tribuna socialista

domingo, abril 15, 2007

POR DETRÁS DOS LUCROS DA BANCA ...

Com a devida vénia, transcrevemos do EXPRESSO (14.Abril.07) parte da notícia a que se refere a imagem:

"A rotina de Jorge, director do Departamento de Análise de Risco do Banco Popular (BP), foi quebrada na manhã do dia 6 de Fevereiro de 2006. Segundo relatou no Tribunal do Trabalho de Lisboa (TTL), dois homens, (...) irromperam pelo seu gabinete, propondo que apresentasse a sua demissão, evitando um processo disciplinar e o consequente despedimento. O dia de Jorge terminou num notário, onde a sua assinatura numa de demissão foi reconhecida.
(...) Jorge assinou o documento, e terá sido, de imediato, conduzido a um notário para o reconhecimento da assinatura. Esta diligência (segundo artigo 449 do Código de Trabalho) fez com que o pedido de demissão tivesse efeitos imediatos. Caso contrário, Jorge dispunha de sete dias para revogar a carta
."


A mesma notícia do EXPRESSO, relata outro caso no mesmo Banco: "O mesmo método terá sido utilizado com o ex-director Paulo. No mesmo dia, a reunião começou pelo confronto com informação recolhida no e-mail. Um pedido de demissão foi também a porta de saída para evitar um processo disciplinar e o consequente despedimento. Porém este bancário recusou-se a assinar a folha. O processo disciplinar avançou. Na nota de culpa, foi-lhe imputada a infracção de "excesso e abuso de chamadas telefónicas. Contactado pelo Expresso, (...), advogado de ambos os queixosos declarou: "Nestas ciucunstâncias a prova em tribunal é quase impossível. O sistema judicial tem de ter uma certa abertura para perceber estes fenómenos de coacção. Porque, se não percebe, fica a porta aberta para os despedimentos sob coacção impossíveis de provar".

De acordo com um dirigente do Sindicato dos Quadros Técnicos Bancários, citado pelo Expresso, "não é a primeira vez que casos destes acontecem".

Estes exemplos exibem uma das realidades do sector bancário: muitas vezes, as leis do País ficam à porta da empresa; dentro da empresa a lei é a ditada pelas Administrações. O exemplo do sector bancário é só um exemplo, onde se têm vindo a cometer uma série de atropelos aos direitos de quem trabalha: desrespeito pelos horários laborais, reestruturações ao nível dos chamados recursos humanos, nas quais os trabalhadores são tratados como peças e nada mais, tudo tendo como pano de fundo garantir lucros e mais lucros!

Estas situações são também possíveis porque os sindicatos do sector estão divididos e não têm força, porque os contratos individuais de trabalho têm aberto caminho para as Administrações fazerem o que querem!

Um caminho para se tentar inverter estas situações seria a inventariação e denúncia pública e judicial, pelos sindicatos do sector, de todos exemplos que configuram desrespeito pelos direitos dos trabalhadores, nomeadamente as situações de coacção, que correm sempre o risco de nunca serem provadas, até pelo medo que reina entre trabalhadores atingidos. Medo que se acentua pela inexistência de qualquer clima de solidariedade activa entre os trabalhadores ligados a contratos individuais de trabalho.

Por detrás da imagem de "êxito" e "sucesso" do sector bancário, existem realidades de graves atropelos aos dirietos dos trabalhadores e até à sua dignidade pessoal e cidadã!

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