tribuna socialista

domingo, fevereiro 11, 2007

EUA : SERÁ QUE O SISTEMA CONSEGUE PRODUZIR UM PRESIDENTE ANTI-SISTEMA?

Barack Obama é o nome do senador democrata do Illinois, negro, que avançou ontem com o anúncio de uma candidatura a candidato pelo Partido Democrata a Presidente dos EUA.

Com um discurso que pretende ser simultaneamente transversal e radical (para a realidade norte-americana dominada por dois partidos que se assumem como duas faces de uma mesma moeda), algumas questões colocam-se: será que o sistema político norte-americano conseguirá produzir um Presidente com uma perspectiva que se pode definir como "anti-sistema" ? será que o poder económico-financeiro norte-americano e/ou o complexo militar industrial tolerarão um Presidente que fala em "transformar a América"? Será que os norte-americanos se mobilizarão fora do espartilho bipartido?

A democracia norte-americana não é própriamente o melhor exemplo de democracia. Principalmente quando se olha para o modo de eleição para Presidente. Ao que se pode adicionar os exemplos recentes de autenticos atentados anti-democráticos, como o que aconteceu na eleição que opôs o George W.Bush a Al Gore ...

Obama é um produto do Partido Democrata. Um produto do próprio sistema! Mas é possível que a experiência que ganhou com o trabalho social junto de comunidades pobres ou como advogado especialista em direitos humanos, contribua para a afirmação de um candidato com preocupações políticas e sociais pouco habituais no sistema político norte-americano.

Afirmações como:
  • "Podemos ser a geração que liberta o país da tirania da guerra, que controla as emissões de carbono para a atmosfera, que não esquece as lições do 11 de Setembro, que reconstrói as nossas alianças e leva a esperança a tantos outros países do mundo"
  • "Nós podemos ser a geração que recupera a classe média neste país. Que acaba com a pobreza e garante que ninguém fica sem emprego por falta de formação. Nós podemos ser a geração que finalmente acaba com a crise do sistema de saúde e consagra a cobertura universal dos cuidados médicos".
  • "fazer compromissos sem abdicar dos seus princípios"

merecem atenção. Por um lado, importa verificar como é que Obama desenvolverá a sua campanha dentro do partido a que pertence e depois, se vier a ser designado como candidato, junto das pessoas por todo o país que percorrerá. Por outro lado, como é que o aparelho de Estado (o federal e os regionais), com todos os seus tentáculos e lobbies, reagirá perante um candidato (ainda por cima negro ...) que pretende mobilizar a sociedade para uma transformação que tem produzido vitímas atrás de vitímas!

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