tribuna socialista

segunda-feira, outubro 23, 2006

HUNGRIA 1956: SOCIALISMO SEM LIBERDADE É CARICATURA!

O que comemoravam hoje os Chefes de Estado europeus a propósito da Revolução hungara de 1956?

Não foi, de certeza, a capacidade de auto-organização de comités populares e de trabalhadores contra o Estado totalitário húngaro de 1956. Os Chefes de Estado europeus apoderaram-se de uma data para enaltecerem o triunfo dos seus conceitos de Estado e de democracia, nos quais a vontade das pessoas continua a ser delegada para segundo plano, depois das "prioridades" securitárias e restritivas que impõem.

Os Chefes de Estado europeus, com Cavaco Silva presente, procuram "normalizar". Uma espécie de nova forma de totalitarismo das democracias liberais ocidentais.

Do sentido da revolução hungara de 1956 fica a imensa mensagem de que o socialismo não é possível sem liberdade. Nos nossos dias, temos também a mensagem de que as liberdades não se concretizam sem socialismo.

Importante é também reter a capacidade de auto-organização, de mobilização, de auto-iniciativa para além de esquemas estatalistas e/ou de vanguarda-partidária. Para os nos nossos dias fica também, como importante, um sentido de alternativa aos esquemas crescentemente restritivos e limitativos do parlamentarismo tal como o conhecemos nos modelos democráticos liberais.

O sentido da Revolução hungara de 1956 não é o cenário da Hungria de 2006: um misto de democracia liberal, com resquícios de Estado totalitário e um parlamentarismo que tudo abafa.

Na Hungria de 2006, os orgãos da democracia liberal representam, cada vez menos, à semelhança da Europa moldada ao liberalismo, as pessoas e as suas vontades. Nessa não representatividade, não se diferenciam ou igualam-se, cada vez mais, ao estalinismo de 1956.

Liberalismo e estalinismo acabam por ser gémeos de uma mesma realidade totalitária. E no combate a esta realidade, a alternativa está, cada vez mais, na capacidade de mobilização autonóma das pessoas e na sua auto-organização num sentido de liberdade e de socialismo!

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