tribuna socialista

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Matosinhos ... a propósito!

Como já tive oportunidade de explicar, este espaço é da responsabilidade de um militante do Partido Socialista. Os textos reflectem o meu ponto de vista. Não sou porta-voz de nenhuma tendência ou corrente dentro do PS, mas não evito nem evitarei que alguma da reflexão que aqui se faz contribua para reunir os militantes socialistas que querem um PS mais comprometido com os movimentos sociais, mais interveniente nos debates que percorrem as esquerdas, mais decidido numa acção que vise, na oposição ou no governo, a transformação democrática e socialista da sociedade.

O PS está dominado por uma lógica de total subordinação aos jogos parlamentares como trampolim para os jogos de poder.
Esta lógica faz com que sómente os mais dirigentes mediáticos tenham poder de intervenção, abafando, no dia-a-dia, a capacidade de intervenção e de decisão dos militantes. O PS é assim um partido que se torna desinteressante e, deste modo, impede-se que exista renovação de políticas e de militantes.

A democracia interna no Partido Socialista é inevitavelmente deficiente, porque deficiente é a participação dos militantes na vida do Partido, porque nula ou quase é vida dos núcleos e secções. Generalizar o debate político e recolocar os militantes socialistas na dinâmica dos movimentos sociais, são dois passos fundamentais para que a democracia interna volte a existir concretamente e para que o PS se torne num partido de esquerda políticamente interessante para a adesão de novos militantes!

A abordagem ao que se tem passado no concelho de Matosinhos, é sómente um exemplo de que me sirvo para exibir o que é um PS desinteressante e sem capacidade para se afirmar como alternativa.

De um lado, um Presidente da Câmara, militante do PS, que faz do seu actual cargo e do executivo camarário que lidera, uma espécie de orgão dual em relação ao orgão partidário concelhio onde foi democráticamente derrotado num acto em que participaram os militantes socialistas. Do outro, uma Concelhia que parece sem capacidade política e organizativa para se afirmar como a direcção política democráticamente eleita para o Partido Socialista em Matosinhos. Como sempre, sobram os militantes que são sempre condenados a apoiar um lado ou outro ... como se não tivessem capacidade para afirmar a sua vontade colectiva!

Trazer para o povo de Matosinhos um debate político sério sobre o que se pretende para o concelho, de certeza, que se trata de uma acção que ñunca diminuiria o PS. Mas continuar, por defeito, a permitir que o PS saia enxovalhado de uma luta fulanizada entre o Presidente e o Vice-Presidente, certamente que, em dois anos que faltam para as eleições, contribuirá para que os Matosinhenses concluam que a alternativa poderá estar algures, menos no PS!...

Tenho lançado duas proposta concretas à Concelhia do PS de Matosinhos:

* No seio do PS, a convocação de uma CONVENÇÃO DE MILITANTES E SECÇÕES DE MATOSINHOS. Os militantes devem responder com propostas concretas de renovação e de mudança à actual situação de confronto entre militantes do PS no seio da Câmara.

* No plano extra-partidário, deveria ser iniciado um processo de auscultação das diversas entidades culturais, recreativas e políticas do concelho que culminasse num ENCONTRO DE MATOSINHENSES PARA A RENOVAÇÃO DA CÂMARA. Não numa perspectiva abstracta, mas numa perspectiva claramente popular, democrática e de esquerda.

Novamente duas questões estratégicas para o PS: por um lado, criar condições para que sejam os militantes quem decide; por outro lado, inserir o PS na prova real dos movimentos sociais e populares.

O que é verdade para Matosinhos, é também verdade para o plano nacional!

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