tribuna socialista

terça-feira, junho 15, 2010

BRASIL: UM EXEMPLO DE ECONOMIA SOLIDÁRIA (*)

(*)IIª CONAES – Sistematização das 27 Conferências Estaduais. Retirado do portal "BRASIL AUTOGESTIONÁRIO"

As conferências públicas são momentos privilegiados de participação ativa da sociedade que possibilitam a expressão direta dos diversos interesses, necessidades, demandas e proposições de diferentes setores ou segmentos organizados da sociedade, além da representação do poder público nas esferas municipal, estadual e federal.

A partir dessa compreensão, o Conselho Nacional de Economia Solidária convocou a II Conferência Nacional de Economia Solidária (II CONAES), com o tema: o direito às formas de organização econômica baseadas no trabalho associado, na propriedade coletiva, na cooperação e na autogestão, reafirmando a economia solidária como estratégia e política de desenvolvimento.

Eis o desafio: avançar no reconhecimento do direito a outra economia que conduza a outro modelo de desenvolvimento. Esse direito será uma conquista dos sujeitos políticos que constroem a economia solidária no Brasil e que reivindicam o reconhecimento do Estado Brasileiro na forma de instrumentos efetivos de políticas públicas e programas de economia solidária, com participação e controle social.

As atividades da II CONAES tiveram início em janeiro de 2010 com as convocações das Conferências Estaduais e a formação das Comissões Organizadoras Estaduais que, por sua vez, planejaram e convocaram as Conferências Regionais ou Territoriais Preparatórias às etapas estaduais.

Ao todo, foram realizadas 187 Conferências Regionais ou Territoriais abrangendo 2.894 municípios brasileiros, com 15.800 participantes dos segmentos representativos locais da economia solidária. Nessa etapa foram discutidos livremente os eixos temáticos da II CONAES com um conjunto significativo de contribuições para a etapa estadual. Além disso, essas conferências territoriais ou regionais elegeram democraticamente 4.440 delegados/as para as conferências estaduais, sendo 1.022 do poder público, 1.094 das organizações sociais e 2.324 de empreendimentos econômicos solidários.

Posteriormente, foram realizadas 27 Conferências Estaduais de Economia Solidária, entre os meses de março e maio de 2010 com a participação de 4.659 pessoas, entre delegados/as e convidados/as. Na etapa estadual de preparação à II CONAES foram debatidas e sistematizadas as contribuições ao Documento Base da II Conferência, resgatando as contribuições que vieram das etapas anteriores. Como delegados/as das Conferências Estaduais foram eleitos/as 1460 delegados/as para participação na etapa nacional, sendo 365 do poder público, 365 de organizações sociais e 730 de empreendimentos econômicos solidários, conforme estabelecido previamente no Regulamento Geral para representação dos estados na II CONAES.

As contribuições ao documento base aprovadas nas 27 Conferências Estaduais foram inseridas pelas relatorias das respectivas Comissões Organizadoras das Conferências Estaduais no sistema de conferências informatizado desenvolvido pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus). As milhares de contribuições precisaram ser sistematizadas no presente Documento Base Nacional para os debates e deliberações na II CONAES que será realizada nos dias 16 a 18 de junho, em Brasília/DF.

A Subcomissão Temática e de Sistematização da II CONAES adotou os seguintes procedimentos para realizar a sistematização das propostas e para elaboração desse novo Documento Base Nacional Sistematizado:

a) Em primeiro lugar foram admitidas e classificadas as novas proposições de acordo com os Eixos Temáticos e os respectivos tópicos. Nessa fase, as proposições que não tinham abrangência nacional e as que não tinham correspondência com os temas em debate não foram integradas ao documento nacional, embora sejam fundamentais para a construção de futuras propostas, programas, projetos e ações específicas no âmbito estadual, territorial ou municipal.

b) Posteriormente as proposições admitidas (substitutivas, aditivas e supressivas) foram analisadas e sistematizadas para incorporação em cada um dos eixos com os respectivos tópicos. Esse processo requereu a elaboração de síntese dos parágrafos, incorporando as emendas modificativas com conteúdos convergentes ao conteúdo original do Documento Base.

c) Quando o conteúdo era divergente ao conteúdo original do Documento Base, foram elaboradas sínteses dos novos parágrafos na forma de destaque com marcação em negrito e incorporação no novo Documento Base nos respectivos eixos temáticos e tópicos. Somente foram incluídos os destaques que continham emendas apresentadas por, no mínimo, 03 três Conferências Estaduais (cerca de 10% das conferências realizadas).

d) As novas propostas (de novos parágrafos) também foram incorporadas ao Documento Base. Quando se tratavam de novas propostas com conteúdo convergente aos parágrafos sistematizados, foram incorporadas ao texto na elaboração da síntese dos parágrafos, conforme explicado no item b. Quando as novas propostas tinham conteúdo convergente ao Eixo Temático, porém não possíveis de ser incorporadas na síntese dos parágrafos existentes, foram incorporadas ao Documento Base como novos parágrafos e, inclusive, com a criação de novos tópicos.

e) Finalmente, no caso de novas propostas com conteúdo divergente ao conteúdo do Eixo Temático do Documento Base, apresentadas por, no mínimo, três Conferências Estaduais (cerca de 10% do total) foram sistematizadas e apresentadas como Parágrafo Novo Destaque.

Fruto desse processo realizado em curto espaço de tempo pela Subcomissão Temática e de Sistematização da II CONAES, o novo Documento Base Nacional Sistematizado foi elaborado com a confiança de que expressa o enorme esforço realizado pelos participantes das conferências regionais/territoriais e estaduais. Dessa forma, foram enriquecidos 95% dos parágrafos originais e incorporados mais 39 novos parágrafos, com destaques e conteúdos convergentes aos Eixos Temáticos da II CONAES, que não estavam contidos no Documento Base elaborado para as Conferências Estaduais.

O fundamental é que o documento será debatido e aprovado na etapa nacional da Conferência expressando os acúmulos daqueles que fazem a economia solidária no Brasil, nas suas diversas faces e expressões regionais, culturais e populacionais.

Faça download do Documento na íntegra: IIª CONAES – Sistematização das 27 Conferências Estaduais. (.pdf 212kb).

ENTRE O SUBSÍDIO E O BLOQUEIO DO SISTEMA FINANCEIRO: INICIATIVA SÓ PARA OS GRANDES?


















Há, em cada crise económica, um ciclo vicioso que não resolve nada, nem deixa ver soluções: de um lado uma massa de desempregados, aparentemente sem perspectivas futuras, para quem o subsídio de desemprego, funciona como uma espécie de aspirina; de outro lado, um sistema bancário-financeiro que, atrás da cómoda salvaguarda contra o "mau risco" de crédito, só abre a porta à iniciativa dos grandes (considerando a sua capacidade financeira)


Este é o cenário que o capitalismo, em cada crise, consegue criar: iniciativa para quem tem capacidade financeira, algum subsídio para quem não tem capacidade financeira e perdeu o emprego.



O subsidio de desemprego não é solução para nada! É como tratar uma doença bactériana com uma aspirina ... baixa a febre, mas não elimina a bactéria!

Um desempregado e um micro ou pequeno empresário que resolva ter iniciativa e queira recorrer à banca, também, em 90% dos casos, nada consegue para poder criar alguma coisa produtiva.

Vai sendo urgente criar, à margem do sistema económico-financeiro, mecanismos que formem trabalhadores no desemprego e micro e pequenos empresários sem actividade, na capacidade de recriarem iniciativa cooperativa, mutualista e todas as formas de economia social.

O movimento sindical, o movimento cooperativo, ONGs, partidos que se considerem anti-capitalistas, ... , poderiam ter a iniciativa de desenvolverem acções de formação abertas a desempregados e micro e pequenos empresários.

Não é preciso esperar por alterações eleitorais, não é preciso esperar por mudanças radicais no sistema financeiro, não é preciso esperar pelo socialismo, ... , para, desde já, se desenvolverem acções, cursos, formações que tirem cada desempregado e cada micro e pequeno empresário, do isolamento, de situações muitas vezes depressivas e dramáticas, e os façam redescobrir as vantagens e a possibilidade de execução com sucesso, de iniciativas sociais e cooperativas que criem emprego.

(Imagem: uma reunião na Fundação Rosa Luxemburgo, Brasil. Esta Fundação tem desenvolvido bastantes acções de formação na área da economia social)

domingo, junho 13, 2010

ALVARO CUNHAL: 5 ANOS DEPOIS ...

Álvaro Cunhal é uma referência dos comunistas portugueses e de muitos no plano internacional. É também uma referência incontornável da luta anti-fascista em Portugal.

Respeitamos Cunhal e a sua vida de anti-fascista, mas não é, para nós, uma referência quanto ao modelo de socialismo que defendia. O seu socialismo, não é, para nós, socialismo, mas totalitarismo.

