tribuna socialista

domingo, junho 25, 2006

TIMOR - LESTE: e o petróleo não tem nada a ver com a crise?

Quando se fala de Timor-Leste em Portugal, há objectivamente um facto: a imprensa, os chamados orgãos de soberania, os principais partidos políticos do centrão (e não só!...) optam pelo Presidente Xanana Gusmão contra o primeiro-ministro Mari Alkatiri.

E mais: parece que a solução "portuguesa", para as já referidas entidades, para a crise em Timor passa por uma espécie de coligação entre Xanana Gusmão e a GNR presente naquele país.

O jovem país Timor-Leste parece (para a imprensa e os políticos portugueses) que tem de procurar soluções no quadro de um parlamentarismo construído à imagem e semelhança do que existe em Portugal e no Europa. Mesmo que o excesso de representativismo redonde em crise(s) política(s) ... como alías tem ocorrido por cá!!

Há em Timor-Leste uma crescente polarização entre o Presidente Xanana e o primeiro-ministro Alkatiri. Uma polarização que parece ser provocada mais por razões externas do que por razões internas. No meio desta polarização, salta à vista um claro e evidente deficite de participação popular e um quase inexistente acesso da vontade popular aos chamados "orgãos de soberania" timorenses ... algo que parece ter sido importado noutras paragens planetárias onde, aliás, também já não contribui para coisíssima nenhuma!

De um e de outro lado da referida polarização, há também uma clara crise de capacidade de afirmação de um projecto político próprio e que não represente a reprodução de outros falhanços político-económicos que a História e a geografia (!) registam ...

Xanana Gusmão, tirando o que muito que fez na resistência ao invasor indonésio, não tem um projecto para Timor-Leste. Com o conselho de Ramos Horta quer reproduzir em Timor o que de pior têm as democracias liberais ocidentais ...

Mari Alkatiri e a Fretilin não sabem o que fazer com a legitimação popular eleitoral da maioria dos timorenses, debatendo-se também entre as tentativas de algumas das suas tendências para uma ditadura burocrática e outras para uma liberalização tipo australiano to regime.

É evidente que o petróleo do mar de Timor terá uma influência decisiva nas pressões que chegam do exterior de Timor, incluíndo as oriundas da (não imparcial!) ONU.

Timor-Leste tem uma identidade cultural única dentro do arquipélago indonésio. Essa identidade cultural foi um dos motores da afirmação nacional da resistência contra o invasor indonésio. Foi também um forte motivo para a mobilização dos timorenses no apoio à sua resistência armada!

Timor-Leste não tem de se afirmar como País, reproduzindo modelos caducos ou vivendo à sombra de políticos sem nada para oferecer. Os timorenses têm o direito de participar activa e directamente na construção do seu país. De controlar democráticamente os seus recursos naturais. De afirmar a sua independência política.

O povo de Timor-Leste pode ser um exemplo de afirmação para os outros povos da região. Mesmo para a Austrália. Não pode é ver a sua vontade plural e a sua participação diversificada adulterada e violentada por dirigentes e políticos que não têm nada para propor ou oferecer. Só para impor!... Posted by Picasa

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