tribuna socialista

terça-feira, agosto 03, 2004

Uma corrente socialista libertária no P.S.

A preparação de um Congresso Nacional no Partido Socialista é um momento escelente para se relançar o debate politico e ideológico que tanto escasseia no dia-a-adia.

DEMOCRACIA & SOCIALISMO tem uma posição muito clara de apoio à candidatura do camarada Manuel Alegre. Pelo que ela significa de clarificação à esquerda e de afirmação do PS como socialista e núcleo fundamental de uma alternativa de esquerda ao actual governo da direita neo-liberal .

A intervenção de Manuel Alegre na apresentação da sua candidatura fica como um autêntico manifesto, como um apelo à convergência das vontades militantes socialistas e de esquerda.
DEMOCRACIA & SOCIALISMO assume, no entanto, uma posição de apelo a uma CORRENTE SOCIALISTA LIBERTÁRIA no seio do PS. Consideramos que as diversas experiências governativas do PS, com inúmeras cedências à direita (chegou mesmo a dizer-se que o PS fazia, no governo, as políticas que a direita não tinha coragem de fazer…), afastou o Partido da realidade social e dos grandes debates nacionais e internacionais das esquerdas. O PS não se renovou, o PS acabou por se burocratizar!

Uma corrente socialista libertária no PS, não fala só para dentro do PS, fala também permanentemente para a base social das esquerdas.Com propostas próprias propõe a intervenção no movimento sindical, nos diversos forums sociais e cidadãos, em todos os movi-mentos sociais que surgem.

Estamos convictos que a tão falada renovação do PS, só pode acontecer se conseguirmos fazer do Partido Socialista um partido de militantes activos onde quer que estejam. A propósito, somos de opinião que os núcleos laborais de empresas e sectoriais, os núcleos de intervenção ecológica, os núcleos de interveñção nos problemas dos consumidores, ou seja, núcleos de intervenção directa nos problemas quotidianos deveriam ser incentivados e devidamente apoiados.

Uma corrente socialista libertária não é mais uma “sensibilidade” para concorrer a orgãos dirigentes e a lugares de deputado. Existimos para, em contacto permanente com os militantes, propor uma postura anti-capitalista para as propostas do Partido Socialista. Acreditamos que as reformas sociais e políticas que o País precisa não podem ter êxito no quadro de uma economia capitalista ou liberal, mesmo que se pinte com floreados verbais do tipo “economia social de mercado”. Afinal uma experiência que a prática demonstra que é sempre mais de mercado e cada vez menos social. Preferimos relembrar uma postura que já foi do PS, a planificação democrática da economia. Ou seja, as mudanças económicas precisam da participação decisiva dos trabalhadores e dos cidadãos consumidores e contribuintes.

Essa participação tem de se fazer através de formas de organização directa, aperfeiçoando-se, por exemplo, as experiências das comissões de trabalhadores.

Uma corrente socialista libertária propõe a permanente articulação das formas de democracia directa e de democracia representativa . Só uma, como sucede actualmente com o excesso de parlamentarismo, cria formas distorcidas e deficitárias de democracia. Consideramos também que só a democracia directa, criaria uma distorção populista da democracia com o possível aparecimento de “caudilhos”.

Pugamos por um socialismo que rejeite as caricaturas estalinista, liberal/social-democrata e esquerdista. Para nós, o socialismo continua a ser a ideia mais moderna e mais democrática, e, a única alternativa ao capitalismo na sua fase globalizada. O socialismo não se faz por decreto e muito menos através de concessões a lobbies financeiros e/ou à direita. O socialismo precisa da intervenção generalizada dos trabalhadores e dos cidadãos que são espezinhados pelas políticas neo-liberais.

A corrente socialista libertária do PS apela a todos os militantes e às mulheres e homens de esquerda que se juntem para darem força a uma alternativa que torne o PS um partido à esquerda, de esquerda e comprometido com a vontade dos trabalhadores!

João Pedro Freire
Militante nr.3760
(a incluir no nr.3 do boletim DEMOCRACIA & SOCIALISMO)

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