Cinco anos depois da sua morte, o Partido Comunista Português continua a ser uma das principais referências das esquerdas em Portugal, e, pela sua implantação social e eleitoral um exemplo no plano de partidos semelhantes a nível internacional. Conseguiu resistir à queda do muro de Berlim, conseguiu resistir aos anos da globalização capitalista, matendo-se fiel a uma matriz marxista-leninista algo imutável desde os tempos da ex-União Soviética.

Sente-se ainda a presença política e ideológica de Álvaro Cunhal em todas as acções, táticas e estratégias do PCP!

sábado, junho 12, 2010

BASTA DE TEIMOSIA DOS GOVERNOS EUROPEUS! UMA GREVE GERAL EUROPEIA COMEÇA A ESTAR NA ORDEM DO DIA!

As anteriores sequências de pequenas filmagens, exibem o protesto social que se extende a toda a União Europeia contra as diversas medidas de austeridade e de cortes salariais e nas prestações sociais.

O protesto social não é exclusivo dos trabalhadores dos chamados "PIGS", mas atinge já França e, agora, a Alemanha.

À coesão que os governos europeus parecem demonstrar na execução das suas diversas políticas, o movimento social e dos trabalhadores deveria também responder com a sua coesão e a sua capacidade de resposta.

Todo o movimento sindical europeu, todas as esquerdas que rejeitam o neo-liberalismo e todas as formas de capitalismo, todas e todos os europeus que sofrem as consequências da crise, deveriam responder com a exigência de uma refundação democrática e social da Europa, deveriam responder com um programa alternativo de combate à crise que afirme a necessidade de novas políticas que reforcem todas as formas de democracia, todos os mecanismos de dinamização social da economia, que reforcem as liberdades!

A teimosia da Europa dos Governos e da Comissão Europeia tem de ser exemplarmente combatida! Uma GREVE GERAL EUROPEIA começa a estar na ordem do dia!

ALEMANHA, BERLIM: HOJE, MANIFESTAÇÕES CONTRA AS MEDIDAS DE AUSTERIDADE!

ITÁLIA : Hoje nas ruas contra as medidas de austeridade do governo Berlusconni ... versão iltaliana da Europa neo-liberal!

Grécia: uma das muitas Greves Gerais em 2010!

FRANÇA: 27 de Maio, trabalhadores franceses contra alterações à idade da reforma ... e não só!

ESPANHA: UMA DAS MUITAS MANIFESTAÇÕES EM 08 DE JUNHO

sexta-feira, junho 11, 2010

Ladysmith Black Mambazo - Hello My Baby

CONTRA OS ATAQUES DO CAPITAL; GREVE GERAL NA UNIÃO EUROPEIA!

Na sequência da greve da Função Pública do Estado Espanhol, em 8 do corrente, o grupo ALTERNATIVA PROLETÁRIA, elaborou a seguinte posição que pode ser lida na sua versão completa aqui:

"Nosotros, en España, estamos afiliados a los sindicatos CGT y CNT y hemos ayudado y participado, en la medida de nuestras posibilidades, en todas las acciones que se han celebrado en estos días atrás en nuestras localidades, sean o no de nuestros sindicatos. La Huelga de ayer no fue ni un éxito ni un fracaso. La nueva realidad económica impone sus reglas, con la norma legal de convocatoria al capitalista, por ejemplo, le da tiempo prever y reestructurar la producción y la productividad sin ningún problema, de ahí que la incidencia pueda parecer escasa.

Pero si algo quedó claro ayer es que, por ahora, sólo los funcionarios pueden hacer Huelga y no ser despedidos al día siguiente por los empresarios. A pesar de tantos años de desprestigio, de una política sindical errónea y de que incluso algunos pretendan hacerles perder su derecho laboral por haber aprobado unas oposiciones, ellas y ellos, quienes tienen un trabajo fijo, pueden y deben abrir el camino hacia la Huelga General de todos los trabajadores españoles, para frenar todo lo que se nos avecina, y veremos, desgraciadamente, en nuestras nóminas y en los servicios públicos y sociales dentro de muy poco. ¿Dónde llevará todo esto? ¿Fue la Huelga de ayer el ensayo de otra más fuerte contra Zapatero y sus recortes? "

UMA CANDIDATURA PRESIDENCIAL DEMOCRÁTICA, SOCIALISTA E ANTI-CAPITALISTA: O PERFIL E A SUA VIABILIDADE

No nosso país, o Presidente da República não governa. Quem o faz é o governo. É verdade!

Mas o Presidente da República é eleito por sufrágio directo e universal, e, cabe-lhe a ele nomear o primeiro-ministro, tendo poderes para dissolver a Assembleia da República.

A eleição presidencial, não é, por conseguinte, algo que deva ser menosprezado ou desvalorizado.

É um processo social e politico que deveria merecer à esquerda, as devidas atenção, participação democrática e mobilização!

As presidenciais são uma eleição que envolve primeiro cada eleitor e só depois os partidos. Elege-se uma pessoa, não se elege um partido.

Numa perspectiva de esquerda, esta eleição pode ter muito a ver com a dinâmica dos movimentos sociais. Porque a eleição de um Presidente corta transversalmente o espaço dos partidos, da direita à esquerda.

A eleição presidencial em 2011, acontecerá num momento em que a crise económica deverá atingir um ponto muito alto quanto às suas consequências negativas no plano social. É provável que o clima social em Portugal e nos países do sul da Europa, mas não só, esteja ao rubro, com uma sucessão de manifestações, protestos e até greves gerais.

No entanto, a avaliar pelo estado das coisas, neste momento, é muito provável que as esquerdas apresentem em 2011, candidatos designados ainda durante o primeiro semestre de 2010, e, todos eles, muito condicionados ao que as direcções partidárias decidem. São escolhas que se apresentarão como algo desenquadradas no tempo e na forma para abordarem um combate sério às crise e às suas consequências sociais.

O movimento social, a quem pertence muitas vezes a iniciativa do protesto, antecipando-se ao congeminar das direcções partidárias, é relegado (por essas direcções partidárias) para segundo plano e é menorizado quanto à sua capacidade de afirmação política.

Numa perspectiva democrática, socialista e anti-capitalista, as eleições presidenciais representam, em simultâneo, várias oportunidades que não devem ser desperdiçadas:
  • é um processo em que as iniciativas social e cidadã obrigam a redefinições, reorganizações e reformulações no quadro politico-partidário existente;

  • é um processo em que se pede não só a mudança de um Presidente, mas que apela também à mudança nas políticas e no País;

  • é um processo que deveria servir para cortar com as lógicas mediáticas da sociedade do espectáculo, do mediatismo e do exibicionismo. Ou seja, um candidato a presidente não tem de ser dirigente de coisa nenhuma, não tem de ser mediáticamente conhecido, do tipo "fazedor de opinião", não tem de ter título académico ou de outra ordem. Um candidato presidencial é, nesta perspectiva, promovido, mediatizado e identificado pelo movimento social.

Infelizmente as direcções das esquerdas, escolhem os seus candidatos usando quase os mesmos critérios que a direita usa. Mude-se a retórica, alterem-se adjectivos e substantivos, e, parece tudo decalcado a papel químico. É a influência de um parlamentarismo, onde os jogos e as negociações, da direita à esquerda, fazem esquecer o movimento social e todas as formas de democracia participativa e directa.

Em Junho de 2010 será ainda possível promover um candidato que represente a iniciativa dos movimentos sociais e apresente um programa de afirmação democrática e socialista? Um programa de corte com o ciclo de políticas neo-liberais e de ataque sistemático a todas as formas de apoio e afirmação sociais?

Na minha opinião é dificil, mas não deixa de ser possível ! Seria também, para muitos milhares de cidadãos, uma oportunidade para exercerem o seu voto.

Será que já imaginaram quantas e quantos se interrogam, neste momento, sobre se valerá a pena votar com o tipo de candidatos que as esquerdas se preparam para apresentar em 2011?

Um candidato democrático, socialista e anti-capitalista, vindo dos movimentos sociais, tem de possuir um perfil que lhe permita ser reconhecido como pessoa que sabe o que é esta crise e que sabe também onde deverá ir buscar forças para a combater de uma forma que mobilize a maioria social deste país.

Porque não um DESEMPREGADO ? Porque não um PRECÁRIO , daqueles que já o são há anos e anos sem conta ? Porque não um ACTIVISTA SINDICAL ? Porque não uma Mulher ou um Homem comprometido com o espaço da afirmação cultural ? Porque não alguém comprometido com a afirmação dos movimentos cooperativo e da economia social ?

Na minha opinião, existem muitas e muitas vontades que convergiriam num movimento de afirmação de uma candidatura presidencial deste tipo. Há movimentos sociais que também poderiam ter esta iniciativa.

A viabilidade de uma candidatura deste tipo, de uma candidatura que resulta da crise que outros originaram, mas que a maioria sofre na pele, é viável, desejável e benvinda.

João Pedro Freire

quarta-feira, junho 09, 2010

DESCOORDENAÇÃO NO PROTESTO SOCIAL = AVANÇO DE MAIS RESTRIÇÕES SOCIAIS!

Ontem foi dia de greve da Função Pública em Espanha.

No dia 8 de Julho, a CGTP organiza uma jornada de luta a nível nacional.

