tribuna socialista

terça-feira, julho 25, 2006

MANUEL ALEGRE DEVE UMA EXPLICAÇÃO!


A notícia saída na edição de hoje do "Correio da Manhã" (CM) sobre a reforma de Manuel Alegre pela RDP, merece alguns comentários.

Comentários sobre esta democracia e também comentários sobre o cidadão Manuel Alegre.

Manuel Alegre diz ao CM que "se não me enviassem a carta nem dava por isso". Manuel Alegre esteve na RDP menos de um ano e depois foi sempre eleito deputado em todas as eleições. Manuel Alegre, o PS e o CDS dizem que a situação "é legal".

Como é possível que, de tanto ser eleito, um cidadão se esquece da sua actividade profissional? Este é, na nossa opinião, um dos grandes problemas das democracias ocidentais: os deputados deixam de ser cidadãos trabalhadores como os outros e passam à tal casta chamada de "classe política".

Manuel Alegre, socialista, homem de esquerda, ex-candidato de esquerda à Presidencia da Republica, arauto do serviço público, é, afinal e também, mais um elemento dessa tal "classe política". E isso é visível quando se escuda na "legalidade" da sua noticiada reforma, para não explicar nada e para optar por um imenso silêncio.

As leis desta democracia têm de ser comentadas, criticadas e a luta pela sua substituição é legitima. Parece, para a tal "classe política", que essas leis são imutáveis e servem de escudos para a imunidade dos ditos políticos!

Tudo isto acontece num momento em que esta democracia é tomada por uma dose (cada vez mais insustentável) de parlamentarismo, hiper-representativismo e um brutal deficite de participação popular, directa e cidadã.

Esta democracia não tem nada de nada a ver com o que as pessoas quiseram construir nos dias a seguir ao 25 de Abril de 1974. Esta democracia é, cada vez mais, uma cópia do que de pior sempre tiveram as democracias ocidentais: representativismo com cheiro a carreirismo e parlamentos que crescentemente não são o espelho das sociedades mas aquilo que os partidos deixam que seja!

Manuel Alegre deve uma explicação a todas e a todos. O seu silêncio mesmo que escudado em questões de legalidade deve ser duramente criticado.

Manuel Alegre não pode ser socialista de vez em quando ou araúto de causas públicas para consumo eleitoral. Tem agora uma oportunidade para explicar que democracia quer, como se luta contra privilégios, nomeadamente os que são consequência de leis...

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