não por culpa, só, das direcções, mas porque os próprios militantes também se põem muito a jeito!...
À esquerda, a política não deveria estar reduzida a um jogo de xadrez e, muito menos, a uma guerra do tipo clubes de futebol. A intervenção nos movimentos sociais, no processo de luta de classes, que origina programas e políticas, deveria ser o que determinaria o debate!
Claro que não é nada assim, e, quem pensa uma coisa destas, acaba por ser considerado "lunático", "idealista" e outros piropos do género ...
Já aqui defendemos a importância das esquerdas terem capacidade para definirem uma alternativa de democracia e de socialismo de poder. Já aqui apelámos, muitas vezes, ao diálogo e discussão sérias entre partidos, correntes, grupos e militantes das esquerdas.
No entanto, em véspera de eleições, o que agora surge, é um grande ruído entre dirigentes à esquerda sobre convites cruzados a militantes de um partido para integrarem as listas de outro partido.
É claro que o modo como são feitos determinados convites a troco de contrapartidas, revelam muito o carácter e a visão política de quem os fez! Mas os comentários posteriores, as acusações cruzadas, o ruído deveriam ser breves, muito breves ... toda essa algazarra perturba o debate que se quer, perturba e afugenta muita gente que já não suporta, aquilo a que a opinião pública chama de "guerras entre políticos" ...
Falamos sobre o possível/hipotético/certo convite que o PS dirigiu à bloquista Joana Amaral Dias a troco (ao que dizem!) de traficâncias no poder de Estado.
Não vemos grande problema no convite de um partido a um militante de outro partido. No caso da Joana Amaral Dias, até, ao que parece, recusou o convite. Ponto final, parágrafo!
Também não vemos grande problema no convite a Miguel Vale Almeida, ex-bloquista há três anos, que, no caso, aceitou integrar as listas do PS.
O que está em causa, foram as possíveis contrapartidas que o ACTUAL PARTIDO NO GOVERNO terá oferecido a Joana Amaral Dias para aceitar um lugar de eleição certa nas listas desse partido. Isso, a ter acontecido, é, de facto, traficar influência no aparelho de Estado por parte de um partido que, nos últimos quatro anos, ocupou (!) esse aparelho estatal.
Mas ... a Joana Amaral Dias NÃO ACEITOU!
O que seria muito interessante era ouvir, ela mesmo, a Joana Amaral Dias a contar o que aconteceu! Seria uma forma de se acabar com a algazarra e podermos discutir, à esquerda, programas, políticas e diferenças!

sábado, julho 25, 2009

CANDIDATURA NA FREGUESIA DA SENHORA DA HORA (Matosinhos)

As freguesias são o nível do Estado mais próximo dos cidadãos. A este nível é possível desenvolver formas de democracia directa, de democracia exercida efectivamente pelos cidadãos. Este é um dos grandes desafios!
As freguesias podem também estar na primeira linha da luta contra as consequências sociais da actual crise económica. A proximidade com a realidade social, faz de cada Junta um instrumento importantíssimo para o primeiro desenvolvimento de políticas e de medidas soc iais.
Mas as Juntas de Freguesia precisam também de um outro enquadramento que lhes devolva mais poderes e mais competências que têm sido, progressivamente, tomados por uma espécie de novo centralismo camarário.
Democracia directa, acção e políticas sociais, mais poderes e competências para as Juntas de Freguesia são vectores desta candidatura do Bloco de Esquerda na Senhora da Hora (Matosinhos).