tribuna socialista

terça-feira, março 03, 2009

GUINÉ-BISSAU: algumas reflexões sobre um país não-país!


O assassinato do Presidente da Guiné-Bissau, Nino Vieira, tem mais a ver com um linchamento tipo mafia ou vingança entre grupos rivais do narco-tráfico do que com "golpe de Estado" ...

Nino Vieira se foi referencia algum dia, foi quando se revelou como um guerrilheiro exemplar, militarmente falando, contra o exército colonial ... desde um ponto de vista político nunca se lhe conheceu qualquer posição fundamentada e/ou trabalhada por ele. O que se diz para Nino Vieira, também é válido para muitos outros dirigentes daqueles que foram os movimentos de libertação nas ex-colónias portuguesas. Paradoxal e/ou sintomáticamente aqueles que produziram algum dia, matéria de reflexão política e ideológica ou já desapareceram ou foram afastados ou afastaram-se, mais ou menos, voluntáriamente.

Os actos de libertação nacional nas ex-colónias foram, quase sempre, seguidos de processos que ditaram a instauração de regimes autoritários, policiais e de líder quase endeusado. A "libertação nacional" representou um momento de afirmação e de poder de uma casta de dirigentes desligados das populações, muito mais preocupados com o seu enriquecimento pessoal do que com a instauração de sociedades onde a libertação pudesse significar novas formas de democracia, de participação, de cidadania que soubesse, com as populações, ultrapassar os velhos esquemas tribais. Tribalismos desde sempre aproveitados pelo regime colonial ...

No caso da Guiné-Bissau, estamos perante um país que pode ser definido como um "país não-país". As guerras civis são guerras entre candidatos a líderes, os assassinatos lembram os ajustes de contas da mafia, o Estado é uma espécie de acampamento onde se acantonam gangues armados às ordens de senhores da guerra e da droga ... tudo, mas tudo, à margem e contra a vontade do povo guineense!

Este "país não-país" acaba por ser uma regressão relativamente ao passado colonial ... a solução para tornar a Guiné-Bissau um país onde se possa viver, pode passar pela ascensão de uma resposta popular e democrática que surja de forma espontânea, mas que represente o desaparecimento das diversas castas de líderes, de candidatos a líderes, dos senhores da guerra e do narco-trafico ...

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