tribuna socialista

quinta-feira, abril 26, 2007

ACONTECEU EM 25 DE ABRIL DE 2007!...


Podia ter acontecido noutro dia qualquer ... a gravidade teria sido a mesma! Mas por ter acontecido precisamente no dia 25 de Abril, passados 33 anos de 1974, o significado é ainda mais notado!


Primeiro foi o ridiculo, da Polícia ter mobilizado homens para protecção do cartaz que o grupo de extrema-direita chamado de "PNR" tem no Marquês de Pombal, em Lisboa. Um cartaz racista ali diante de uma manifestação que comemorava o fim do regime que esse grupo defende e gostaria de voltar a impor. Qual o espanto de se terem arremassado tomates podres ao cartaz? O que defendia a Polícia e, principalmente, quem ordenou que a Polícia li estivesse?


Depois no fim da manifestação a investida da Polícia perante pessoas afectas ao movimento "Não Apaguem a Memória" que quereriam dirigir-se para a sede do tal "PNR"... A Polícia parece que só viu "provocadores"que "terão agredido" agentes seus. O que é contestado pelos jovens que foram detidos (e hoje libertados com a medida de Termo de Identidade e Residência) e que têm uma versão contrária.


É claro que a versão da Polícia é a versão da Polícia. Não tem de ser mais verdadeira que a versão daqueles que foram detidos.


O que fica é que em pleno dia de comemoração dos 33 anos de Abril de 1974, a Polícia foi acometida, nesse mesmo dia, de um muito estranho excesso de zelo na defesa de um grupo de extrema-direita racista e fascista e da sua propaganda! ...

Fica uma posição de Francisco Raposo, membro do movimento "Não Apaguem a Memória":
"Liberdade de Expressão" etc e tal
A "liberdade de expressão" reivindicada pelo PNR é a da intolerância, ódio e violência, como as "performances" dos seus apaniguados têm vindo a realizar - nas claques de futebol, como nas "caças" ao imigrante, ao gay ou ao anti-fascista.
Mas, garante da "Liberdade Expressão", lá substituiu a PSP os "pobres" dos skin-nazis que, - diz quem viu , com cães de combate - ostensivamente vinham a guardar o cartaz do Sr Pinto colocado no Marquês de Pombal, de ovos e outros actos de expressão gráfica do descontentamento por tanta "expressiva" liberdade de violentar quem não pensa como o PNR, os Skin-nazis e grupos afins.
Indignada com os "expressivos" tomates lançados ao cartaz por alguns jovens que não se conformam que os "expressivos entertainers" promovam o ódio racial e a xenofobia, a "Autoridade" fez uso da violência legal para repor "a lei e a ordem" no Marquês.
Claro que não só de tomates se expressa a indignação – aliás, seguindo os conselhos do Sr. Silva, o Mais Alto Magistrado da Nação, na sua oratória no Parlamento na comemoração do 25 de Abril, um jovem, usou gotas de água para expressar-se no "debate de ideias" que o PNR promove diariamente no Marquês. Logo de imediato dois briosos homens da nossa corporação de Segurança, avançaram para interceptar o "criminoso" que maculou a propriedade privada.
Apenas a pressão de jovens e menos jovens, entre os quais o signatário, impediu que um dos agentes passa-se à prática a sua "liberdade de expressão" e não fizesse a prometida performance, sibilada, como não quer a coisa, ao "meliante": "parto-te o focinho todo". A coisa ficou por aí…mas guardado estava o bocado…Dando forma à letra do discurso já referido do nosso Mais que Tudo, Sr. Cavaco, cerca de 500 cidadãos, após o cortejo das Comemorações Populares do 25 de Abril, decidiram – vá-se lá saber porquê?, neste Dia da Liberdade - expressar livremente a sua opinião num acto colectivo que consistiu em marchar da Praça da Figueira ao Camões, dando a sua parte no debate de ideias que o Capo do PNR pretende levar a cabo.
Tudo bem, liberdade e tal, a coisa lá marchou sem incidentes de cabo a pavio, isto é no percurso escolhido.Como é natural tudo que começa, tem um meio e um fim, e no fim, bem no fim é que a PSP, "expressivamente" adereçada tipo RoboCop, decidiu dar o seu contributo às comemorações do 25 de Abril numa performance dinâmica e pujante.
Esperou pacientemente que um grupo dos que marcharam para o Camões desce-se a Rua do Carmo, e toca de fazer cair o "Carmo e a Trindade" de forma a "Não Apagar a Memória" da actuação da polícia no 25 de Abril de …73.
Diz quem viu, e eu já não estava lá, que uns Skin-nazis vieram expressar as suas ideias por detrás dos "críticos literários" da PSP. Os que vinham do Camões encetaram a réplica e iniciaram o debate – neste caso, e todos os que ouvi, concordam, a metodologia era apenas verbal. Mas parece que o debate foi súbita e dinamicamente interrompida pela chegada, simultânea de um lado e do outro do grupo vindo do Camões, dos RoboCops, na característica manobra "performativa" conhecida como cerco, com "argumentos" de gestão de debates de ideias conhecidos como bastões, botas cardadas, - utilizadas para expressarem o prazer de serem balanceadas contra os corpos do cercados, - e outros adereços cénicos. Diz quem viu, que já com skin-nazis a recolherem aos bastidores, a "critica literária" continuou com variantes por toda a Rua do Carmo, Rossio, Praça da Figueira.Resultado. Doze cidadãos levados a conhecer, em "visita cultural", as instalações da PSP e com "visita de estudo" marcada às celas do Governo Civil e ao Tribunal de Instrução Criminal, dezenas de cidadãos "autografados" nas costas, braços, pernas, cabeças, pelos "garantes "da "Liberdade de Expressão" da Calçada da Ajuda. Como nota final, a jornalista da SIC que visitou as referidas instalações, ali para os lados da Gomes Freire não foi autorizada, pelo oficial de serviço, a usar a Liberdade de Informar visualmente do ajuntamento de "mais de 3 cidadãos" que pretendiam saber se a "liberdade estava a passar por ali". Pelos visto, não estava.
Estou com franca curiosidade de saber o que é que o Sr. Magalhães, Encenador Máximo dos "performers" da "Lei" vai expressar-se sobre este acto de "debate de ideias".Suspeito, mas é só suspeição, que será qualquer coisa como "Estado de Direito etc e tal". A ver vamos.
Um espectador parcial.
Francisco d'Oliveira Raposo - Dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa e membro do Movimento "Não Apaguem a Memória" (a título pessoal)

1 comentário:

Anónimo disse...

Experimentem ler o Cravado no Carmo, por exemplo, para descobrir o que se passou. Vejam os vídeos (há mais para além dos que estão no youtube), informem-se.

Não se choquem com o óbvio e descubram o que está por detrás...

Os partigos políticos há muito que já perderam a "corrida pela revolução". As suas críticas são "ao lado", não servem para nada, não ajudam ninguém.

os movimentos sociais que estão em movimento não são nem dirigidos nem organizados pelos partidos políticos e estes, quando participam no que se passa um pouco por todo o mundo, fazem-no enquanto elementos, cidadãos.

O mundo mudou.

Vejam a Indymedia ((i))
Vejam o que aconteceu quando o site foi atacado no 26 de Abril. Abram os olhos.

Abraços e um melhor trabalho.

Anónimo