tribuna socialista

sábado, fevereiro 05, 2005

NO RESCALDO DE UM DEBATE ...


Quanto ao debate entre Santana Lopes e José Sócrates não tem qualquer interesse "saber quem ganhou" o debate. O que está em causa não é o resultado de um desafio de futebol ou de uma partida de pingue-pongue. Importa saber, isso sim, o que é que diferencia José Sócrates, enquanto candidato do PS a primeiro-ministro, de Santana Lopes, actual primeiro-ministro demissionário do demitido governo de direita.

E o grande drama político é que José Sócrates e o seu PS são a alternativa eleita pelos portugueses que querem pôr fim ao governo de direita, mas José Socrates e o seu PS não se conseguem diferenciar claramente das propostas da direita. Isso ficou visível no debate. Santana e Sócrates disputam o mesmo lugar por partidos diferentes mas com propostas que se localizam na mesmíssima matriz de pensamento. As propostas de ambos estão localizadas no âmbito da defesa da chamada "economia de mercado". E se porventura se tivesse discutido o que cada um pensa sobre a chamada "Constituição Europeia" , então as semelhanças seriam mais evidentes e de um debate passariamos a um programa de televisão com dois protagonistas a defenderem os mesmos pontos de vista.

Temos dito e mantemos, como socialistas que somos: o PS não é verdadeira alternativa à direita se insistir em repetir fórmulas que falharam e que levaram à sua própria derrota. E uma dessas fórmulas foram os governos de António Guterres. Um Partido Socialista enquanto governo não deve nem pode basear a sua acção governativa na permanente tentativa de conseguir equilibrios onde deveriam existir rupturas e coragem política. É verdadeiramente confrangedor ver José Sócrates basear quase todo o seu discurso político na defesa das políticas guterristas, como se fossem e alguma vez tivessem sido alternativa à direita.

José Sócrates deveria ter um pouco mais de respeito pela opinião de todos aqueles que votam PS, mesmo não sendo socialistas ou que deixaram de votar PS com Guterres, porque identificam, neste momento, o PS como a principal referência para se acabar com os governos de direita. José Sócrates não pode ver em cada voto que o PS receberá como um espécie de "cheque em branco" quanto às políticas que desenvolverá no governo.

No debate entre Sócrates e Santana, os portugueses, de certeza, que consolidaram a ideia de que os governos de direita e os seus primeiro-ministros NÃO SERVEM! Mas deverão ter alimentado alguma desilusão quanto à alternativa que José Sócrates protagoniza.

Como socialistas, temos algumas dúvidas quanto à fórmula "maioria absoluta do PS". Dúvidas que surgem em função de políticas que querem ressuscitar.

Votamos PS e apelamos ao voto no Partido Socialista! Mas preferimos que o PS tomasse a iniciativa, como partido maioritário da esquerda, de propor um acordo político pós-eleitoral ao PCP e ao Bloco de Esquerda, para se criarem condições políticas e de mobilização social para a mudança que se apregoa. José Sócrates e a sua direcção no PS deveriam reflectir sobre o significado do voto PS em muitas zonas do País: é o voto convergente da pluralidade da esquerda! E essa realidade merece estar espelhada num governo que quer realizar mudança política, social, económica e cultural. Um governo de esquerda com um programa e políticas de esquerda!

Posted by Hello

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