tribuna socialista

sábado, maio 07, 2005

LOUÇÃ EM COMPETIÇÃO COM SÓCRATES??

(retirado do Público de 07 de Maio de 2005)


Está a realizar-se a IV Convenção Nacional do Bloco de Esquerda. O Público ironiza, a propósito das possíveis alterações estatutárias, com o aparecimento de um BE de fato & gravata ou como o Expresso, também ironiza, com um BE convencional.

Já o dissemos. Uma Convenção Nacional do Bloco é um acontecimento que interessa às esquerdas e aos seus militantes e simpatizantes. Ainda mais quando se trata de uma Convenção que se realiza depois do BE ter aumentado significativamente a sua votação nacional e a sua representação parlamentar.

A maioria dos delegados - parece! - irão ractificar um Bloco adaptado à "agenda parlamentar", menos sensivel às lutas sociais e mais igual, estatutáriamente falando, aos restantes partidos parlamentares (à esquerda e à direita) no que diz respeito à introdução de uma disciplina partidária mais severa, com recurso a explusões (para já, ao que parece, apresentadas como "exclusão" (!)) e outras medidas punitivas.

Na Convenção do Bloco - já vão na quarta! - estarão em confronto, genéricamente falando, três posições distintas: a da direcção (i.e.da troika PSR, UDP e Politica XXI. Pode-se por um "ex" atrás de cada uma das siglas, embora, na prática continuem a existir, até, quanto mais não seja, para prevenir a ascensão de intrusos ...), outra chamada "Por uma Plataforma de democracia socialista" (apresentada por militantes que priveligiam o debate ideológico e das ideias, à esquerda, agrupando pessoas provenientes de percursos diferentes que convergiram na única proposta à esquerda e alternativa à direcção do BE), e, outra, sem proposta global concreta mas altamente contestária e algo sectária (no que diz respeito à visão que tem sobre a acção unitária das esquerdas), agrupada à volta da FER/Ruptura, da qual o militante mais conhecido é Gil Garcia (o qual curiosamente tem secretariado o grupo parlamentar do Bloco em algumas matérias especificas).

De acordo com os relatos da imprensa (mesmo dando o devido desconto à especulação jornalistica!) parece que as alterações nos novos orgãos dirigentes do Bloco, manterão intacta a conhecida troika PSR/UDP/PXXI, ou seja, Louçã (PSR) será o novo coordenador da comissão política, Miguel Portas (PXXI) o responsável pelo departamento internacional, e, Luis Fazenda, o líder do grupo parlamentar. O resto, espelhará esta divisão. Daí que as correntes minoritárias protestem contra esta situação!

É claro que o BE teria de avançar com alterações que dessem mais estabilidade e até objectividade à sua organização e à sua acção. As alterações quantitativas na sua base eleitoral a isso obrigam.

É legitimo também que o BE ambicione a posicionar-se como partido-alternativa e não só de contra-poder. Algumas correntes esquerdistas e mais sectárias que estão no BE não conseguem perceber isto: que um partido possa ser simultaneamente alternativo (i.e. anti-capitalista, democrático e socialista) em termos de governo e continue bem presente nas lutas sociais, nos movimentos sociais, não cedendo ás exigências dos negócios políticos e da chamada "agenda parlamentar" . Mas o que não pode acontecer e parece que está a acontecer por parte da maioria controlada pela referida "troika" é a cedência à "agenda parlamentar" colocando em segundo plano as lutas sociais e a implantação no movimento dos trabalhadores e sindical (que o BE continua a não ter!), para o que a introdução de medidas punitivas e disciplinares acaba por ser uma garantia contra incómodos internos que venham a surgir num futuro próximo ou de médio prazo ...

Tudo aponta para que venhamos a assitir a uma concorrência política entre Louçã e Sócrates ... a disputarem a mesma área política! Posted by Hello

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