Na Grécia, o "clima" social continua agreste ... embora a imprensa faça uma espécie de bloqueio de silêncio!

Em França continuam protestos contra as tentativas do governo Sarkozy alterar a idade da reforma ...

NÃO VAI SENDO TEMPO DE SE ORGANIZAR UM PROTESTO SIMULTÂNEO EM PORTUGAL, ITÁLIA, GRÉCIA, ESPANHA E EM FRANÇA?

Enquanto o protesto social surge descoordenado pelos diversos espaços nacionais europeus, os governos europeus insistem numa mesma "receita" para a crise que passa por ainda mais cortes nas prestações sociais, mais liberalização das leis laborais e mais cortes salariais ...

Alguns sindicatos europeus parecem excessivamente presos a lógicas de "pacto social", o qual, perante a actual crise, nada resolve, nada previne, porque ... os governos e o patronato só ouvem e executem as receitas sociais e económicas que mais lhes convêm .

É tempo de agir! É tempo de organizar o protesto social a partir da iniciativa espontânea!

O protesto social precisa de uma dimensão europeia, já que a resposta dos governos europeus também é única, coordenada e aplicada seja qual for o país!

terça-feira, junho 08, 2010

CONVERSA DA CRISE (*)

A conversa da crise tem muito que se lhe diga. Depende do fio por onde se queira puxar o novelo e, claro, da perspectiva de cada um.

Na Comunicação Social, por exemplo, vai uma crise danada. Os despedimentos dos últimos anos chutaram centenas de profissionais que, sem alternativa, agradecem à Segurança Social o subsídio que lhes vai caindo na conta no fim de cada mês, sendo que alguns, poucos, têm logrado mudar de actividade e manter um mínimo de decência na vida que construíram. Neste sector, em Portugal, não há aquilo a que o bom senso manda designar de mercado de trabalho, pelo que uma vez na vida “marcado” por um dos três barões da Comunicação Social, “marcado” para todo o sempre. Acresce a tudo isto xis centenas de jovens licenciados que, todos os anos, são despejados pelas faculdades e que, justificadamente, lutam por um lugar ao sol. O caso é tal que a imagem comum de um grupo de hienas em disputa pelo seu pedaço de carne putrefacta se ajusta cada vez mais.

É por isso curioso, no mínimo, que, no contexto da dita crise, exista em Portugal um jornal – a “Folha de Portugal” – interessado em admitir um “Jornalista, fem./masc.s, para trabalhar em Lisboa, com disponibilidade para entrada imediata”. A “Folha de Portugal” é o semanário gratuito da polémica IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), um jornal que assume o seu ecletismo em 24 páginas com notícias de desporto, política, educação, economia, religião…

Os verdadeiros donos do mercado, que são apenas três e ocuparam as suas posições no tabuleiro há anos, não têm postura semelhante ou aparentada. Optam por outros caminhos, outros favores. O que não deixa de ser uma piada hipócrita, sobretudo quando se ouve tantos a falarem tanto de moralização e de comportamentos exemplares na vida em sociedade.

(*) Publicada por Paulo F. Silva em 8.6.10 (It's always Jalalabad)

QUEREM "LAVAR" A HISTÓRIA ...

Este ano comemora-se o centenário da República portuguesa.

Primeira pergunta: a república começou em 1910 e continuou, sem interrupção, até aos dias de hoje?

Formalmente, sim!

Mas, na prática, o regime do chamado "Estado Novo" prolongou a República ou interrompeu-a?

Em Aveiro, terá lugar, amanhã, um desfile público onde, a propósito do centenário da República, desfilarão meninos "mascarados" com a farda da salazarista "Mocidade Portuguesa" ... será que faz algum sentido homenagear a República centenária com símbolos de um período de ditadura policial, autoritária e fascista?

Quantos dos figurantes que incluirão o desfile sabem que a "Mocidade Portuguesa" é irmã gémea da polícia política, foi uma muleta, com a Legião Portuguesa, do fascismo salazarista ?

A "Mocidade Portuguesa" não é só a exibição de uma farda!

É claro que Salazar existiu. Não pode ser ignorado! É claro que a PIDE existiu. Não pode ser ignorada! É claro que a repressão existiu, sob multiplas formas. Não pode ser ignorada! É claro que a Mocidade Portuguesa existiu. Não pode ser ignorada!

A grande questão, é que ao fim de 36 anos depois do 25 de Abril e do retomar do espírito republicano, cheira muito a lavagem ... e há um deficit imenso de preservação da memória que não esquece a repressão, as prisões políticas, a censura, ... , a par de uma informação muito retocada e arranjadinha sobre os anos do fascismo que também dava pelo nome de "Estado Novo" ...

OS ANARQUISTAS (*)

(*) retirado de A Bela Moleira

Por breves minutos, esqueçamos as misérias políticas que temos que aturar todos os dias, ignoremos a miséria jornalística de uma hora de telejornal consagrada histericamente em todos os canais à viagem épica dos jogadores portugueses para a África do Sul.

Viagem "épica" mais de quinhentos anos após por lá ter passado, numa frágil casca de noz, o grande e ignorado herói português Bartolomeu Dias.

Por breves minutos concentremo-nos em coisas mais sérias.

Nos tempos do bloco hegemónico dos grandes banqueiros e do grande cerco que o capital impõe à vida de todos nós, voltemo-nos para memórias que nos lembram muitos heróis anónimos que lutaram por uma sociedade justa e sem senhores.

Recordemos, pensemos, ouçamos. Há tantas referências para nos alimentar o espírito e a resistência ao statu quo.

Ouçamos, por exemplo, Léo Ferré cantando Les Anarchistes, poema e música dedicados a Mikhail Bakunin, “ce camarade vitamine”, e aos anarquistas espanhóis nossos vizinhos.

Imaginemos como Léo Ferré cantou pela primeira vez esse poema naquele dia 10 de Maio de 1968, primeiro dia das barricadas no Quartier Latin, na sala da Mutualité de Paris.

"Les Anarchistes".- Letra e música de Léo Ferré

Y'en a pas un sur cent et pourtant ils existent

La plupart Espagnols allez savoir pourquoi

Faut croire qu'en Espagne on ne les comprend pas

Les anarchistes


Ils ont tout ramassé

Des beignes et des pavés

Ils ont gueulé si fort

Qu'ils peuv'nt gueuler encore


Ils ont le cœur devant

Et leurs rêves au mitan

Et puis l'âme toute rongée

Par des foutues idées


Y'en a pas un sur cent et pourtant ils existent

La plupart fils de rien ou bien fils de si peu

Qu'on ne les voit jamais que lorsqu'on a peur d'eux

Les anarchistes


Ils sont morts cent dix fois

Pour que dalle et pour quoi?

Avec l'amour au poing

Sur la table ou sur rien

Avec l'air entêté

Qui fait le sang versé
Ils ont frappé si fort

Qu'ils peuvent frapper encore


Y'en a pas un sur cent et pourtant ils existent

Et s'il faut commencer par les coups d'pied au cul

Faudrait pas oublier qu'ça descend dans la rue

Les anarchistes


Ils ont un drapeau noir

En berne sur l'Espoir

Et la mélancolie

Pour traîner dans la vie

Des couteaux pour trancher

Le pain de l'Amitié

Et des armes rouillées

Pour ne pas oublier


Qu'y'en a pas un sur cent et pourtant ils existent

Et qu'ils se tiennent bien le bras dessus bras dessous

Joyeux, et c'est pour ça qu'ils sont toujours debout

Les anarchistes.

sábado, junho 05, 2010

ALEGRE, CANDIDATO DA ESQUERDA ? (*)

Merece Portugal os políticos que tem, as suas mentiras e as comédias que encenam? Será que os portugueses merecem os castigos que os políticos decidiram infligir-lhes?

É uma verdade indiscutível, uma grande parte dos nossos concidadãos são coniventes na situação a que se chegou e provavelmente estarão prontos para reincidir nas suas escolhas. É a lei das maiorias democráticas.

Tivemos eleições há poucos meses, os eleitores elegeram o Sócrates para um novo mandato. Fizeram-no certamente porque estavam contentes, haverá muitos que andarão agora a queixar-se, mas de quem é a culpa?

É verdade que sempre poderão argumentar que não tinham escolha, que o resultado era inevitável. E talvez tenham razão. É que chegámos ao grau zero da política em Portugal: corrupção, políticos incompetentes e mentirosos, compadrios, promiscuidades de toda a espécie. Um inferno cheio de conformismos.

Continuamos com a mesma nomenklatura socialista no poder, a prestimosa nomenklatura que serve devotamente o seu querido líder, continuam os mesmos quase todos em funções, usufruindo das mesmas alcavalas e privilégios.

Mesmo sem maioria absoluta, aparentemente nada mudou. Na realidade, tudo se agravou, nestas coisas não há milagres, os erros pagam-se caro e, assim, estamos pior do que no tempo da maioria absoluta.

Continuamos com a mesma corte de políticos engravatados, ciosos dos seus privilégios e dos seus benefícios, convencidos de que são imprescindíveis e, por isso, investidos na suprema missão de “governar”, cheios da sua importância.

