tribuna socialista

sábado, abril 30, 2005

A PROPÓSITO DA PRÓXIMA CONVENÇÃO NACIONAL DO BLOCO DE ESQUERDA


O Bloco de Esquerda (BE) vai realizar mais uma Convenção Nacional no próximo fim-de-semana.

As esquerdas em Portugal não precisam de mais partidos, mas o BE foi e ainda é uma lufada de ar fresco. Isto apesar de todas as contradições próprias de um partido que ainda é jovem.

As criticas que já fizemos ao BE, mantemo-las! Mas isso não nos impede de considerar o BE como uma das partes imprescindíveis para qualquer solução unitária das esquerdas.

O Bloco (como todos lhe chamamos) está hoje perante um sério desafio: ou assumir-se como partido-alternativa ou continuar a ficar como partido-protesto. Mas se assumir-se como partido-alternativa terá também pela frente um outro enorme desafio: ter uma organização igual e com os defeitos das organizações dos outros partidos ou ter a coragem de definir uma organização onde os militantes sejam a parte mais importante.

No plano programático e das propostas políticas o desafio também é imenso: ou ficar-se pela indefinição e abstracções esquerdistas ou saber enveredar por um processo de clara afirmação anti-capitalista e inequivocamente socialista.

O Bloco tem muitos e bons militantes para conduzir um debate ao qual as esquerdas também não poderão ficar indiferentes. Mas ao Bloco continua a faltar uma base social enraízada no movimento dos trabalhadores, como é o caso do movimento sindical. As criticas que se costumam ouvir, considerando o BE como um partido "de intelectuais", ou da "pequena burguesia urbana", têm alguma razão de ser. Vencer os desafios que inumeramos poderá contribuir para a afirmação de uma base social mais consistente!

Ter uma base social mais consistente e saber afirmar-se como anti-capitalista, democrático e socialista, contribuirá também para que as correntes mais sectárias e esquerdistas (por exemplo, aquelas que querem atirar o PS para os braços da direita) sejam reduzidas a uma expressão marginal e sem qualquer influência. São correntes, que afinal, numa conseguiram sair de um autêntico gueto de ideias e sempre estiveram a enorme distância do movimento de massas, apesar de não hesitarem em falar sempre em nome dele. Coincidentemente ou não, são também correntes que progressivamente vão limpando do seu discurso as referências ao socialismo, ficando-se sómente por um abstracto revolucionarismo e anti-capitalismo que dá para qualquer roupagem ...

O Bloco de Esquerda justifica atenção e deve ser considerado como um partido imprescindível para uma solução unitária das esquerdas em Portugal. Uma boa razão para estarmos atentos à sua Convenção Nacional e aos debates que se desenvolverão. Posted by Hello

2 comentários:

Pedro Graça disse...

Só para dizer que vou lendo o Blog com agrado regularmente. PG

Socialista Revolucionário disse...

"Ter uma base social mais consistente e saber afirmar-se como anti-capitalista, democrático e socialista, contribuirá também para que as correntes mais sectárias e esquerdistas (por exemplo, aquelas que querem atirar o PS para os braços da direita) sejam reduzidas a uma expressão marginal e sem qualquer influência. São correntes, que afinal, numa conseguiram sair de um autêntico gueto de ideias e sempre estiveram a enorme distância do movimento de massas, apesar de não hesitarem em falar sempre em nome dele. Coincidentemente ou não, são também correntes que progressivamente vão limpando do seu discurso as referências ao socialismo, ficando-se sómente por um abstracto revolucionarismo e anti-capitalismo que dá para qualquer roupagem ..."

Ora aqui está uma bela frase pelna de anti-sectarismo, profundamnte ligada às massas e por isso incapaz de retirar a mais obvia conclusão:
não é necessário sectários para atrirar o PS para os braços da direita: bastam os seus dirigentes e a sua prática polítca governativa e autarquica.