tribuna socialista

segunda-feira, abril 11, 2005

O NÃO À CONSTITUIÇÃO EUROPEIA; O SIM À EUROPA SOCIAL


A edição portuguesa do LE MONDE DIPLOMATIQUE insere na sua edição de Abril um interessantissimo artigo assindo por Bernard Cassen intitulado «A "Constituição" divide as opiniões públicas dos vinte e cinco - O "não" que redistribuiria as cartas na Europa».

"Foi visível no Conselho de 22 e 23 de Março, em Bruxelas, que a subida do «não» francês faz mexer a Europa. É que, na maioria dos Vinte e Cinco, a «Constituição» europeia vai ser adoptada sem ser feito um debate contraditório sobre o seu conteúdo. Segundo esses governantes, ser contra o Tratado é ser contra a Europa. Mas há muitos países em que as opiniões públicas não se deixam iludir e, com razão, recusam separar o texto do seu conteúdo. No Leste, as consequências da liberalização desenfreada imposta pela União - e não compensadas pelo aumento das ajudas comunitárias - alimentam o desencantamento. Na Europa ocidental, muitos movimentos sociais contam com a França para deter a deriva liberal e relançar a construção europeia sobre outras bases"

Considera Bernard Cassen que "Seja qual for a apreciação que se faça sobre este texto (...) não se pode subestimar a sua importância, quanto mais seja devido à esperança de vida (50 anos) que para ele prevê Valéry Giscard d'Estaing, presidente da Convenção que elaborou a primeira versão do documento."

"Em três outro países (Grécia, Espanha e Portugal), a pertença à União reveste-se igualmente de uma dimensão identitária, ligada à saída de uma ditadura e reforçada pelo maná dos fundos estruturais europeus. Nestes casos, a ratificação de um Tratado assimilado à ideia de «Europa», e que práticamente ninguém terá lido, é uma simples formalidade, quer ela se opere pela via parlamentar (Grécia) ou por um referendo cujo resultado já é conhecido de antemão (Espanha no passado dia 20 de Fevereiro; Portugal em Dezembro de 2005)".

"Tony Blair e o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Jack Straw, são à sua maneira mais consequentes quando utilizam os argumentos exactamente opostos para fazer o elogio de um Tratado que organiza a desregulação social e a flexibilidade, que apenas obedece à concorrência e ao mercado em todos os domínios e que prende a União ao atlantismo ... Quanto às organizações patronais - Movimento das Empresas de França (MEDEF), UNICE no plano europeu -, mesmo fazendo prova de uma prudente discrição, não são capazes de dissimular tudo o que de bom pensam de um texto que responde às suas primeiras exigências. A Comissão Europeia, presidida por José Durão Barroso, cujas credenciais são igualmente liberais e atlantistas, não se fica atrás na propaganda a favor de uma «Constituição» que consagra a sua filosofia»

O texto termina " Outros olhares também se viram para França: os dos países onde o peso do consenso das elites impediu qualquer discussão, onde a questão liberal foi deliberadamente ocultada. Eles esperam de um «não» a 29 de Maio o impulso que relance ao nível continental o debate sobre as outras formas que a construção europeia poderá assumir. É para isso que dão uma procuração aos eleitores franceses ... E, por uma vez, ficam ao lado de Blair, que gostaria que um país, de preferência a França, interrompesse o processo de ratificação do Tratado, única forma de evitar a realização do referendo que ele prometeu aos seus compatriotas, no final de 2006, e que está perdido à partida segundo quase todos os analistas ..."

Um texto que aconselhamos vivamente a leitura!!Posted by Hello

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