tribuna socialista

sábado, março 10, 2007

O ESTADO-POLÍCIA ...

Na edição de hoje do Público , Vasco Pulido Valente denuncia a criação de um Estado-Polícia em Portugal.

Baseia-se para o afirmar na pretenção do Governo Sócrates em criar uma estrutura de coordenação das diversas polícias que funcionará na dependencia directa do primeiro-ministro.

Vasco Pulido Valente tem razão na denúncia que faz. Só que Pulido Valente não consegue ver o porquê para o aparecimento destes "novos" Estados-Polícias. Porque Pulido Valente é, também ele, um apoiante das modernas democracias liberais. Movimenta-se nas fronteiras definidas por elas, mesmo que pareça que é critíco. Não é critico! É, isso sim, um marginal sempre tendo por referência o quadro das democracias liberais. Daí que no seu artigo considere que "Claro que vivemos num mundo perigoso e é preciso coordenar as polícias." ...

As democracias liberais, como os EUA ou as europeias, copiam-se umas às outras na criação de mecanismos policiais de controlo estatal e até empresarial. Para o fazerem recorrem a estratégias de tensão para paralisar as chamadas opiniões públicas, edificando medos (colectivos e individuais, ambos paralisantes) a partir do terrorismo (nos planos estatal e internacional) e da ciminalidade (no plano das sociedades locais, regionais ou nacionais). O resultado é sempre a diminuição das liberdades e dos direitos sociais e o uso e abuso das chamadas democracias de representação.

Pulido Valente certamente que não criticaria o Estado-Polícia se qualquer super-polícia fosse controlada pelo Parlamento. Só que as actuais tendências totalitarizantes das democracias liberais acentam no uso e abuso do representativismo, como forma de evitarem a participação directa das pessoas nos diversos níveis da sociedade. Os Parlamentos liberais são hoje instituições à margem da sociedade e das pessoas, são "rolhas" que impedem a expressão directa das vontades. Daí que uma super-polícia controlada pelo Parlamento potenciaria os mesmos problemas que uma super-polícia controlada directamente pelo primeiro-ministro.

O liberalismo dos nossos dias é, como já temos dito, uma nova forma de totalitarismo. A economia assente nas empresas, com a sociedade moldada à imagem de uma empresa é a expressão nacional de um sistema que, no plano internacional, desenvolve também formas de controlo policial a partir do aparelho militar, tornando as liberdades autenticas formalidades para encobrirem essa nova forma de totalitarismo.

Vasco Pulido Valente é claro que não chega a este tipo de conclusões ... deixaria de ser um marginal aceite pelo liberalismo para passar a ser um crítico e aí, certamente que perderia o lugar de colunista do Público ...

João Pedro Freire
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