tribuna socialista

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

TRAZER O DEBATE PARA O SOCIAL PARA DERROTAR AS FORÇAS RETROGRADAS...

Não dizemos que a oposição de direita tem mau perder relativamente ao resultado do referendo de 11 de Fevereiro.

Afinal o debate SOCIAL sobre o referendo mostrou um corte muito TRANSVERSAL relativamente ao POLITICO. Explicamos: o SIM reuniu apoios à esquerda e à direita, políticamente falando. Quanto ao NÃO temos alguma dificuldade em encontrar alguma esquerda entre os seus apoiantes...

Dizemos mesmo que o debate deveria ser descentrado: passar do político (hiper-parlamentarizado, afunilado, partidarizado, ...) para o social (que precisa de ser libertado, socializado, revitalizado anulando fronteiras artificiais e repressoras ...). É isso que se pode concluir do debate sobre a IVG e é isso que se concluiria se o debate se centrasse no plano do social.

Somos de opinião que debates como o que se travou sobre a IVG, trazem ao de cima quais os sectores sociais responsáveis pelo atraso cultural deste País. Igreja, direcções dos partidos de direita, lobbies económico-financeiros e alguns orgãos de soberania comportam-se, de facto, como os grandes obstáculos a qualquer abertura, a qualquer perspectiva descriminalizadora na sociedade portuguesa.

A intervenção pós-resultados do referendo dos movimentos "Não", das direcções do CDS e do PSD e da hierarquia da Igreja Católica, mostra que as mudanças pela modernidade, pela abertura, pela tolerância, têm de ser feitas com capacidade de ruptura, com vontade!

A recente intervenção do Presidente da República com o coro dos movimentos "Não" e das direcções dos partidos de direita, mostram até que ponto é que as forças mais retrógradas (não) aceitam as expressões da vontade popular quando essa vontade é contrária a esses interesses.

Os descendentes dos tiques que dominaram o chamado "Estado Novo", sempre se deram muito mal com liberdade de consciências e com consciências livres ... quando podem, como já o fizeram, tentam controlar as consciências ...

O respeito pela vontade expressa no referendo de 11 de Fevereiro, exige que a futura lei sobre a IVG seja feita sem concessões áqueles que continuam a pretender a criminalização da mulher ou a opressão da sua consciência. Mesmo que agora tentem aproveitar, para os seus fins, a formação de "comissões de aconselhamento" para a IVG.

É importante que se retirem as devidas conclusões do referendo sobre a IVG. E uma delas é que a vontade popular só pode ter expressão concreta se o debate se situar ao nível das pessoas e no plano da sua intervenção diária e concreta! Arranjos, engenharias eleitorais, lobbying político, jogadas e jogos parlamentares, defesa de interesses de Estado (que nunca são verdadeiramente explicados), ... , tudo isto só pode levar a novas formas de totalitarismo!

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