O que é que se agravou? É que agora estamos mesmo à beira de uma tremenda bancarrota social e sem perspectivas de dela sair.

Apesar de ter arrastado o país para a situação que conhecemos, apesar de todas as falcatruas e mentiras a que recorreu para ganhar as eleições, o Partido Socialista continua, pois, no poder. É que apoios não lhe faltam, mais à direita, mais à esquerda tanto faz. Apoios à direita é natural, a lógica das afinidades electivas, dos interesses tem sempre muito peso.

PS/PSD são partidos gémeos, ambos testemunham a mesma fraude, a de utilizarem uma designação que historicamente os situaria à esquerda. Só que na prática não passam de fiéis serventuários do torniquete neo-liberal inventado nos tempos do Nixon para melhor espremer quem trabalha e lhes retirar direitos.

Há muito que estes partidos perderam a vergonha na cara, vão alternando, ora um ora outro. E, assim, nada de novo aparece na frente ocidental deste jardim à beira mar plantado.

Apoios à esquerda, também não têm faltado. Último exemplo, o apoio do PCP e do BE às grandes obras – o velho mito da esquerda soviética – do TGV Madrid/Poceirão. Sem negociações, sem contrapartidas, sem garantias, esses partidos foram lestos no seu apoio. Também estão com o Sócrates, por mais que barafustem como é que poderão dizer o contrário?

Haverá ainda uma esquerda e uma direita em Portugal? Os banqueiros, os donos do capital dizem que não, que não há diferenças, sobre estas questões metafísicas não têm estados de alma e provavelmente terão razão. É que com os seus amigos políticos, todos partilham o mesmo barco dos interesses. Existe entre eles um fio inquebrável tecido por uma bela solidariedade de interesses.

Uma solidariedade que não parece ter fim à vista. Basta pensar no cenário que se pré-figura para as eleições presidenciais.

O que é que vai mudar com estas eleições? Será que vão mudar a pobreza, as desigualdades, os baixos salários, os sacrifícios de quem trabalha, de quem sofre em horas e horas de transportes, horas e horas de trabalho, horas para levar o filho ao infantário, quando se conseguiu arranjar um, ou à escola? Será que vão mudar as humilhações e o stress no emprego? Será que vão mudar as horas à procura de emprego, a suprema marginalização de não ter um lugar para trabalhar, um salário?

O Presidente-candidato da República não parece muito preocupado com tudo isso, aparentemente tudo lhe corre bem e, assim sendo, vai deixando andar.

Há muito que já devia ter demitido o governo Sócrates, tem poderes para isso. Um governo incompetente e mentiroso que nos desgoverna, um governo fantoche telecomandado por Berlim e por Bruxelas, incapaz de definir um rumo e uma estratégia para tirar a economia da recessão e estimular a criação de riqueza e combater a pobreza e as desigualdades sociais. Um governo que nos leva a cada dia que passa para mais perto do precipício.

O que é que isso interessa ao Presidente-candidato?

Cavaco arranja desculpas esfarrapadas para justificar a sua inércia e incapacidade, argumenta com a crise, não quer alienar o seu eleitorado mais conservador. Ora, é em tempos difíceis, em tempo de crise que se revela o verdadeiro estofo dos grandes políticos. Cavaco um grande político? Deixem-me rir.

O seu pensamento está todo concentrado no que vai acontecer em Janeiro do próximo ano, aparece na televisão, faz uns apelos aos empresários, invistam, criem riqueza. É o seu palco, o seu papel, não se está a sair muito mal.

Está sobretudo preocupado em assegurar mais cinco anos comodamente instalado no remanso do palácio de Belém, nas mordomias, nas vaidades do seu cargo. E nada preocupado pelo facto de continuar a ser uma nulidade, cujo nome será vagamente recordado em nota de rodapé dos futuros manuais de história.

Manuel Alegre? Que acrescentar ao que ficou dito atrás?

Candidato de esquerda, mas qual esquerda?

Alguém conhece o pensamento político deste candidato, alguém detém a informação privilegiada quanto à maneira como tenciona, se por acaso for eleito, intervir na vida política do país? Pelo que consegui perceber, não tenciona intervir activamente, o que significaria descer ao grau mínimo do presidente corta-fitas.

Que pensa Manuel Alegre quanto à redefinição do papel do Estado e do Presidente da República, quanto à Justiça, quanto a um modelo de desenvolvimento económico que assegure justiça social e condições de vida dignas para todos e preserve os recursos naturais?

O que pensa quanto à justiça fiscal e a uma regulação que submeta o capital, os capitalistas e os banqueiros às exigências da ética e da solidariedade sociais, da democracia e da igualdade perante a lei?

Qual o seu pensamento sobre o lugar e os interesses de Portugal na Comunidade Europeia? Haverá, para além desta, outras opções estratégicas, outros parceiros internacionais porventura mais vantajosos para Portugal, diga-nos, esclareça-nos sr. candidato de esquerda?

Candidato de esquerda, mas qual esquerda? Esquerda, direita, esquerda, direita, faz que anda mas não anda como dizem os brasileiros.

Uma esquerda a marcar passo é aquela que temos e que provavelmente continuaremos a ter, uma esquerda impotente e incapaz de tirar o país do pântano em que ele se atolou ao cabo de três décadas de neo-liberalismo arrogante e impiedoso.

Tem a palavra o povo. On verra bien.

(*)Opinião de Mário Leston Bandeira, publicada em A BELA MOLEIRA http://a-bela-moleira.blogspot.com/, a partir de Combate Social

sexta-feira, junho 04, 2010

DÁ PARA PERCEBER NO QUE DÁ FALTA DE DEMOCRACIA E FALTA DE TRANSPARÊNCIA?

Parece que a Hungria será o próximo país a entrar em bancarrota.

Segundo o economico.sapo.pt, "Tudo porque um porta-voz do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orabn, afirmou hoje que falar em incumprimento "não é nenhum exagero" dado que a economia do país "está numa situação muito grave" em parte porque o anterior Executivo manipulou estatísticas e mentiu sobre o verdadeiro estado da nação."

Manipulação de estatísticas e mentiras, pelos vistos, começam a ser práticas correntes nos governos europeus. Primeiro, a Grécia, agora, a Hungria ... e a grande questão é que, como só se sabe a verdade, anos depois de ter acontecido a mentira, não há garantia nenhuma que por esta Europa, a seriedade (!) de muitos governos e, porque não, da própria Comissão Europeia, seja só um acto de representação algo teatral, para calar as chamadas opiniões públicas eleitoras!

O que está em causa, é um modelo de democracia redutoramente representativa, no qual os cidadãos limitam-se a votar, sem, depois, terem qualquer hipotese de controlarem (i.e. pedirem contas) quem elegeram com o seu voto.

Esta democracia acaba por ser uma cópia das organizações em que assenta o modelo empresarial das chamadas "economias de mercado". Nestas empresas, os actos de gestão são domínio restrito dos gestores e dos administradores. Há muito que os trabalhadores, enquanto tal, e, as organizações laborais, como comissões de trabalhadores, deixaram de ter acesso directo e com direito de voto, a esses actos de gestão. Também já existem exemplos que ilustram o resultado destes modelos de gestão empresarial: veja-se o que aconteceu no Millennium Bcp, no BPN e no BPP!

Mas por muitos exemplos que existam e se repitam, parece que os defensores desta democracia afunilada continuam com a mesma cara-de-pau, apelidando tudo o que se apresente como alternativo, de "utópico", "despesista" e "irrealizável" ...

As receitas aplicadas pelos defensores da "economia de mercado" e do seu modelo político, seja nos Estados, seja nas empresas, passa sempre pelo mesmo, "reduzir a despesa pública", i.e. atacar o Estado Social e as prestações sociais, enquanto advogam, nos Estados, redução drástica de funcionários públicos, e, nas empresas, despedimentos e pedidos de maior liberalização das leis laborais.

Estes são momentos excelentes para se pensar um pouco no que tem significado uma democracia afunilada e sem qualquer transparência! São também momentos importantes para que as esquerdas recuperem uma alternativa concreta, com nome, i.e. o socialismo, reflectindo sem tábus e sem purismos caducos, como é que será no século XXI da globalização capitalista neo-liberal!

Democracia, liberdade, transparência, gestão participada e auto-gestão, planificação democrática e formas de economia social ... tanto para discutir e tão urgente para a definição de uma alternativa de dimensão internacional que mobilize e enterre o modelo actual que só vai destruindo, de crise em crise ...

quinta-feira, junho 03, 2010

LEVAR O PROTESTO SOCIAL ÀS PRESIDENCIAIS (*)

Os candidatos considerados de "esquerda" são afinal protagonistas, mais vírgula, menos vírgula, das políticas do "bloco central" ... aí estão Manuel Alegre e Fernando Nobre!
Alegre provou-o ontem, mais uma vez, na entrevista à RTP1 ... discurso muito moldado, tipo plasticina, ao apoio recente da direcção sócratica do PS e do Governo.
A falta que faz uma candidatura de afirmação democrática, socialista e anti-capitalista!


