tribuna socialista

segunda-feira, julho 25, 2005

PRESIDENCIAIS: SOARES ÀS ORDENS DE SÓCRATES?

Defendemos uma candidatura presidencial convergente das esquerdas. Afinal foi sempre essa convergência SOCIAL das esquerdas que tem barrado o caminho aos candidatos da direita. Não obstante, não consideramos dramático ou perigoso que o percurso até essa candidatura passe pelo debate e pelo confronto democrático entre o pluralismo que caracteriza as esquerdas. Esse debate pode ser útil, esclarecedor e de modo a contribuir para o reforço de um sentir e de um sentido convergentes.

Nas próximas eleições presidenciais estará também em causa a manutenção ou não do orgão Presidência da Républica fora do espaço político da direita.

É um desafio muito importante para as esquerdas. É um desafio que tem de ser vencido! Mas vencido de forma politicamente clara. Sem ambiguidades, sem alianças que comprometem/comprometerão o exercício político da presidencia à esquerda.

A direita, toda ela, está empenhada em criar um novo ciclo com uma vitória de Cavaco Silva. Sentem, tipo predadores, que chegou o momento...

Manuel Alegre declarou-se disponível para avançar contra Cavaco Silva, enquanto candidato único da direita. Tomou essa iniciativa, não esperando por qualquer declaração formal da direcção do PS. Foi, como o afirmámos, um acto de grande coragem e de afirmação política que contribuem para uma convergência das esquerdas.

Mário Soares mostrou-se disponível para uma candidatura só depois de José Sócrates ter mostrado abertura para o PS o apoiar. Mário Soares tem-se pronunciado por uma candidatura comum das esquerdas. No entanto, pensamos que o modo como passou a admitir a sua candidatura, não contribui para se assumir como o "candidato das esquerdas". Corre o risco de se tornar excessivamente o candidato da direcção liberal do PS e do governo de José Sócrates. Mário Soares, até à véspera de se admitir como candidato, sempre pôs de lado essa hipotese. Muda de posição (até parece!...) por sujeição a alguma disciplina partidária imposta pelo aparelho do PS.

Um Presidente da Républica tem de se pronunciar sobre a confiança política que dá ou não dá ao governo que estiver em funções. Em função disto, qualquer candidato que se afirme de esquerda, à esquerda e socialista deverá dizer muito claramente o que pensa das politicas desenvolvidas pelo governo Sócrates. Se considera que essas políticas foram as votadas em 21 de Fevereiro ou, pelo contrário, estão nos antípodas daquilo que deveriam ser políticas de esquerda e socialistas aplicadas por um governo que se diz socialista...

A direcção do PS parece que, de facto, não está interessada numa candidatura convergente das esquerdas. Estará, pelo que demonstra com a sua prática, interessada numa candidatura e num candidato que não questione as actuais políticas governamentais, que não questione as opções europeias através de um debate democrático e nacional, que se sujeite à disciplina partidária. Neste sentido, José Sócrates, mais uma vez, tramou politicamente Manuel Alegre.

Continuamos a considerar que Manuel Alegre pela sua militância, pelo seu empenho cultural, pela sua coragem cívica e política é o candiadato que melhor pode protagonizar um projecto presidencial convergente das esquerdas e mobilizador de todas e todos os que se reveem na urgência de uma alternativa democrática e social ao liberalismo!

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