tribuna socialista

sábado, junho 10, 2006

OS PROFESSORES E A REFORMA DA MINISTRA: DEBATE!


Sobre o que temos escrito sobre a dita reforma do ensino promovida pela actual Ministra do Governo Sócrates, recebemos o seguinte comentário de alguém que se identificou como "Carlos Alberto - militante socialista 75000":

Algum dos senhor(a)es professores que vão fazer greve (mini-férias) no próximo dia 14.06.06, pode explicar-me porque razão tendo frequentado escolas com boas instalações e material sempre do melhor, com os livros que foram sempre escolhidos pelas escolas que frequentou, a minha filha com 17 anos mal sabe ler e escrever no 10 ano de escolaridade...
É culpa desta e dos anteriores Ministros da Educação?
É culpa minha? de certeza. A minha a culpa resulta de não ganhar o suficiente para pagar a peso de ouro umas explicações que não são declaradas ao fisco.
É dos Professores? Nunca. Como pode ser se estão em greve...

Militante Socialista 75000

Porque têm medo de ser avaliados os Professores

Dizem os sindicatos, e os profetas da desgraça do costume, que isso vai fazer com que os Professores ao atribuírem a classificação aos seus alunos, teriam que passar a levar em conta esse factor. Segundo estas caridosas alminhas desinteressadas, os Encarregados de Educação tomariam na “devida consideração” os Professores que não avaliassem seus filhos como “deve ser”.

Mas já agora, porque não dizem também que os Encarregados de Educação, poderiam ser levados a fazer uma avaliação dos Professores dos seus filhos, de forma “favorável”, porque como é sabido no ensino básico, um Professor normalmente acompanha o aluno durante 4 anos, quem arriscaria ver o seu filho posto de lado durante 3 anos por um Professor ressabiado.

Mas se levar, tão infeliz, argumento até ao absurdo, por aqueles que têm medo de ser avaliados, deveria o Ministério da Educação, encerrar todo o Ensino Particular. Senão vejamos, em que situação é por demais evidente a dependência (no caso económica) de Professores em relação aos Encarregados de Educação. O Encarregado de Educação do Ensino Particular, ao passar o cheque da mensalidade, não está a avaliar, a cada dia 30, os Professores dos seus filhos. Estão estes Professores mais diminuídos, que os do Ensino Público.
Qual a razão do medo de serem avaliados nos doze itens apenas num deles, pelos Encarregados de Educação. De que tem medo a FRENPROF.


Fica a resposta de um Professor:

Esta posição praticamente não tem resposta, pois move-se num nível de compreensão da realidade muito perigoso e tendencioso. Era o que faltava agora despechar para os professores todas as culpas pelo insucesso escolar. Este não é um problema só da escola, mas sim de toda a sociedade. É evidente que a escola reflecte de um modo mais claro as contradições, as misérias e a complexidade humana, mas por isso mesmo os professores não têm uma varinha de condão que de um modo mágico possa resolver problemas que são basicamente estruturais.A escola recebe os alunos que foram "educados" na base da lógica de uma sociedade que permanentemente promove e apela ao consumismo fácil, que apregoa a hedonismo e a vacuidade de valores, a uma sociedade que por motivos sociais, económicos, geográficos e regionais viu emergir um crescente nível marginalização social e cultural, provocando o nascimento de verdadeiros guettos urbanos, atirando ainda para as margens sectores geográficos que pela dimensão de assimetria e de ruralidade ficaram despojados do clima cultural e educativo que se tornam evidentes essencialmente nas zonas rurais.. O problema do insucesso, repito, é um problema que deve mobilizar toda a sociedade, é uma questão que exige uma compreensão de uma complexidade de factores, e que não pode ser de uma forma mentirosa, hipócrita e pior que tudo perigosa, ter os professores como bode expiatório. Senão qualquer dia ainda vão dizer que o nosso atraso cultural e educativo durante os 48 anos de facismo deve ser atribuído aos professores que não tiveram capacidade criar as condições educativas para superar o obscurantismo cultural do salazarismo e do marcelismo. Pouco falta.

Jorge Caetano


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1 comentário:

Carlos Alberto disse...

O Sr. Jorge Caetano, tenda responder, mas não sabendo interpretar o texto, anda ás voltas e não diz nada. É o velho discurso da culpa do "sistema".
Facto:
Nós já gastamos com a educação mais do que a média da OCDE. Temos 30 % de professores mais que a média e as turmas mais pequenas dos 27 países comparados. Temos o menor número de aulas para os alunos e as menores cargas horárias para os professores. Por fim, sobretudo no fim da carreira, temos alguns dos professores primários mais bem pagos da Europa. Silva Lopes, Público, 20-9-2004

E diga-me lá porque no 10º ano à alunos que não sabem interpretar um texto.

E para terminar, masi estes factos:
No ensino primário, o rácio de alunos por professor era, em 2005, dos mais favoráveis da UE25: em Portugal havia 11,1 alunos por professor, enquanto que na Suécia havia 12,1, na Holanda 15,9, na Finlândia 16,3 e na Irlanda 18,3.
De acordo com os indicadores publicados pela OCDE, Portugal é o país que gasta com as remunerações a maior percentagem da despesa corrente em educação nos níveis primário, secundário e pós-secundário (Fonte: Education at a Glance. OECD Indicators 2005. Executive Summary: 38).
Em consequência, o rácio do salário a meio da carreira dos professores do secundário inferior e o PIB per capita é o terceiro mais elevado da OCDE (Fonte: Education at a Glance. OECD Indicators 2005. Executive Summary: 57).
De acordo com as declarações públicas da Ministra da Educação, nos últimos dez anos diminuíram os alunos e mantiveram-se os resultados.

É o sistema coorporativista no seu máximo.

Carlos Alberto