A comissão presidida por Vitor Constâncio que anunciou os 6,38% de deficite, acabou por revelar um conjunto de dados que condenam as políticas do chamado "centrão", as políticas dos partidos do chamado "arco governamental" (expressão tão do agrado dos partidos de direita), as políticas daqueles que não se conseguem libertar da chamada "economia de mercado".
A comissão Constâncio, nomeada pelo governo da direcção Sócrates do PS, fez contas e apresentou resultados. Não apresentou medidas concretas. E ainda bem, porque as medidas teriam sido iguais às preconizadas por Manuela Ferreira Leite ou por Bagão Felix ou por Pina Moura ou por Campos e Cunha. O tal "centrão", o tal "arco" dos que não se conseguem livrar da dita "economia de mercado".
A comissão Constâncio é para o governo de Sócrates uma espécie de solução à Pilatos!
Sócrates encenou uma resposta que já conhecia de antemão. Mas agora pode ressuscitar medidas "iguais/semelhantes/que fazem lembrar" as impulsionadas por um qualquer governo liberal e de direita: cortes na chamada "despesa pública" (do tipo cortes na saúde, na segurança social, no investimento público, subida das idades de reforma, ...), pedido de mais sacríficios a "todos os portugueses", aumento do IVA, aumento dos impostos (directos e indirectos) ...
Para isto, Sócrates faz de Pilatos ...
Mais uma vez, uma direcção do PS tenta fazer crer que só há uma forma, uma solução para se resolver uma crise que é o falhanço de anos e anos de políticas liberais de diversas matizes. Não adimira, que estejam tão empenhados no "sim" à chamada Constituição europeia, qual cartilha para impor o liberalismo por anos e anos no espaço europeu...
Por saber, continua a vontade, a opinião e a experiência dos trabalhadores em cada sector de actividade. Trabalhadores que demonstram toneladas de sabedoria quando enfrentam as deslocalizações ...
Mas não ... mais uma vez, um governo da direcção do PS procura nos técnicos, nos economistas de gabinete, uma "solução" que nunca souberam encontrar ...
1 comentário:
A explicação disto tudo é muito simples.
Quem manda em Portugal não é o governo português é a Comissão Europeia.
Não duvido de que o Sócrates quando, antes das eleições, dizia que não iría subir os impostos, falava a sério, mas agora no governo teve de se confrontar com a odiada Comissão Europeia que lhe deve ter posto a situação, ou Sócrates faz o que eles querem ou então eles estrangulam a economia portuguesa (têm todos os instrumentos para o fazer).
Sócrates só tinha duas soluções, ou denunciar a situação publicamente e provocaria um terramoto na Europa ou acobardar-se e obedecer.
Acobardou-se e obedeceu.
Portugal está a seguir um caminho semelhante ao da Argentina quando ligou a sua moeda ao dólar.
A Argentina levou dez anos a estoirar. Mas quando estoirou tinha rede, ainda tinha a sua moeda.
Portugal estoirará, no máximo, aí por 2009. Só que quando o estoiro ocorrer, Portugal não tem rede, não tem moeda.
A minha previsão é de que a Comissão e o Conselho de Ministros da UE nomearam uma comissão com um nome tipo "Comissão para a Estabilidade e o Desenvolvimento da Economia Portuguesa" que se instalará no Terreiro do Paço e terá por função velar para que os orçamentos restritivos que a Comissão nos impuser sejam rigorosamente cumpridos.
E, nessa altura, todos aqueles que, de perto ou de longe, olham para a União Europeia com bons olhos e até apoiam a continuação de Portugal neste clube de malfeitores terão de ficar fechados em casa pois se sairem serão apedrejados pelas multidões de esfomeados desempregados que encherão as ruas...
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