Boa reflexão, esta extraída do nóvel (*)Combate Social!


A entrevista de Manuel Alegre à RTP veio relevar uma evidência: a esquerda ainda não tem candidato às eleições presidenciais de 2011.

A única referência breve de Alegre ao PEC e às medidas antipopulares do governo, foi para louvar o entendimento PS/PSD, acrescentando ser desejável que esse entendimento se alargue ao PCP e ao BE…

O “candidato das esquerdas”, como a direcção do Bloco a ele gosta de se referir, mostrou claramente o seu real propósito: ser eleito a qualquer preço e… depois logo se verá.

Convenhamos que não é disso que a Esquerda precisa. Não é de um presidente complacente com os pacotes de miséria que o país necessita para superar a crise e colocar Portugal na senda do progresso e do desenvolvimento.

Alegre, ainda assim, num remoque de “esquerda”, procurou chutar o ónus das medidas impopulares para Bruxelas, livrando Sócrates, o governo e o PSD de responsabilidades, piscando olho à direita e dando o sinal de uma “esquerda responsável”.

Ou seja, depois de ter metido o Bloco no “bolso”, o candidato do governo alargou o seu espaço de manobra e revela-se aquilo que efectivamente sempre foi: o salva-vidas das políticas de direita do PS, com as quais sempre foi mais ou menos tolerante.

Alegre está para a direcção do PS como o próprio PS sempre esteve para os interesses do grande capital financeiro: é o recurso necessário!

Neste cenário, faz todo o sentido unir esforços para a construção de uma plataforma de Esquerda, com capacidade de aglutinar o protesto social e dar resposta política aos planos do governo e da União Europeia subordinados ao grande capital financeiro.

A Esquerda que não se rende nem se enreda em jogos de conveniência táctica precisa de encontrar um programa e um nome que corporizem o protesto popular, utilizando as eleições presidenciais como tribuna de denúncia da coligação de direita PS/PSD – agora, abençoada por Manuel Alegre.

Foto: CS
(*) Publicada por COMBATE SOCIAL em 04:50

quarta-feira, junho 02, 2010

ONTEM FOI O DIA DE UM FUTURO QUE É URGENTE CONSTRUIR MUITO DIFERENTE!


AINDA AS PRESIDENCIAIS

Muita gente considera que o apoio do Bloco a Manuel Alegre também "se justifica" por ele ser um dos "menos maus" ou "dos melhores" que existem no PS para se poder derrotar Cavaco Silva ou outro qualquer candidato da direita.

Porque será que as esquerdas precisam de procurar candidatos "menos maus" ou "dos melhores" no partido dirigido pelo actual primeiro-ministro?
Será que as esquerdas estão condenadas a escolher, tendo uma perna nas políticas governamentais liberais e de direita e a outra nos movimentos sociais que contestam essas políticas?
Será que a direcção do Bloco, se terá dado ao trabalho de consultar préviamente e em devido tempo, outros possíveis candidatos com um perfil mais de acordo com a uma candidatura de convergências das esquerdas que não querem mais neo-liberalismo e políticas governamentais de direita?

As esquerdas a que me refiro passam também inevitávemente pelos militantes do PS!

O que parece é que a direcção do Bloco se preocupou única e exclusivamente com uma "agenda política" que só existe na cabeça de alguns (repito: alguns e poucos!)membros da sua direcção política e que casa muito pouco com a realidade social e política!

Teimosia, muita teimosia ... que gera sectarismo e incapacidade para se ouvirem opiniões diferentes!

Por mais que a direcção do Bloco diga que Alegre é supra-partidário, tal como Sócrates o diz, que força, que mobilização, que clareza política, pode ter um candidato que é militante do partido governamental e que molda sistemáticamente o seu discurso de conjuntura aos apoios que recebe da direcção do seu partido?

Manuel Alegre é agora uma caricatura da sua primeira candidatura presidencial. Mas Fernando Nobre entre apelos à "cidadania" está, cada vez mais, atado de pernas e mãos a um populismo que não sabe para que lado se há-de virar!
Pelo meio, é absolutamente infantil e primário os amuos sonoros e públicos de Mário Soares ...

Será que não é possível arranjar uma candidatura de afirmação democrática, socialista e anti-capitalista?

João Pedro Freire

terça-feira, junho 01, 2010

segunda-feira, maio 31, 2010

GOLPE CONTRA O GOVERNO E DESAFIO À VELHA BUROCRACIA SINDICAL (*)

TEXTO EXTRAÍDO DE NOVA ESQUERDA MOVIMENTO PARA NOVA SOCIEDADE:

A manifestação de ontem, que levou a Lisboa e à Avenida da Liberdade dezenas de milhar de pessoas, revela, desde logo, duas circunstâncias novas sobre as quais importa reflectir.

Ao contrário de outras, que apenas mobilizaram activistas e quadros sindicais, esta trouxe para a rua muitos sectores que, até então, não haviam sido mobilizados para o protesto, nomeadamente, muita gente de origem rural e trabalhadores de sectores não estratégicos.

Por outro lado, em várias zonas da manifestação, as pessoas aderiam com combatividade à palavra de ordem pela Greve Geral.

Uma e outra circunstância – num momento em que dentro do próprio movimento sindical, se manifestam posições “moderadas” que, tendo como argumento a “crise”, incitam os trabalhadores ao “bom senso” – revelam que a contestação ao governo, às suas políticas e ao PEC de miséria, alargaram o seu campo e que são cada vez mais os sectores [mesmo os menos esclarecidos] da sociedade portuguesa que radicalizam posições e manifestam disponibilidade para novas formas de luta.

Nesse sentido, a manifestação de ontem constitui um golpe de força e combatividade contra o governo de direita, mas também um desafio à velha burocracia sindical que se viu impotente para conter palavras de ordem mais “ousadas” e se esfalfou por colocar na cauda do desfile a semente mais insubmissa dos manifestantes – não fora o a coisa pegar-se e deitar por terra os planos do costume e a táctica previamente definida nos gabinetes dos controleiros…

Uma “esquerda bem comportada”

Em vários momentos, de forma repugnante e inqualificável, agentes do serviço de ordem da central sindical forçavam grupos de manifestantes para a cauda do desfile, de que foram exemplos mais caricatos a tentativa de afastar Garcia Pereira e seus camaradas, bem como o cordão “policial/sindical” que impediu jovens anarquistas de se integrarem na manifestação.

E até o Bloco de Esquerda colocou, entre o sector mais oficial do partido e o grupo Ruptura/FER [seu integrante], um carro de som para que o incitamento à Greve Geral não fosse entendido como posição oficial…

Estas esquerdas bem comportadas, alapadas na comodidade das tribunas parlamentares [percebe-se], reproduzem os mesmos tiques, a mesma arrogância e as mesmas práticas autoritárias que já provaram só levar à derrota e abrir caminha à direita e aos seus governos. E de que é exemplo a “aprovação” de uma proposta de moção que não foi votada por o burocrata de serviço achar “não ser necessário”, por estar à partida aprovada por unanimidade…

Por António Alte Pinho
(editor e membro da Comissão Directiva da Nova Esquerda)

O PROTESTO SOCIAL E AS CANDIDATURAS PRESIDENCIAIS ...

150 mil ou mais de 200 mil que se manifestam numa tarde de sol em Lisboa, não é um acontecimento qualquer. Manifestações já aconteceram em que os que se manifestavam, parecia que não sabiam ao que tinham ido. Na de Sábado, os entrevistados aleatóriamente pelas diversas televisões, sabiam o que queriam e mostravam convicção no seu protesto.

As "soluções" que os governos da União Europeia, com conselhos/pressões das agências de rating e do FMI, impõem, levam muita gente a concluir que insistir sempre no mesmo, não pode levar à resolução de uma crise que, embora mais grave que outras, é um sucedâneo de outras que já aconteceram.

Sócrates repete "soluções" semelhantes às aplicadas por Zapatero, por Berlusconni, por Papandreou, por Sarkozy, por Merkl ... primeiro-ministros de governos que já o eram antes desta crise. Governos que também já o eram quando injectaram milhões e milhões para estancar a bolha especulativa do sistema financeiro e que, não obstante isso, voltam agora a advogar cortes e mais cortes afectando prestações sociais e sistemas de protecção social.

Estas contradições começam a ser percebidas por muita gente. É um facto! Mas também é verdade que essa crescente percepção, não tem modificado politicamente um sistema que continua, nesta Europa, a priveligiar a alternância entre "soluções" politicas "genéticamente" muito semelhantes e com resultados muito parecidos.

Por cá, dizem as sondagens, que o PSD estará com um resultado próximo de uma "maioria absoluta", e, logo todos os chamados "fazedores de opinião" vieram a terreiro acrescentar que o somatório BE e PCP descia ligeiramente e a direita voltava a ter 52% no seu conjunto! No fim-de-semana da grande manifestação promovida pela CGTP, onde se falou da possibilidade de uma greve geral!...

