tribuna socialista

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

Fernando Nobre : algumas reflexões sobre o "apelo cidadão" ...

A declaração de candidatura de Fernando Nobre soou bem, a quem quer que a iniciativa pertença aos cidadãos e não se fique só pelos partidos.
Soaram bem também as palavras que se dirigiu aos que nunca lhes é permitida iniciativa ....
Mas o sentido destas palavras, tem de ser afinado para que, com o tempo, não se torne difuso, deslexico e excessivamente abrangente ...
Isso ... o populismo está ávido de poder, e, não olha a meios e a companhias para se erguer! É preciso cuidado com o sentido das palavras. Como é preciso cuidado com os apoios que se geram ... pode-se dizer, os apoios conquistam-se, não se escolhem! ... não é bem assim, às vezes a abstração das palavras e das atitudes geram unanimismos absolutamente dispensáveis ...
Alguns apoiantes de Fernando Nobre, resolveram lançar uma petição "contra a partidocracia" ... cai bem, o chamado "senso comum" adere de imediato, mas ... o conteúdo dessa petição é abstracto, impreciso, muito populista ... até porque apela, a uma difusa "verdadeira democracia representativa" , nunca a definindo, numa a precisando!
A nossa democracia está, de facto, excessivamente parlamentarizada. Parece um funil! O mediatismo ganha sempre à cidadania ... Mas a "culpa" não são dos partidos, tomados abstractamente. Isso, o abstracto, é no que costumam pegar todos aqueles que, resolvem a doença (!), com o "remédio" que receitam sempre: supressão do pluripartidarismo, porque, além do mais, dizem que "é caro" ...
A nossa democracia para se tratar precisa de muito mais democracia. Precisa de dispensar funis! Precisa de muita, muita mesmo, auto-iniciativa, auto-organização dos cidadãos, nomeadamente dos que sendo trabalhadores têm visto o seu peso social e politico diminuido em todos os cantos da sociedade!
A nossa democracia precisa de participação, de acção directa ... até para se vencer algum medo, que a política construída à imagem das empresas, tem criado nas pessoas!
A candidatura de Fernando Nobre porque despertou muita esperança em muitas vontades sinceras, precisa de ser mais precisa, rigorosa e certeira nos objectivos e das acções que lança!

1 comentário:

Nuno Cardoso da Silva disse...

Partidocracia é a expressão que pessoas menos cultas utilizam para identificar o fenómeno da oligarquização das estruturas partidárias, que Robert Michels tão bem analisou. Como tal, é compreensível. Mas é verdade que a "partidocracia" não se combate acabando com os partidos, mas sim retirando-lhes o monopólio da representação política. Uma sociedade de pessoas livres que conhecem os seus direitos e o seu interesse, pode e deve organizar-se numa multitude de estruturas, todas elas com a obrigação de intervirem na res publica, sem se deixarem dominar pelos partidos.

Se Fernando Nobre souber assumir esse combate sem se virar contra a legitimidade dos partidos, será mais um factor a contribuir para que nele votemos.

E, já agora, quando é que o BE se livra do compromisso imprudente com Manuel Alegre?