tribuna socialista

quarta-feira, março 30, 2005

JORGE COELHO E O PS NAS AUTARQUICAS: ASPECTOS POSITIVOS DE UMA ENTREVISTA E OUTRAS CONSIDERAÇÕES


Para Jorge Coelho, coordenador do Partido Socialista para as eleições autárquicas, em entrevista ao "Acção Socialista", chegou a hora de se tratar das autarquicas.

A
entrevista refere alguns aspectos POSITIVOS daquela que será a acção do Partido Socialista para as próximas eleições autarquicas:

Sobre alianças, afirma que elas serão consideradas mas "exclusivamente à esquerda que é o que tem sentido, nomeadamente no actual momento político do país".
Sobre a escolha dos candidatos, considera que "temos uma combinação perfeita com as estruturas todas no sentido de que todos os candidatos têm que ter o apoio das concelhias, da federação e meu (Jorge Coelho), em representação do secretário-geral".
Sobre Matosinhos, o PS mantém a decisão de não candidatar Narciso Miranda ou Manuel Seabra. Considera que "agora, vai ser a Comissão Política a decidir quem é o nosso candidato a Matosinhos, tal como foi deliberado, porque o processo está avocado desde então por este orgão, ouvidas, como é evidente, a concelhia e a federação".
Sobre o limite dos mandatos dos autarcas, declara que o Governo "deve apresentar ao Parlamento uma lei de delimitação de mandatos que se palique aos autarcas, aos presidentes dos governos regionais, enfim, a cargos executivos, que que pessoas tenham um tempo máximo de permanência nos lugares de três mandatos."


Há, no entanto, uma questão importante que nunca é abordada. Mais uma vez! Não há respostas porque também não existem questões sobre este tema: quando é que os militantes foram, são ou serão chamados a pronunciar-se sobre quais os candidatos que representam o PS nos diversos níveis do poder autárquico? Continua a existir no PS um excesso de delegação de poderes, um deficite enorme do exercicio de democracia directa. E não se percebe que assim seja, se tivermos em conta que o PS até foi o primeiro partido a eleger o seu secretário-geral com o recurso ao sufrágio universal e directo dos seus militantes.

Porque razão os militantes não são chamados a escolher os candidatos a Presidentes das Juntas de Freguesia através de eleições directas nas secções de residência? Porque razão não há uma campanha interna seguida de eleição directa dos candidatos a Presidentes de Câmara? Porque razão é tudo isto delegado nas Comissões Concelhias ou até na Comissão Política Nacional?

Por exemplo, em Matosinhos, mesmo considerando como positivas as afirmações de Jorge Coelho quanto a este assunto, vai ser um exemplo a seguir atentamente o nome que será escolhido, quanto à sua representatividade local (é legitima a pergunta: como é que se poderá verificar essa representatividade entre os militantes socialistas matosinhenses?), quanto à sua inserção na vida do concelho, quanto ao seu passado e presente políticos e sociais, quanto ao programa de acção que proporá.

No que diz respeito aos principais concelhos do País, Lisboa e Porto, os candidatos com maiores probabilidades de serem apresentados, Manuel Maria Carrilho e Francisco Assis, respectivamente, são boas escolhas porque podem vir, também eles, representar, nesses concelhos, a continuação da dinâmica de esquerda iniciada em 20 de Fevereiro. E por continuação dessa dinâmica, entendemos capacidade para tornar viável e realidade um projecto convergente das esquerdas, além do PS, também o PCP, o Bloco de Esquerda e grupos e personalidades de esquerda que se queiram associar.
Posted by Hello

1 comentário:

Zé Geremias Povinho Leitão disse...

Um pequeno aparte,
Temos de ser francos, o PS, apesar de na sua fundação ter tido um objectivo esquerdista, foi desde logo caindo um bocadinho para a direita, provavelmente porque o chão estava inclinado, ou então porque começaram, uns a achar que políticas liberais eram melhores para as suas empresas, ou seja, para benefícios próprios, outros começaram a integrar-se no PS por muitos membros passarem a ser liberalistas.
É pena que tenha acontecido isto, até porque, o PS sendo mesmo de esquerda e ganhando as eleições as vezes que ganhou, Portugal teria políticas mais sociais, o que era bom para o povo, e acredito que assim ganharia muito mais vezes.