Façam os desenhos que fizerem, inventem o que já está inventado, a realidade é que o movimento social das esquerdas só se tem baseado no protesto e muito pouco na capacidade de afirmação de uma nova alternativa.

Até as presidenciais, revelam a pouca capacidade de afirmação unitária das esquerdas. No fim-de-semana da grande manifestação da CGTP, a direcção do PS deu o seu apoio à candidatura de Manuel Alegre, mas nada se ouviu do candidato do PS, do BE e do PDA sobre os 200 mil que protestaram contra os diversos PECs.

Era suposto que Alegre fosse o candidato da "grande unidade das esquerdas". Por razões diferentes, as direcções do PS e do BE, falavam nisso. Mas o certo é que, perante a realidade, essa "grande unidade" não acontece e até divide os principais apoios partidários do candidato.

À esquerda não há transparência no debate, não há capacidade unitária de afirmação. Por isto, o protesto acaba por ser inconsequente!

Como é possível construir unidade quando perante questões que merecem protesto social não há consenso possível? A construção de uma maioria social ganhadora não é uma conta de somar!

Como não é possível construir projectos mobilizadores na base de abstracções de "apelo à cidadania", não se discutindo também nada de concreto. Fica, neste caso, uma "unidade" construída (!) com um populismo primário!

Manuel Alegre não acrescenta nada a Fernando Nobre, tal como Fernando Nobre não acrescenta nada a Manuel Alegre. Abstração e populismo até convivem muito bem!

Entre os 200 mil que se manifestaram no Sábado, haveria pessoas de todo o espectro partidário. A crise, nas suas consequências, não escolhe cores partidárias. Como haveria também apoiantes de todos os actuais e futuros candidatos presidenciais. Mas a unidade só durou enquanto durou a manifestação!

A crise precisa de uma solução política, nos planos europeu e nacional, que não repita fórmulas gastas nem alternâncias dos mesmos. Essa solução precisa de partir do movimento social que consegue unidades nos protestos, para uma nova relação entre todas as correntes e pessoas que se consideram de esquerda e que conseguem estar de acordo relativamente às causas da actual crise económica e financeira.

Enquanto isso não acontecer, ganharão as alternâncias dos mesmos e as "soluções" reutilizadas! À esquerda é urgente que o social e o político voltem a dar as mãos ...

sexta-feira, maio 28, 2010

quinta-feira, maio 27, 2010

Vias para Criar Empregos em Portugal

Este debate promovido pela Corrente de Opinião Esquerda Socialista, do PS, é oportuno e deveria ser multiplicado.
Não estou, com isto, a promover os intervenientes, nem a dar a minha opinião sobre os mesmos. O meu aplauso é mesmo para o debate "VIAS PARA CRIAR EMPREGOS EM PORTUGAL" !
Mas explicar, debater, esclarecer, promover todas as formas possíveis de criação de emprego, nomeadamente através de todas as formas de ECONOMIA SOCIAL, é uma ajuda importantissima que se pode dar a desempregados e a precários. Uma ajuda tão ou mais importante que, por exemplo, o subsídio de desemprego!
Este exemplo da Corrente Esquerda Socialista, do PS, deveria ser copiado (qual é o problema?) por todos os partidos das esquerdas e por todo o movimento sindical.


João Pedro Freire (colocado também no Facebook)

Debate “Vias para Criar Empregos em Portugal” (Leiria, 8 Junho)

A realizar no dia 8 de Junho pelas 21,00 horas no Anfiteatro 1 da Escola Superior de Educação de Leiria

Com a Participação:

Eng. António Fonseca Ferreira – Membro da coordenação da Esquerda Socialista, que fará as perguntas a debater e para as quais se procura uma resposta.

Eng.. João Proença – Secretario Geral da UGT- União Geral de Trabalhadores

Dr. Francisco Madelino – Presidente IEFP- Instituto de Emprego e Formação Profissional

Eng. José Epifâneo Da Franca – Empresário

Henrique Neto – Empresário

Notas: perante uma situação grave de crescimento do desemprego, que afecta muitos milhares de famílias portuguesas, todos temos o dever de procurar novas vias para o crescimento da economia e de criação de empregos. Para isso pede-se um esforço do conciliação de ideias e de objectivos, olhar de frente a realidade da economia portuguesa e deixar de lado as considerações filosóficas, ideológicas e de política partidária. É esse o objectivo que propomos e que esperamos possa contribuir para a unificação de um pensamento inovador sobre as questões da economia e do emprego em Portugal.

O modelo do debate será de um período de perguntas a que cada participante responderá em 3 minutos e de um período aberto às questões postas por todos os presentes.

quarta-feira, maio 26, 2010

PRESIDENCIAIS: O ESTADO A QUE ISTO CHEGOU ...

Manuel Alegre não é consensual no seu partido. Como não é consensual no Bloco de Esquerda.

Fernando Nobre, que faz questão de se afirmar como candidato "fora dos partidos", também já deixou de ser consensual entre os seus apoiantes iniciais.

Provavelmente, consensual, entre os seus, será o candidato do PCP, qualquer que ele seja.

Mais uma vez, as esquerdas - todas: as mais do centro, as mesmo de esquerda e as que são mais esquerda que a própria esquerda! - todas elas, falharam!

Falharam na capacidade para dialogarem, esgrimirem argumentos, beberem inspiração e acção no movimento social, e, para além dos partidos, feitos, às vezes, prisioneiros do pensamento e da acção, conseguirem apresentar soluções, alternativas, algo que mobilize e que não seja só alternância ... para o mesmo!
As esquerdas correm o risco de deixar à direita o Palácio de Belém. Mais uma vez!

Logo dirão, alguns que as "presidenciais" não são importantes. Cá dentro vigora o semipresidencialismo. Tretas e mais tretas, que lembram muito aquela que se contava sobre as uvas ... são verdes!!!!.....

Sejam presidenciais, seja governo, seja até junta de freguesia, as esquerdas perdem-se em questiunculas e purismos que já remontam ao secúlo XIX ...

Não se pretende que as esquerdas passem a conviver em vez de discutir frontalmente as diferenças. E uma discussão não é como ir tomar um copo! É claro que não ... Mas, pelo menos, que se consigam sentar à mesma mesa para ver até onde se consegue ir ...

As esquerdas ... se ainda significar que ser de esquerda é lutar por novas realidades, novas sociedades, lutar contra as injustiças e as explorações, incorporar os direitos do Homem, querer irradicar a miséria, querer justiça, levar a democracia e as liberdades a todo o lado, a todos os cantos, ... se isto ainda é ser de esquerda, então é URGENTE aproveitar todas as oportunidades políticas e sociais, para se tentar a construção de uma alternativa que resulte da convergência dessas esquerdas!

Como teria sido, a propósito das Presidenciais de ... 2011!!!!

terça-feira, maio 25, 2010

AFRICA: UM PROBLEMA QUE É PARTE DO PROBLEMA GLOBAL!

Muitas vezes, se não fosse a acção das ONGs, como a AMI, a situação humanitária em África estaria muitíssimo pior do que está.

Mas o problema em África, na minha opinião, é também um problema social e político. Se repararem, são muito reduzidos os países africanos em que os seus povos podem ter voto na matéria. São muito poucos os países africanos em que o colonialismo tenha sido mesmo vencido e substituído por novas sociedades geridas e controladas pelas pessoas que lá vivem. A grande maioria continua a viver situações (muitas veses com guerra) do mais primário tribalismo, etnicismo e também autoritarismo e prepotência cometidos por antigos dirigentes de "movimentos de libertação nacional" ... a corrupção surge como um tempero para perpetuar cliques no poder!

Neste contexto, a meritória e às vezes heróica acção das ONGs, actua, infelizmente, como o efeito de uma aspirina perante uma doença muito grave ... baixa a febre, mas a doença mantém-se!

A actual crise económica global busca muitas das suas "soluções" (!!) nas deslocalizações à procura de mão-de-obra o mais barata possível e com o menor número de direitos possível ... Essas "soluções" estão muito directamente ligadas à capacidade de afirmação social e política dos povos dos países mais carenciados e explorados.

Este Mundo, no estado em que está, precisa urgentemente de uma solução global alternativa, na qual a vontade das pessoas (e não só de uns quantos iluminados) seja determinante!

terça-feira, maio 18, 2010

RESPEITAR A VONTADE POPULAR! A FAVOR DA MOÇÃO DE CENSURA DO PCP!

A posição da direcção nacional do Bloco de Esquerda sobre a Moção de Censura anunciada pelo PCP, é correcta, sensata e fomentadora de uma necessária e urgente convergência social e política contra esta crise, contra as suas consequências, muitas delas, agravadas com as "soluções" apresentadas pelo PEC/PEC2 da autoria dos partidos da "alternância", com o governo Sócrates a liderar .

É preciso que se diga, que se divulgue, que se anuncie, que se explique que esta crise do sistema capitalista, na sua fase neo-liberal, não tem que ter só soluções (!) que estão dentro desse sistema. Tal como as soluções políticas não têm de ser encontradas nas várias formulas possíveis entre o PS, o PSD e o CDS ...

É possível uma outra solução económica, é possível uma outra solução política!

