tribuna socialista

sexta-feira, março 12, 2004

Ainda o atentado de Madrid: resposta a algumas avestruzes...

O que ontem se passou em Madrid é um acto condenável seja qual for a perspectiva de abordagem.

O terrorismo não é um meio e muito menos um fim. O terrorismo tem contribuido, isso sim, seja qual for o momento histórico em que ocorra, para a limitação das liberdades, sejam as individuais, sejam as sociais, sejam as culturais.

Pode-se dizer que, num certo sentido, o terrorismo é parceiro dos candidatos a ditadores e do regimes que, com referência à democracia, não são carne nem peixe!

Desde que existe o conflito no Médio Oriente, opondo Israel e a Palestina, e não só depois da invasão do Iraque, há uma série de iniciativas da ONU e/ou contempladas no chamada Direito Internacional que têm sucumbido, sistemática e frequentemente, à lei do mais forte, à lei do império que se assume, unilateralmente e contra todos, como uma espécie de gendarme do mundo!

A resposta dos povos ocupados e dos povos oprimidos nem sempre adquire a forma das lutas de libertação nacional que conhecemos, por exemplo, nas ex-colónias portuguesas. Aliás essas lutas começam, muitas vezes, com actos isolados, os quais, consoante o momento histórico, passam de actos heróicos a actos terroristas ou a actos de luta de libertação nacional...

No nossos dias e por força da imposição do discurso do imperial Bush, a perspectiva que é tornada ideologia dominante é aquela que elege a diferença, muitas vezes qualquer que ela seja, como sinónimo de terrorismo. Não esquecendo que, tendo em conta o que se passou no Iraque, a mentira é parte integrante da argumentação dominante.

Bush e os seus aliados, como por exemplo Berlusconni, Aznar e Durão Barroso, não são nos seus países exemplos de garantes das liberdades e dos direitos democráticos. E são estes senhores que serão os garantes de uma luta eficaz contra o terrorismo?

Qualquer um deles não é o responsável pelo terrorismo que já acontece há centenas de anos na humanidade. Mas são, de certeza, um dos principais responsáveis pela passagem do terrorismo localizado em espaços nacionais para um terrorismo à escala planetária. O direito de que se arvoram, mesmo sem mandato das instâncias supra-nacionais em que participam, como a ONU, de invadirem em qualquer parte do planeta, dá como reacção o que temos visto de ataques terroristas também de âmbito planetário.

O terrorismo não é meio nem fim. Nunca foi e não será hoje quando os povos têm meios de comunicação e de afirmação democrática e social como nunca dantes tiveram para afirmarem a sua vontade.

Em relação a todas as formas e expressões de terrorismo é fundamental a intervenção social, a unidade de todos. Fazem mais as manifestações que vimos em Madrid de repúdio pelos atentados que invasões militares, aumento de dispositivos policiais ou restrições às liberdades democráticas.

Prolongar por mais tempo a aplicação das teorias de Bush e dos seus aliados, é contribuir para o aumento da probabilidade de atentados como o que aconteceu em Madrid.

É pena que algumas avestruzes sómente com penugem de esquerda nos rabos que ostentam não vejam um palmo à frente dos olhos ...

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