Mas essas SOLUÇÕES precisam da respiração, do ânimo, das vontades, dos quereres, do movimento social que também pode e, de certeza, sabe encontrar soluções políticas. Mesmo com uma Assembleia da Republica que é agora dominada, contra a vontade popular expressa, por uma espécie de maioria absoluta do absoluto "centrão", o PS e o PSD!

O PCP tomou uma importante iniciativa política, contra os jogos e joguetes parlamentares, o Bloco de Esquerda respondeu favorávelmente com uma postura de convergência construtiva!

Agora cabe ao movimento social tomar a iniciativa, mostrar a iniciativa, com mobilização! Se preciso for usando a "bomba atómica" social que é a GREVE GERAL!

Sim ... porque a VONTADE POPULAR tem de ser RESPEITADA e CUMPRIDA!

EM 29 DE MAIO É PRECISO DIZERMOS "BASTA" !

Não há paciência que resista!!!!!

Prometem o que lhes apetece nas eleições. Depois fazem os arranjinhos parlamentares que nada têm a ver com os resultados eleitorais. Em relação às promessas eleitorais, quase sempre apresentadas com o pomposo nome de "programa eleitoral", reduzem-nas a algo que parece que nunca foi escrito ou prometido.

Quem são afinal os irresponsáveis? Quem são os mentirosos?

Será que perante tamanha hipocrisia do governo e dos partidos da "alternância", não TEMOS o direito de dizer BASTA ?

Que a manif Nacional, de 29 de Maio, da CGTP seja um começo, a Moção de Censura do PCP um passo de convergência, e que um grande movimento social e popular, com os trabalhadores, com todas e todos os que levam na cabeça com os efeitos desta crise e das políticas governamentais, com todos os sindicatos, com todas as organizações populares e dos trabalhadores, com todos os partidos das esquerdas, imponham uma GREVE GERAL que marque uma viragem em nome de nós todos e por causa de todos nós!
É POSSÍVEL MUDAR!

sábado, maio 15, 2010

SALDANHA SANCHES: A MINHA HOMENAGEM!

O que conheci e o que conheço de José Luís Saldanha Sanches sempre foi pelo que lia, pelo que ouvia. Nunca o conheci pessoalmente.

Saldanha Sanches pertence a um grupo de pessoas que, de alguma forma, andou contra a corrente e sempre soube ser coerentemente independente na forma de pensar e no modo como analisava a realidade.

Como militante político, como fiscalista, como cidadão, Saldanha Sanches fica como uma referência de coerência e de cidadania.

Nunca me preocupei em saber, eu, na minha caminhada, se concordava ou discordava de Saldanha Sanches. Desde os tempos da "linha negra" do MRPP até aos dias de hoje em que era reconhecido por fiscalista de referência, nunca abdicando da sua posição cidadã.

Fiquei triste com a sua morte. Mas gostei de ler os testemunhos que os seus Amigos e ex-camaradas de caminhada política fizeram da sua vida! Fiquei com a certeza de que a sua referência continuará!

"BLOCO CENTRAL" ... UM ENTENDIMENTO QUE JÁ VEM (FAZENDO ESTRAGOS SOCIAIS!!) HÁ MUITOS ANOS ...



PS e PSD, Governo e o chamado "maior partido da oposição", agora José Sócrates e Passos Coelho, chegaram a "acordo" quanto às medidas de austeridade, dizem eles, para "equilibrarem" as contas públicas e (esta é a parte que mais gostam de referir ...) "acalmarem os mercados" ...
Este "acordo" tem estado a ser apresentado como algo que é "muito responsável", já que leva a "unir esforços" o partido do governo e o "maior" da oposição!

PS e PSD, sempre com o CDS à espreita, a participar activamente ou então em bicos de pés, foram afinal, sempre e sempre, estes partidos que alternaram entre si as responsabilidades governativas, isto é, são de suas autorias as políticas que , com ou sem crise económico-financeira, nacional e internacional, atiraram a economia para o estado em que está e, mais uma vez, obrigam quem não tem culpa nenhuma no eclodir destas crises, a suportar as piores consequências sociais e económicas das políticas que, mais uma vez, impõem, à revelia da vontade popular expressa em eleições !


As políticas que agora anunciam, com União Europeia e/ou com FMI, são as mesmíssimas que nunca deram resultados ... a não ser a repetição, cada vez mais frequente, de crises e mais crises!
Os partidos do arco neo-liberal do poder - PS, PSD e CDS -, também chamados "partidos da alternância" no governo, anos após anos, ocupam, a seu belo prazer, não só o aparelho de Estado, como fazem desfilar por grupos e empresas privadas, os seus dirigentes e aderentes mais mediáticos. As políticas que emanam dos seus governos, acabam por justificar e permitir esta espécie de "turismo de saque" pelo que é público
e também pelo que é privado!

Tudo isto só prova que entre o actual
aparelho do Estado, o dito sector
público da economia e o sector privado, acaba por não existir diferença nenhuma: todos esses sectores estão hoje ocupados ou então colonizados pela alta finança, pela alta burguesia e pela sua autentica tropa-de-choque política que faz estágio nos sucessivos governos antes de ter acesso às douradíssimas reformas e/ou aos também douradíssimos cargos de administradores nas empresas ditas públicas ou então nas mais realmente privadas.
O "bloco central" político e de interesses só olha para as eleições democráticas como algo meramente formal. O valor e a importância que dão à vontade popular democrática é circunstâncial e oportunista ... está visto, como agora mais uma vez se vê e sente!
A vontade popular tem de ser respeitada! Mas também tem de ser acordada para poder vencer o clima de medo e de intimidação que permite que a alternância dos partidos do dito "bloco central" continue a respeitar mais os ditos "mercados" e nada a vontade dos trabalhadores e das pessoas concretas.
O protesto social, intenso, massivo, incisivo, sem medo, é agora muito mais importante que o que se passa e passará nos ditos corredores do poder e nas negociatas da Assembleia da Republica, tornada pela maioria absoluta (não sufragada!) do "bloco central", como uma caricatura do que seria a verdadeira expressão da vontade popular democráticamente expressa.

O protesto social também é a melhor forma de mostrar aos tais "mercados" onde estão, onde estamos, os que produzem a riqueza (real e não a virtual!...) que tem sido sistemáticamente apropriada pelos abutres da especulação.

quarta-feira, maio 12, 2010

DUAS NOTAS SOBRE A VISITA DE UM REPRESENTE DE UM PODER PLANETÁRIO ... O "PAPA" !

1ª NOTA

Em que é que a matéria consumida pelo Papa - luxuosa estadia, luxuosos meios para viajar, ... - pode "casar" com a miséria daqueles que percorrem, DE JOELHOS, caminhos de uma crença que só pode ser mesmo classificada como ÓPIO que não deixa ver e que torna a vida opaca ?????

Os sacrificios que os PODERES pedem - não! ...... não pedem, EXIGEM! - aos que, cada vez mais, só têm deveres, são compreendidos por quem, como o Papa, anda de braço dado com tudo o que é Poder ????

Os tempos não são - não podem ser! - de resignação, de subjugação, de encolher ombros, de vassalagem perante a ostentação da riqueza, venha ela de onde vier, mesmo que seja esse poder opaco que é o Vaticano e todos os seus tentáculos no Planeta!

O tempos são de REVOLTA, de força para se dizer BASTA! E, de certeza, que nesta revolta e neste basta, muitos católicos e muitos crentes noutras confissões, adeririam a este imenso desafio que é construir uma vida onde a exibição, a luxuria e o poder pelo poder sejam banidos ... DE VEZ!!!!


2ª NOTA

Reparem bem nisto:

quando há uma manifestação de iniciativa sindical e laboral o calculo do número de manifestantes é sempre díspare: o governo, o patronato e a polícia apontam sempre números que são mais de metade daqueles que são apresentados pelos promotores sindicais e laborais da referida manif.
Agora que temos o Papa entre nós, a situação parece muito diferente: as estimativas avançadas por polícia e governo são sempre muito optimistas, muito simpáticas, muito ficcionistas!!!!
Por aqui, dá para perceber e compreender muita coisa!

Para mim, fica uma sensação de ... vómito! A HIPOCRISIA e a MENTIRA dos PODERES diversos é IMENSA!!!!!!

sábado, maio 08, 2010

SOCIALISMO OU BARBARIE !

Há quem veja nesta imagem, uma manifestação "violenta" ... eu vejo a revolta de pessoas de todos os dias, trabalhadores, jovens, desempregados, precários, ... , uma imensidão de pessoas a quem o poder concede o direito de voto, mas priva-os de tudo o resto!

E tudo o resto, é também o direito que teriam de ver a sua vontade como parte para a resolução de uma crise que não provocaram, mas que agora são os primeiros a sofrê-la me pele!
A imagem é da Grécia, mas poderá vir a ser de qualquer país europeu ... "pigs" ou não!


Nesta imagem vejo vontade de uma ALTERNATIVA à barbarie em que nos querem meter!

quarta-feira, maio 05, 2010

MANUEL ALEGRE: DESILUSÃO ! (*)

Sem duvida que o discurso de Manuel Alegre ficou aquém das expectativas de muitos eleitores de esquerda e pior ainda, não revelou uma vez uma clara demarcação do Partido Socialista.

Há vários dias atrás, o candidato Manuel Alegre, em vez de afirmar que a sua área ideológica é o Socialismo, pelo contrário afirmou qualquer coisa do género “a minha família politica é o Partido Socialista”. Com esta afirmação sou levado a concluir o seguinte:

  • A identificação clara com o PS (e não com o Socialismo) serve apenas e só para captar votos do PS, e sendo assim demonstra uma falta de lealdade e transparência para com esse eleitorado (o que é grave para um candidato presidencial).

Ou, em alternativa

  • De facto o candidato identifica-se claramente com o PS e então a situação é ainda mais grave do que a anterior. Passo a explicar - foi precisamente a governação do PS que ao longo destes últimos 20 anos colocou o nosso país na situação económica e financeira em que este se encontra. Situação esta que evidentemente coloca o nosso país à mercê dos especuladores internacionais. Situação esta que vai originar com toda a certeza a perda de todas as conquistas do povo português, conseguidas depois do 25 de Abril 1974.

    Se o candidato se identifica com o PS, se é esta a sua família politica, então só posso concluir que não é com toda a certeza um verdadeiro candidato de esquerda. Se a sua família politica não soube ou não quis defender os verdadeiros interesses do povo português, e o candidato se identifica com ela, então está tudo dito. Uma vez que o candidato se identifica com o PS, então identifica-se com o modelo corporativista (injusto e desigual) que está neste momento está instalado na nossa sociedade.

    Se este candidato for eleito, terá ele a coragem para exigir ao seu próprio partido as mudanças necessárias para salvar a nossa independência e garantir o necessário bem estar ao nosso povo? O que fará ele para aliviar o sofrimento que o povo português irá passar dentro em breve? Vai recitar a sua poesia aos serões, na tentativa de encher a barriga vazia dos nossos filhos? Vai discursar sobre a necessidade de todos fazerem mais sacrifícios? Sabendo nós que “todos” se traduz em serem sempre os mesmos (os mais desfavorecidos).

Para concluir faço um apelo, por favor não chamem a Manuel Alegre um candidato de esquerda. È sim um candidato, que se identifica e pertence a um partido (PS) que se diz de esquerda. Apenas isso.


(*)Manuel Monteiro
(militante do B.E.)

ACÇÃO e REVOLTA, PRECISAM-SE !!!!

2º DIA DE GREVE GERAL NA GRÉCIA!!!

A adesão está a paralisar aquele país ... o protesto contra as medidas de austeridade e as receitas de sempre dos mandantes neo-liberais deveria merecer a SOLIDARIEDADE de todos os trabalhadores europeus.

É inadmissível que as ajudas sejam sempre céleres para o sector financeiro e sempre lentas ou nenhumas para a preservação do emprego, para o apoio social ...

Cada conferência de imprensa dos governos, cada declaração de qualquer membro da comissão europeia é um mero exercício de cinismo e de hipocrisia!

A resposta está e tem de partir do lado dos que passam a vida a levar pancada em cada dia desta crise que não provocámos!

ACÇÃO e REVOLTA, PRECISAM-SE!

TEREMOS CAPACIDADE PARA SERMOS GOVERNO CONTRA ESTA CRISE!

O DISCURSO CONDICIONADO E O DISCURSO POPULISTA: Manuel Alegre e Fernando Nobre.


A declaração formal de candidatura presidencial de Manuel Alegre não alterou o que me leva a não o apoiar, desta vez!

Manuel Alegre limitou-se a cumprir uma espécie de "requisitos mínimos" para que a sua apresentação pudesse ser considerada de esquerda, mas mantendo sempre um piscar de olho ao que o parece estar a condicionar desta vez: conseguir o apoio da direcção do PS.

O seu discurso de ontem foi politica e ideológicamente mais fraco e mais frouxo que o que pronunciou no lançamento da sua primeira candidatura. Nessa altura, Manuel Alegre era um candidato independente claramente apostado na conquista, antes de mais, do apoio do povo de esquerda. Ontem, Manuel Alegre, apesar do formal "suprapartidarismo" a que apela, esteve muito condicionado para não ferir as susceptibilidades da direcção do partido a que pertence.
Um candidato presidencial pode pertencer a um partido e pode ter uma posição de clara independência face a esse partido e aos partidos em geral. Pode inclusivamente ter uma postura independente e receber, aceitando, o apoio dos partidos que o quiserem apoiar. Os partidos são uma realidade. Os partidos são constituidos por pessoas que votam. Os partidos representam posições políticas que os definem.

É isto que parece não perceber o Dr. Fernando Nobre. O discurso da "iniciativa cidadã" em Fernando Nobre, soa, cada vez mais, a populismo do mais primário. Porque aponta sistemáticamente o dedo a Manuel Alegre (e provavelmente a outros que venham a surgir!) por já ter o apoio de um partido, o BE, e estar agora a piscar o olho a outro. O que o Dr. Nobre faz é apelar a um sentimento populista existente na sociedade portuguesa que aponta tudo o que de mau existe ao comportamento dos partidos. Como se os partidos fossem todos iguais, e, todos, por igual, tivessem a mesma responsabilidade na governação deste País.

A iniciativa cidadã é benvinda e é urgente que ganhe protagonismo para que a nossa democracia saia mais fortalecida e qualificada. Mas essa iniciativa cidadã também tem de passar pelo interior dos partidos, nomeadamente com o aprofundamento de todas as condições de liberdade e de democracia internas. Isto, parece que o Dr. Fernando Nobre não entende ou então anda muito mal aconselhado.

O Dr. Fernando Nobre também já tem apoio de um partido e o apoio de um movimento que, não sendo formalmente partido, até tem tiques de partido e dos mais tradicionais. Só que nunca fala disso ...

Fica muito mal a um candidato a Presidente da República que a primeira critica que faz a outro candidato, tenha a ver com a questão dos apoios partidários. Não há uma critica politica, não há uma diferenciação quanto ao projecto. E pior fica, quando insinua (e, às vezes, até o afirma!) que ele, Fernando Nobre, por estado em trabalho humanitário, fora do País, tem o "direito" de acusar tudo e todos sobre a governação ao longo dos últimos 30 anos ... não fica mesmo nada bem, nem sequer é pedagógico, se quisermos ficar só por aqui!

João Pedro Freire

sábado, maio 01, 2010

1º DE MAIO : TODOS AS RAZÕES PARA NÃO BAIXARMOS OS BRAÇOS, PARA LUTARMOS!

Dá conta a edição de hoje do Público que a crise está a provocar um retorno dos trabalhadores aos sindicatos! No meio de todas as desgraças sociais impostas por uma crise financeira capitalista, esta é uma boa notícia: quer dizer que os trabalhadores redescobrem as vantagens da sua força colectiva, devidamente organizada, para lutarem pelos seus direitos, para lutarem por melhores condições de vida e de respeito!

Os jogos mais ou menos obscuros que faziam dourar o capitalismo financeiro internacional, estão agora, aí, às escancaras, mostrando que não correspondiam a nenhuma criação de riqueza, e, muito menos, asseguravam qualquer realidade de melhores condições de vida. Afinal era tudo virtual, tudo falso, tudo uma grande especulação!

Dizem-nos que "não há dinheiro", querem-nos fazer crer que há uma "guerra" entre países rícos da União Europeia contra os países pobres, os do Sul ... O que há, de facto, é a falência de um modelo económico, a dita "economia de mercado" e, a norte e a sul, os afectados por essa falência são sempre os mesmos, os trabalhadores e os jovens, com emprego, sem emprego, dos sectores público e privado, precários, ...

Dizem-nos também que "é preciso dar mais supervisão e regulação à economia" ... pois, muito bem, então que abram essa supervisão e essa regulação aos trabalhadores. Certamente que quem atirou a economia para o charco, não estará agora em condições de supervisionar ou regular o desastre que provocaram!

O século XXI ainda está no ínicio. Mas neste ínicio de século, é impressionante como, cada ano que passa, atira a realidade das condições de vida e de trabalho dos trabalhadores, para um cenário cada vez mais parecido com o que existia em 1886, quando, pela primeira vez, os trabalhadores norte-americanos saíram às ruas para exigirem jornadas de trabalho de 8 horas diárias. Pegando nessa reinvidicação, será que ela não está mais actual que nunca?

Os trabalhadores e os jovens de Portugal, de Itália, da Grécia e de Espanha, os que são mais atingidos pela crise económica e financeira internacional deveriam coordenar as suas acções contra as políticas que a União Europeia neo-liberal e o FMI querem impor !

Já que chamam "PIGS" a esses países, então os trabalhadores e os jovens que organizem uma "PIGS REVOLT" (revolta dos porcos) verdadeiramente exemplar e com capacidade de mudança social e política!

A ECONOMIA NACIONAL ...

(enviado por Grazia Tanta)
Imagens que dizem mais que mil e um discursos ...